Rússia vê envio de armas como sinal para Ucrânia deixar negociações de paz

Kremlin afirma que fornecimento ocidental de armamentos desestimula diálogo de paz e endurece posição russa diante de novas ameaças de sanções dos EUA

18 jul, 2025
Presidente russo Vladimir Putin | Reprodução/MIKHAIL METZEL/Getty Images Embed
Presidente russo Vladimir Putin | Reprodução/MIKHAIL METZEL/Getty Images Embed

O governo russo afirmou nesta última quinta-feira (18) que o contínuo envio de armamentos ocidentais à Ucrânia representa um “sinal direto” para que Kiev abandone qualquer tentativa de negociação com Moscou. A declaração ocorre em meio à aprovação de novos pacotes de ajuda militar dos Estados Unidos e da União Europeia ao governo de Volodymyr Zelensky.

Kremlin diz que pressão afasta diplomacia

Segundo o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, os recentes anúncios de envio de armamento pesado à Ucrânia não apenas aumentam a tensão no campo de batalha, como demonstram que o Ocidente “não está interessado em uma solução pacífica” para o conflito. “Trata-se de um sinal claro de que a Ucrânia deve continuar no caminho militar, ignorando qualquer perspectiva de diálogo”, declarou o porta-voz.


Porta Voz de Kremilin, Dmitry Peskov (Foto: Reprodução/ALEXANDER ZEMLIANICHENKO/Getty Images Embed)

O posicionamento russo veio na esteira da liberação de um novo pacote de US$ 2,3 bilhões em ajuda militar dos Estados Unidos à Ucrânia, anunciado nesta semana. A ajuda inclui munições de artilharia, sistemas de defesa aérea e armamentos de médio e longo alcance. A União Europeia também confirmou a liberação de recursos do Fundo Europeu de Paz para reabastecer estoques militares enviados a Kiev.

Moscou tem reiterado que, sob tais condições, não vê “clima político favorável” para reiniciar negociações diretas com Kiev. O último encontro formal entre representantes russos e ucranianos ocorreu em Istambul, em 2022, e foi encerrado sem acordo.

Ameaça de sanções gera resposta dura

Além da questão militar, o Kremlin respondeu com firmeza à nova ameaça de sanções dos Estados Unidos. Segundo Peskov, qualquer tentativa de “chantagem econômica” não surtirá efeito sobre a postura russa no conflito. “Sanções adicionais não vão mudar nosso curso. Estamos preparados para enfrentar essas pressões com nossa própria soberania e resiliência econômica”, disse.

Washington indicou que novas sanções poderão ser implementadas caso a Rússia intensifique os ataques contra civis ou bloqueie rotas de exportação de grãos pelo Mar Negro. Em resposta, o Ministério das Relações Exteriores da Rússia acusou os Estados Unidos de promover uma “guerra indireta” por meio de medidas econômicas e apoio bélico à Ucrânia.

Apesar do endurecimento do discurso, analistas ouvidos pela BBC e pela Al Jazeera afirmam que ambos os lados mantêm canais diplomáticos discretos ativos, principalmente através de países intermediários como a Turquia e a China, embora os avanços sejam mínimos.

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