Senador colombiano Miguel Uribe é baleado durante evento de campanha em Bogotá
O presidente da Colômbia ordenou o inicio das investigações após o atentado e outras autoridades internacionais se manifestaram

O senador e pré-candidato à presidência da Colômbia, Miguel Uribe Turbay, foi alvo de um atentado a tiros na tarde do último sábado (7), durante um ato de campanha no bairro Fontibón, em Bogotá. Segundo informações divulgadas pelo partido Centro Democrático, ao qual Uribe é filiado, homens armados se aproximaram pelas costas e efetuaram os disparos enquanto o político discursava em um parque da região. Uribe foi atingido por dois tiros e socorrido por apoiadores, sendo levado em estado crítico ao hospital Fundação Santa Fé, onde passou por procedimentos cirúrgicos de emergência.
O hospital confirmou, por meio de nota, que o senador deu entrada com ferimentos graves e passou por intervenções neurocirúrgicas e vasculares. Ainda não há informações detalhadas sobre seu estado de saúde após a cirurgia, mas a esposa de Uribe, María Claudia Tarazona, afirmou nas redes sociais que ele “luta pela vida”. A Procuradoria-Geral da Colômbia informou que duas outras pessoas também ficaram feridas no ataque. Um adolescente de 15 anos foi apreendido no local com uma arma de fogo e é apontado como suspeito de envolvimento no crime.
Diante da gravidade do caso, o presidente colombiano Gustavo Petro ordenou a abertura imediata de investigações. O governo condenou o atentado com veemência, classificando-o como uma ameaça direta à democracia e ao exercício legítimo da política no país. Autoridades internacionais também se manifestaram: o governo brasileiro repudiou o ataque, enquanto o secretário de Estado dos Estados Unidos, Marco Rubio, condenou o atentado “nos termos mais fortes possíveis”.
Atentado reacende memória de violência política no país
O atentado contra Miguel Uribe remete a uma longa e trágica história de violência política na Colômbia. Nos últimos 50 anos, o país registrou o assassinato de ao menos três candidatos presidenciais: Luis Carlos Galán, morto em 1989 por integrantes do narcotráfico; Bernardo Jaramillo Ossa, em 1990; e Carlos Pizarro Leongómez, também em 1990, ambas vítimas de grupos armados. O ex-presidente Álvaro Uribe, líder do Centro Democrático, partido de Miguel, também foi alvo de tentativas de assassinato no passado. O novo ataque reacende preocupações sobre a segurança de figuras públicas e sobre o clima de instabilidade no processo eleitoral colombiano.
Investigadores examinam o local do atentado ao senador Miguel Uribe (Foto: reprodução/Anadolu/Getty Imagem Embed)
Miguel Uribe, de 39 anos, foi o senador mais votado nas eleições legislativas de 2022. Com uma trajetória marcada por tragédias familiares, é filho de Diana Turbay, jornalista assassinada em 1991 após ser sequestrada por narcotraficantes ligados a Pablo Escobar — episódio retratado na obra Notícias de um Sequestro, de Gabriel García Márquez. Além disso, é neto do ex-presidente colombiano Julio César Turbay Ayala (1978–1982). Apesar do sobrenome, não possui parentesco com Álvaro Uribe. Com posições firmes à direita, Miguel desponta como uma das principais figuras da oposição ao atual governo, o que intensifica a tensão política em torno do ataque.
Repercussão internacional e investigações em andamento
O atentado causou forte repercussão dentro e fora da Colômbia. Além da nota de condenação do governo brasileiro e das declarações de líderes políticos colombianos, o partido Centro Democrático descreveu o ataque como “um ato de violência inaceitável” contra um representante eleito. A Procuradoria-Geral prossegue com a investigação e trabalha para identificar possíveis cúmplices do ataque, além de esclarecer se o crime teve motivação política.
Polícias no local do atentado (Foto: reprodução/Raul Arboleda/Getty Imagem Embed)
Enquanto isso, a segurança de outros candidatos e autoridades foi reforçada. A população colombiana, que se prepara para novas eleições presidenciais, vê com apreensão o retorno da violência política a um país que, apesar dos avanços institucionais, ainda convive com fortes resquícios de conflito armado, polarização e ameaças à liberdade democrática.