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STJ inicia julgamento de recurso para cultivo de cannabis medicinal no Brasil

O Superior Tribunal de Justiça começou a julgar um recurso que debate a autorização para o cultivo de cannabis com fins medicinais

13 Nov 2024 - 11h51 | Atualizado em 13 Nov 2024 - 11h51
STJ inicia julgamento de recurso para cultivo de cannabis medicinal no Brasil Lorena Bueri

O Superior Tribunal de Justiça (STJ) deu início nesta quarta-feira (13) ao julgamento de um recurso que pode abrir precedentes para o cultivo de cannabis para fins medicinais no Brasil. A discussão que envolve pacientes, médicos, especialistas e autoridades, poderá definir se o plantio doméstico da planta será permitido para produção de medicamentos que auxiliem no tratamento de diversas doenças, como epilepsia, Parkinson e esclerose múltipla.

O que está em julgamento no STJ

Relatado pela Ministra Regina Helena, o caso julgado no STJ envolve um recurso que questiona se pacientes e seus representantes legais poderão receber autorização judicial para cultivar a planta de cannabis para fins exclusivamente medicinais. Atualmente, os medicamentos à base de cannabis são legalizados no Brasil, mas sua produção nacional ainda é restrita, obrigando pacientes a recorrerem à importação de produtos, muitas vezes a um custo elevado.

A demanda pelo cultivo caseiro de cannabis medicinal ganhou força nos últimos anos, especialmente com o aumento do número de pacientes que utilizam derivados da planta para tratar doenças crônicas e condições que não respondem bem a tratamentos convencionais.

O julgamento no STJ ocorre após uma série de decisões judiciais em instâncias inferiores que permitiram aos pacientes o cultivo doméstico da cannabis para fins medicinais, baseando-se no direito à saúde e ao tratamento digno. A decisão do tribunal superior pode unificar o entendimento sobre o tema e servir como referência para futuros casos.


Ministra Regina Helena, do STJ, durante painel em evento da Fiemg Ministra Regina Helena em evento da Fiemg

Ministra Regina Helena do STJ, Regina Helena (Foto: reprodução/João Paulo Prais/Fiemg)


Benefícios médicos e questões jurídicas

Os defensores do cultivo de cannabis para uso medicinal argumentam que a permissão é essencial para ampliar o acesso a tratamentos seguros e eficazes. Estudos apontam que medicamentos à base de cannabis podem ser eficazes no controle de dores crônicas, redução de convulsões em pacientes com epilepsia e alívio de sintomas em doenças neurodegenerativas. Organizações de pacientes, médicos e alguns setores da sociedade civil têm se manifestado a favor da liberação, destacando os benefícios clínicos e o direito ao acesso a medicamentos.

Por outro lado, setores contrários à medida alertam para os desafios na regulamentação do cultivo caseiro, levantando preocupações sobre o controle e a fiscalização do plantio. Para críticos, a ausência de regras claras pode abrir espaço para abusos e para o desvio da produção para fins não medicinais. Além disso, há um receio de que a liberação do cultivo medicinal seja um primeiro passo para a legalização do uso recreativo da cannabis no país, uma questão que gera polêmica e divide opiniões.

Possíveis impactos da decisão no sistema de saúde e na legislação

Caso o STJ decida a favor do recurso, o Brasil poderá vivenciar uma mudança significativa no acesso a tratamentos à base de cannabis. Médicos e especialistas acreditam que a decisão poderá beneficiar milhares de pacientes que enfrentam dificuldades para adquirir medicamentos importados, principalmente devido aos custos elevados. Além disso, a permissão para o cultivo caseiro poderá estimular a produção nacional de derivados da cannabis, o que, segundo defensores, pode reduzir os preços e ampliar o acesso.

De acordo com estudos, a regulamentação do cultivo de cannabis pode ter impactos socioeconômicos relevantes. A produção nacional pode não apenas facilitar o acesso aos medicamentos para os pacientes que necessitam, mas também fomentar o desenvolvimento econômico por meio da criação de novos empregos no setor agrícola e farmacêutico. Especialistas apontam que, com uma regulamentação adequada, o Brasil poderia criar um mercado interno competitivo e atrair investimentos estrangeiros, favorecendo a economia nacional e garantindo um acesso mais justo e acessível aos tratamentos.

Além disso, a legalização do cultivo para fins medicinais pode estimular a pesquisa científica e o desenvolvimento de novas tecnologias e produtos farmacêuticos no Brasil. A regulamentação adequada pode tornar o país um polo de referência na América Latina para a produção de cannabis medicinal, ampliando o acesso à saúde e fortalecendo o setor de biotecnologia e saúde pública.

Foto Destaque: pessoa com equipamento de proteção examinando plantas de cannabis em uma estufa (Reprodução/mestyle.studio3/Getty Images Embed)

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