Lula se reúne com ministros do STF após sanções de Trump contra Moraes
O alvo das sanções, Alexandre de Moraes, não compareceu ao encontro mas foi visto com sua esposa no jogo do Corinthians, em São Paulo

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva se reuniu nesta quarta-feira , 30 de julho, no Palácio do Planalto com ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), para debater as recentes sanções impostas pelos Estados Unidos ao ministro Alexandre de Moraes. Entre os presentes estavam o presidente do STF, Luís Roberto Barroso, além dos ministros Gilmar Mendes e Cristiano Zanin. Também participaram Ricardo Lewandowski, atual ministro da Justiça, e Jorge Messias, advogado-geral da União.
Apesar da sanção ter como alvo Moraes, o magistrado não participou do encontro, em vez disso, compareceu à Neo Química Arena, em São Paulo, para assistir a um jogo do Corinthians. Logo após a reunião, o Palácio do Planalto divulgou nota em que Lula classificou a medida dos EUA como uma interferência “inaceitável” e reafirmou que o Brasil é um país soberano e democrático.
Defesa da soberania brasileira
Durante o encontro, foi destacada a independência do Poder Judiciário como um dos pilares da democracia brasileira. O presidente afirmou que qualquer tentativa de enfraquecer o Judiciário representa uma ameaça ao regime democrático: “Justiça não se negocia”, declarou. A nota oficial também enfatizou que o Brasil não aceitará suposta intromissão externa nas decisões internas da corte.
Sem soberania, o Brasil não existiria.
Foi ela que nos trouxe liberdade e independência. E é ela que aparece em primeiro lugar em nossa Constituição, entre os demais princípios fundamentais.
Soberania é a autoridade que um povo tem sobre seu próprio destino. É a capacidade de… pic.twitter.com/S75Hkf9bVc
— Lula (@LulaOficial) July 31, 2025
Presidente Lula se pronuncia sobre os EUA (Foto:Reprodução/X/@lulaoficial)
Em apoio a Moraes, o STF emitiu declaração reafirmando que continuará cumprindo a Constituição e respeitando o devido processo legal. Declarações de solidariedade ao ministro foram emitidas por colegas da corte, que ressaltaram a legitimidade de suas decisões, inclusive no julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro, cuja expectativa é de definição ainda em 2025.
Possíveis respostas judiciais e tensão diplomática
O governo brasileiro avalia recorrer ao Judiciário dos EUA por meio de representação jurídica a favor de Moraes. A Advocacia-Geral da União (AGU) e o Itamaraty estudam contratar escritório americano para questionar a legalidade da sanção com base na Lei Magnitsky, argumentando que ela fere a independência jurisdicional brasileira.
A nova sanção do governo Trump ao ministro Alexandre de Moraes é um ato violento e arrogante. Mais um capítulo da traição da família Bolsonaro ao país. Nenhuma Nação pode se intrometer no Poder Judiciário de outra. Solidariedade ao ministro e ao STF. Repúdio total do governo Lula…
— Gleisi Hoffmann (@gleisi) July 30, 2025
Ministra Gleisi Hoffman em apoio a Moraes (Reprodução/X/@gleisi)
Essa atuação reforça a tensão diplomática entre os países, intensificada após anúncio de taxa de até 50% sobre produtos brasileiros pelo governo Trump. A sanção preocupa também por estar associada a restrições de vistos e bloqueio de bens nos EUA, afetando o ministro e familiares próximos.
O dia posterior às medidas ficou marcado por articulações entre os poderes Executivo, Judiciário e Legislativo para definir estratégias de resposta. Parlamentares de diferentes partidos reafirmaram apoio ao STF e destacaram que o país não pode admitir sanções de potências estrangeiras direcionadas a magistrados nacionais.