Porta-voz de Trump cogita sanções ao Brasil após julgamento de Bolsonaro

Casa Branca sugere até ação militar em defesa de Bolsonaro, e Itamaraty reage dizendo que soberania e democracia brasileiras não se negociam

10 set, 2025
Donald Trump e Karoline Leavitt | Reprodução/Instagram/@karolineleavitt
Donald Trump e Karoline Leavitt | Reprodução/Instagram/@karolineleavitt

A declaração da porta-voz da Casa Branca, Karoline Leavitt, movimentou a cena política nesta terça-feira (9). De acordo com Leavitt, a gestão de Donald Trump estaria “preparada para recorrer a sanções econômicas ou até a medidas militares” em nome da defesa da liberdade de expressão, mencionando diretamente a situação do ex-presidente Jair Bolsonaro, que responde a julgamento no Supremo Tribunal Federal (STF). A fala foi dada em resposta a um questionamento do jornalista Michael Shellenberger, do site Public News.

Leavitt destacou que Trump “trata a liberdade de expressão como prioridade” e que não descarta agir caso considere esse direito em risco. Ao ser questionada sobre possíveis novas medidas contra o Brasil, a porta-voz afirmou que, por enquanto, não há ações em curso, mas deixou em aberto a possibilidade de decisões futuras. Pouco depois, a própria embaixada americana compartilhou o trecho da coletiva em suas redes sociais.

Reação brasileira

A reação do governo brasileiro veio logo em seguida. Em nota oficial, o Itamaraty repudiou o uso de sanções e qualquer ameaça de força contra a democracia nacional. O comunicado ressaltou que a defesa da liberdade de expressão deve caminhar junto com o respeito à soberania e às urnas. “Os três Poderes da República não se intimidarão diante de qualquer forma de atentado à nossa soberania”, destacou o texto.


 Porta-voz da Casa Branca fala sobre julgamento de Bolsonaro (Vídeo: reprodução/YouTube/CNN Brasil)

O julgamento no STF

A polêmica acontece em meio ao julgamento de Jair Bolsonaro e de outros sete aliados próximos, apontados como integrantes do núcleo central da tentativa de golpe de Estado em 2023. O relator do caso, ministro Alexandre de Moraes, já votou pela condenação dos réus, afirmando que o grupo atuou de forma organizada para tentar manter o ex-presidente no poder.

Entre os acusados estão ex-ministros, militares de alta patente e assessores diretos de Bolsonaro, como Mauro Cid e Braga Netto. As acusações envolvem crimes como tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, tentativa de golpe, organização criminosa e dano ao patrimônio público. Somadas, as penas podem ultrapassar 40 anos de prisão. O desfecho do julgamento ainda depende dos votos dos demais ministros da Primeira Turma do STF.

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