Defesa questiona credibilidade de Mauro Cid em julgamento do núcleo 1 do golpe

STF julga Bolsonaro e aliados por trama golpista na terça-feira (9); delação de Mauro Cid foi peça-chave para denúncia da PGR contra 34 acusados

03 set, 2025
Celso Vilardi advogado de Bolsonaro | Reprodução/ EVARISTO SA/Getty Imagens Embed
Celso Vilardi advogado de Bolsonaro | Reprodução/ EVARISTO SA/Getty Imagens Embed

Nesta quarta-feira (03,) a defesa do ex-presidente Jair Messias Bolsonaro (PL), afirmou, durante o segundo dia do julgamento, que Mauro Cid, ex-ajudante de ordens, não é uma pessoa confiável.

Em supostas mensagens enviadas por Cid pelo Instagram, o advogado de defesa de Jair Bolsonaro afirma que o tenente-coronel se encontra desmoralizado por ter sido ser pego mentindo. Ele também diz que, durante as perguntas feitas a Cid, este mencionou um perfil de Instagram, aparentemente falso, de nome “Gabriela R”, cuja senha e perfil estavam logados no celular de Mauro Cid, já apreendido anteriormente, o que tornaria indiscutível a prova de que ele utilizou o aparelho. O advogado afirmou ainda não saber se haverá investigação para responsabilizar alguém, mas destacou que o episódio mostra que Cid não é confiável.

O advogado Celso Vilardi afirmou que, apesar de parte da imprensa sustentar que as provas da Polícia Federal independem do colaborador, Mauro Cid já não possui credibilidade, pois foi desmoralizado após ser flagrado diversas vezes em contradições. Segundo ele, ao mentir novamente, Cid teria rompido formalmente o acordo de colaboração e colocado em dúvida sua própria voluntariedade.


Defesa de Bolsonaro diz que Mauro Cid não é confiável (Vídeo: reprodução/YouTube/@CNNBrasil)

O ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, Mauro Cid, se tornou uma peça-chave para a abertura do processo contra Bolsonaro e aliados. Ele firmou acordo de delação premiada com a Polícia Federal em 2023 e, em seus depoimentos, mencionou temas como um suposto plano de golpe, venda de joias sauditas, fraudes de cartões de vacinação e o chamado “gabinete do ódio”. A colaboração foi homologada pelo STF e fundamentou a denúncia da Procuradoria-Geral da República contra Bolsonaro e outras 33 pessoas, acusados de participar do 8 de janeiro, uma trama para impedir a posse do atual presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Por decisão do ministro Alexandre de Moraes, o sigilo da delação premiada de Cid caiu em fevereiro deste ano. Após a derrubada, 14 outros depoimentos do tenente-coronel vieram a público.

Segundo dia do julgamento

No segundo dia do julgamento, realizado nesta quarta-feira (03), foram apresentadas as defesas dos réus. A primeira fala foi dada a Matheus Milanez, advogado de Augusto Heleno. Em seguida, os advogados do ex-presidente realizaram sua defesa.

Na próxima terça-feira (9) será o dia em que os ministros votarão entre condenar ou absolver os oito réus do chamado núcleo um, assim que finalizada as sustentações orais de defesas.


 

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 Advogado diz que não há provas que atrelem Bolsonaro a plano golpe (Vídeo: reprodução/Instagram/@CNNpolítica)

Réus do núcleo 1

Além do ex-presidente Jair Bolsonaro, o núcleo considerado crucial do plano de golpe reúne outros sete réus. Entre eles estão o deputado federal Alexandre Ramagem, ex-diretor da Agência Brasileira de Inteligência (Abin); o almirante de esquadra Almir Garnier, que comandou a Marinha durante o governo Bolsonaro; Anderson Torres, ex-ministro da Justiça; Augusto Heleno, que chefiou o Gabinete de Segurança Institucional (GSI); Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro; o general Paulo Sérgio Nogueira, ex-ministro da Defesa; e Walter Souza Braga Netto, que também ocupou os ministérios da Defesa e da Casa Civil, além de ter sido candidato a vice-presidente na chapa de Bolsonaro em 2022.

 

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