ONU e União Europeia pressionam Israel em meio à fome e crise humanitária em Gaza

Organismos internacionais cobram Israel por ajuda humanitária em Gaza, onde a fome mata civis; jornalistas da AFP pedem evacuação por falta de alimentos

23 jul, 2025
Alimentos distribuídos em Gaza | Reprodução/Getty Imagens Embed/Anadolu
Alimentos distribuídos em Gaza | Reprodução/Getty Imagens Embed/Anadolu

As Nações Unidas e a União Europeia reforçaram o apelo para que Israel facilite a entrada de alimentos e ajuda humanitária na Faixa de Gaza, diante de relatos de mortes por desnutrição. Segundo informações do Hamas, que administra o território, cerca de 20 pessoas morreram de fome nas últimas 48 horas.

O governo israelense nega que a população esteja sofrendo com escassez de alimentos e acusa o Hamas de desviar parte da ajuda destinada aos civis.

Jornalistas em situação crítica

A agência de notícias France Presse (AFP) relatou que seus jornalistas em Gaza enfrentam dificuldades extremas para cobrir o conflito devido à falta de comida e água. Em comunicado divulgado nesta terça-feira (22), a AFP pediu a Israel que autorize a evacuação de seus profissionais e familiares.

“Estamos sem forças devido à fome”, afirmou um dos colaboradores.


Cerca de 1.054 pessoas foram mortas pelo exército de Israel (Vídeo: reprodução/Youtube/@CNNBrasil)

Crise alimentar e aumento de preços

Com a guerra, muitas famílias perderam suas fontes de renda, e os preços dos alimentos básicos dispararam. A farinha, item essencial para a sobrevivência, aumentou cerca de 3 mil vezes, tornando-se inacessível para grande parte da população.

A AFP reforça que a situação de fome em Gaza é crítica, marcada por bloqueios na entrada de mantimentos e pelo colapso do mercado local. “O cenário é o mais grave que já presenciei”, declarou Carl Skow, diretor-executivo adjunto de operações do Programa Mundial de Alimentos (PMA), após visitar o território no início deste mês.

Somente nas últimas 24 horas, 19 palestinos — incluindo crianças — morreram de desnutrição, segundo o Ministério da Saúde de Gaza. Entre as vítimas está Yehia, um bebê de três meses, que faleceu no Hospital Nasser, em Khan Younis. Desde o início do conflito, o número de mortos na Faixa de Gaza ultrapassa 59 mil pessoas, com cerca de 142 mil feridos.


Distribuição de alimentos para os Palestinos em Gaza (Foto: reprodução/Getty Imagens Embed/Anadolu)

Tiroteio durante entrega de ajuda

No domingo (20), uma multidão aguardava caminhões da ONU com suprimentos no norte de Gaza. Um dos veículos foi interceptado por moradores, que levaram sacos de farinha.

Testemunhas relataram que civis levantaram as mãos quando soldados israelenses começaram a atirar, mas os disparos continuaram, segundo a correspondente da BBC em Jerusalém, Yolande Knell. O PMA informou que houve ação de franco-atiradores e disparos de tanques, resultando na morte de ao menos 67 pessoas.

O exército israelense nega essa versão e afirma que suas tropas reagiram a uma “ameaça imediata”, efetuando tiros de advertência. A corporação divulgou imagens mostrando soldados de pé enquanto uma multidão cercava um caminhão de ajuda já vazio.

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