Nesta sexta-feira (26), um jornalista da Forbe, foi preso na Rússia, em regime de prisão domiciliar, pelo tribunal de justiça do país, após divulgar conteúdos classificados pelas autoridades locais, como notícias falsas. As informações teriam sido divulgadas através do telegram e acusavam tropas russas pelas atrocidades cometidas contra cidadãos ucranianos da cidade de Bucha, que está localizada perto da capital da Ucrânia, Kiev.
Sergey Mingazov, jornalista de 68 anos, teria postado em seu telegram que continha um pouco mais de 450 inscritos, que as tropas russas teriam feito diversas incursões na região ocasionando a morte de milhares de civis. Essas publicações também teriam sido veiculadas por outros dois veículos de comunicação como a BBC e a rádio Freedom. O advogado de Mingazov, Konstantin Bubon declarou que o acusado teria apenas repostado publicações já existentes sobre a guerra na região.
Segundo informado pela Forbes Rússia, seu funcionário permanecerá em cárcere domiciliar por cerca de dois meses, enquanto aguarda o julgamento do caso pelo tribunal Russo. O tribunal já aplicou como medida preventiva prisões antes que o acusado seja julgado, que foi o caso do jornalista da Forbes, porém outras medidas também podem ser tomadas como detenção sob custódia e pagamento de fiança.
As medidas de repressão contra Sergey Mingazov são, a proibição do acesso à internet e comunicação restrita a familiares, advogados e profissionais da área de saúde.
O Kremlin reiterou que não teria envolvimento com o ocorrido e que as informações e fotos de pessoas mortas publicadas são infundadas. Prometeu que “notícias falsas” serão fortemente combatidas pelo tribunal de justiça na Rússia.
Memorial em homenagem as vitimas em Bucha (Foto: reprodução/Sergei Supinsky/Getty Images Embed)
Censura Russa
A Rússia vem impondo controle sobre o que é divulgado nos veículos de comunicação, principalmente a artigos que possam descredibilizar seu governo e suas tomadas de decisão com relação à guerra contra a Ucrânia.
Desde o início da guerra em meados de 2022, a Rússia prendeu jornalistas de grandes veículos de comunicação tais como o editor da Rádio Free Europe, e o repórter do Wall Street Journal. Outros três jornalistas que teriam criticado as ações do governo Russo também foram presos.
O Kremlin acusa o jornalista da Reuters, Konstantin Gabov, de ter produzido material para o youtube sobre o líder da oposição Alexey Navalny, intitulado “NAVALNYLIVE”. Navalny foi assassinado na prisão meses antes da eleição na Rússia. O governo Russo considera esse movimento como extremista e tenta combatê-lo impondo regras e prendendo opositores.
Covas abertas para as vítimas na cidade de Bucha (Foto: reprodução/Yasuyoshi Chiba/Getty Images Embed)
Condenações por críticas ao governo
O governo russo promete medidas severas na punição a ativistas e opositores políticos de seu governo, as penas por calúnia e difamação podem chegar a 10 anos de prisão. Desde o início da guerra, críticos a Vladimir Putin tiveram que deixar o país, devido às perseguições impostas pelo Estado.
Dentre as condenações está o documentarista Vsevolod Koroliov, que foi condenado a três anos de prisão, Yuri Kokhovets, condenado a cinco anos de trabalho correcional por comentar sobre a ofensiva russa durante uma entrevista na TV, no início deste ano o ativista Gregori Winter, foi sentenciado a três anos de prisão por comentar sobre ataques em Bucha.
Foto destaque: ruina da cidade de Bucha, perto da capital Kiev (Reprodução/Kyodo News/Getty Images Embed)