Recentemente, uma pesquisa da Unesco revelou que quase um quarto das nações ao redor do mundo já proibiu o uso de celulares em ambientes escolares. Quase 25% dos países adotaram medidas rigorosas a fim de combater distrações.
Na Europa
Países europeus estão atentos ao uso excessivo de celulares há bastante tempo. A Itália foi uma das pioneiras ao proibir esses dispositivos, banindo sua presença nas salas de aula em 2007, permitindo seu uso apenas para fins pedagógicos. Em 2024, o governo italiano decidiu proibir completamente os celulares nas salas de aula, independentemente da situação.
Na Baviera, uma região no sul da Alemanha, os celulares já estavam proibidos nas escolas desde 2006. Nas demais regiões do país, cada escola tem a liberdade de decidir sobre o uso dos aparelhos. Na França, desde 2018, uma legislação nacional proíbe o uso de celulares em escolas públicas para alunos com até 15 anos, incluindo os intervalos. Em 2025, os alunos deverão deixar seus celulares na entrada da escola. A Suécia também está elaborando novas leis sobre esse tema.
Na Inglaterra, diversas escolas decidiram proibir o uso de celulares. Em uma dessas instituições, uma pesquisa mostrou que 20% dos alunos notaram uma redução significativa na distração três meses após a proibição. Os resultados positivos foram percebidos não apenas no aprendizado, mas também na interação entre os estudantes.
Já em uma pequena cidade na Finlândia, localizada a 70 km da capital Helsinque, após dez anos de uso de computadores e tablets, a decisão foi retornar às escolas com as mochilas cheias de livros. Preocupados com os efeitos dos eletrônicos no aprendizado e na saúde das crianças, professores e pais optaram por reintroduzir o uso de caneta e papel nas escolas de Riihimäki.
A pesquisadora Miriam Rahali, do Departamento de Mídia e Comunicação da London School of Economics, estuda o tema há bastante tempo. Ela argumenta que, para reduzir a ansiedade e as preocupações de estudantes, pais e administradores escolares, faz sentido proibir o uso de celulares até que haja um plano que inclua a alfabetização digital e permita um maior controle sobre o uso desses dispositivos. Embora ainda não exista um procedimento unificado entre os 27 países da União Europeia sobre essa questão, a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, se comprometeu a desenvolver uma política europeia para restringir o uso de celulares nas salas de aula.
Quase 25% dos países proíbem o uso de celulares nas escolas, diz Unesco (Foto: reprodução/izusek/Getty Images Embed)
No Brasil
Diversos estudos e pesquisas realizados no Brasil abordam o uso de celulares nas escolas e seus impactos na educação. Essas investigações analisam como a presença dos dispositivos móveis pode afetar a concentração dos alunos, o desempenho acadêmico e as interações sociais no ambiente escolar.
Além disso, há estudos que exploram a possibilidade de integrar o uso de celulares como ferramentas pedagógicas, promovendo a alfabetização digital e o uso responsável da tecnologia. Muitas universidades e instituições de pesquisa têm se dedicado a esse tema, buscando compreender tanto os desafios quanto as oportunidades que os celulares trazem para o contexto educacional.
Nesse cenário, a Câmara dos Deputados está avaliando um projeto de lei que proíbe o uso de celulares e tablets durante as aulas, nos intervalos e no recreio. Esse projeto já foi aprovado na Comissão de Educação e agora aguarda votação na Comissão de Constituição e Justiça. Após essa etapa, ainda precisará ser analisado pelo Senado antes de se tornar lei.
Foto Destaque: Estudantes fazendo atividades escolares (Reprodução/Van Tay Media/Unsplash)