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Tabu e o crescimento científico da maconha medicinal

Especialistas, pacientes e representantes do governo falam sobre a necessidade e os desafios do estudo do canabidiol

04 Mai 2024 - 11h06 | Atualizado em 04 Mai 2024 - 11h06
Tabu e o crescimento científico da maconha medicinal Lorena Bueri

Com forte preconceito de grande parte da sociedade, o uso medicinal de Cannabis, nome científico da maconha, vem ganhando cada vez mais visibilidade. O Globo repórter nessa sexta feira (3) realizou uma pesquisa sobre medicamentos à base de canabidiol com pacientes e pesquisadores.

Em 2023, foi observado um aumento no número de usuários de aproximadamente 130% em relação ao ano de 2022. Embora mais da metade do mercado, seja fruto de importação, todas essas movimentações geraram algo em torno de 699 milhões de reais em 2023.

Tabu

O uso de CBD (canabidiol) aplicado em pessoas como tratamento terapêutico, pode ser utilizado para tratar de doenças que a muito afligem a humanidade, como por exemplo o Alzheimer, a esquizofrenia, Parkinson entre outras.

No entanto, por conta do CDB ser extraído da planta que por anos foi tratada como tabu na sociedade, o uso desses medicamentos a base de canabidiol ainda sofre muitos preconceitos na sociedade, até mesmo em órgãos do governo.

Rosilene Teixeira conta como foi sua reação quando o filho mais velho sugeriu a ela que usasse a cannabis terapêutica.

“Na minha cabeça era uma coisa que iria me viciar, uma coisa que pode não me fazer bem. Então quando ele falou, a princípio, fiquei meio... Igual a todo mundo. ‘Mas é de maconha?’".

A reação de Rosilene, não é um caso isolado, durante muitos anos o uso da planta e tudo que vem dela, era automaticamente associado a algo ruim.

Sobre o tema, Carlos Gadelha, secretário da ciência e tecnologia do ministério da saúde, comentou sobre antes de investir em produção, a necessidade de garantir segurança.

“O que a gente precisa avançar nesse momento, é uma agenda que a gente precisa fazer pesquisa, pesquisa clínica para mostrar segurança e eficácia em um país do tamanho do Brasil... Então é tratar dessa questão sem preconceito e com base científica”. Expressou-se Carlos.

Educação

No âmbito educacional, a professora de pós-graduação da Unicamp, Priscila Mazzola, analisou a importância do tratamento nesse assunto nas salas de aula.

“O principal é que nós capilarizemos esse conhecimento, para que ele possa chegar cada vez mais longe, a partir de informações de qualidade, com embasamento científico, que deixe a população segura desse uso e que possa ir quebrando os tabus existentes na sociedade”.


Unicamp (Reprodução/Unicamp)


Desigualdade

Porém, mesmo com a aprovação governamental para investimentos em maiores estudos, o Brasil ainda é um país muito desigual, não garantindo para todos a mesma oportunidade, já que a medicação tem alto custo.

Em relação a isso, o pesquisador da Fiocruz, Francisco Netto, fala sobre: “A gente vive numa sociedade desigual e é uma medicação que ainda por muito tempo vai ter um custo de produção alto. Então para que as pessoas que são a maioria possam ter acesso a isso, a única forma é através do Sistema Único de Saúde”.

Tendo em vista esses aspectos, os desafios para o estudo mais a fundo dos benefícios do CBD, passam primeiro pela conscientização da população, para superar o tabu imposto e desfrutar da ciência.

 

Foto Destaque: Canabidiol (Reprodução/Julia Teichmann/USP)

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