Haddad anuncia negociação com os Estados Unidos sobre tarifaço
Ministro da Fazenda disse a jornalistas que Geraldo Alckmin está em negociação com secretários norte-americanos para resolver questões sobre tarifas de Trump

Na última quarta-feira (23), Fernando Haddad, anunciou a jornalistas que estavam na porta do ministério da Fazenda, que o governo brasileiro tem mantido contato com secretários de estado do Governo Trump para negociação do tarifaço. Segundo o ministro, o vice-presidente, Geraldo Alckmin é um dos principais interlocutores do Brasil.
O país foi acometido pela taxação de 50% dos seus produtos, medida imposta pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que faz parte do chamado tarifaço. Para outros países, Trump justificou as medidas tarifárias como busca por equidade econômica. Contudo, em relação ao Brasil, o republicano foi enfático ao alegar que a tarifa possui ligação com o tratamento do Judiciário Brasileiro dispensado ao ex-presidente, Jair Bolsonaro.
Tentativas reiteradas
Segundo o ministro, existe uma interlocução entre os ministérios da Fazenda, das Relações Internacionais e o Itamaraty para as negociações com o governo americano. Porém, Haddad disse que, embora haja tentativas reiteradas de contato, todas as informações estão concentradas na Casa Branca, o que dificulta as tratativas do Brasil. Ele ainda reiterou que Alckmin está em contato com os secretários e, o ministério da Fazenda, com a equipe técnica do Tesouro Americano.
Esta foi a primeira vez que a imprensa tomou conhecimento de quais membros do governo estão à frente das negociações contra as medidas tarifárias de Trump. Na última segunda-feira (21), o vice-presidente havia dito que as tratativas “estão encaminhando”, mas sem dizer quem seria o intermediador.
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Geraldo Alckmin comenta sobre diálogo com o governo americano (Vídeo: reprodução/Instagram/@geraldoalckmin_)
Plano de contingência
Equipes técnicas destas três pastas elaboraram um plano de contingenciamento, que prevê diferentes cenários sobre os setores mais afetados com o tarifaço na economia brasileira, caso entre em vigor.
A expectativa seria de que, após aprovação, este plano fosse apresentado Alckmin e, por último, a Lula. Espera-se que o documento seja apresentado à Presidência da República na próxima semana.
Pronto para negociar
Nesta quinta-feira (24), Lula esteve em uma cerimônia do governo federal no Vale do Jequitinhonha, em Minas Gerais. Na ocasião, o presidente comentou sobre a situação do Brasil em relação ao tarifaço: “Se quiserem negociar, nós queremos negociar”.
Porém, Lula disse que pretende “elevar a aposta”, caso o presidente americano não cumpra a medida, com data para começar no dia 1º de agosto:“Se ele estiver trucando, ele vai tomar um 6”.
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Fernando Haddad, em entrevista, fala sobre interlocução para negociação das tarifas (Vídeo: reprodução/Instagram/@fernandohaddadoficial)
Redução de barreiras
Trump publicou no Truth Social que pretende baixar as tarifas impostas ao Japão se o país concordar em abrir seus mercados. Segundo análise do colunista da CNN Money, Victor Irajá, esta é a brecha que o governo brasileiro precisa aproveitar para as negociações.
Victor pontuou que um estudo feito pelo BTG Pactual mostra que 86,4% das importações brasileiras contém barreiras não tarifárias. Essas barreiras são impostas pelo governo brasileiro e não possuem cobrança de impostos, contudo, acabam por dificultar a entrada de produtos estrangeiros no país. Essas medidas podem ser exigências sanitárias, normas técnicas, entre outras.
Na visão do comentarista, se o Brasil aplicar a Lei de Reciprocidade, pode gerar efeito contrário ao esperado, afetando a segurança jurídica do país. Além disso, outros países podem apresentar receio em negociar e terminar deixando o mercado brasileiro.