Donald Trump continua disposto a "limpar" os Estados Unidos da presença de imigrantes ilegais. Nesta quarta-feira (29), o presidente norte-americano autorizou que o Pentágono utilize a prisão americana de Guantánamo, localizada em Cuba, para enviar até 30 mil detidos, principalmente os que forem considerados de alta periculosidade. O local foi inaugurado em 2002 no governo de George W. Bush e já manteve mais de 700 pessoas presas. Atualmente, 15 detentos cumprem pena no local.
Medidas drásticas contra imigrantes ilegais
A prisão norte-americana de Guantánamo foi erguida e inaugurada no ano de 2022 e pelo presidente George W. Bush, na costa sudeste da Baía de Guantánamo, em Cuba. A medida foi tomada após os atentados de 11 de setembro de 2001 que vitimaram milhares de pessoas nos Estados Unidos. Terroristas envolvidos foram enviados para o local, sendo que 15 deles continuam detidos, entre eles, Khalid Sheikh Mohammed, um dos idealizadores dos atentados de 2001.
Nos primeiros dez dias de governo Trump, as autoridades americanas já deportaram centenas de pessoas, inclusive brasileiros. A ideia do presidente republicano é expulsar todos os imigrantes ilegais dos EUA, incluindo os que estão ou foram detidos praticando crimes em território americano. “Alguns deles são tão ruins que nem confiamos nos países para mantê-los porque não queremos que eles voltem, então vamos mandá-los para Guantánamo”, afirmou Trump.
As instalações e condições dentro de Guantánamo sempre foram alvo de críticas, principalmente pelas supostas sessões de torturas contra os presos, celas que se assemelham a jaulas e a higiene insalubre no local. Foram estudadas propostas de fechamento da prisão nos governos de Barack Obama e Joe Biden, ambos democratas, mas as tratativas não seguiram em frente.
Desde a sua inauguração, há quase 23 anos, apenas duas pessoas foram condenadas por crimes cometidos. A maioria das acusações contra outros detidos não chegaram a ser confirmadas e os acusados foram soltos. Em 2003 haviam 684 pessoas presas, o maior recorde até então em Guantánamo. "Temos 30 mil leitos em Guantánamo para deter os piores criminosos ilegais que ameaçam o povo americano", disse Trump durante um evento na Casa Branca.
Prisão americana de Guantánamo, localizada em Cuba desde 2002 (Foto: reprodução/ Joe Raedle/Getty Images Embed)
Lei criada homenageia estudante morta por imigrante ilegal
Desde sua campanha presidencial em 2024, Trump deixou claro que a principal tarefa do seu governo seria expulsar todos os imigrantes ilegais dos Estados Unidos. Ao tomar posse no dia 20 de janeiro, o discurso se tornou ainda mais firme, e dois dias depois, foi aprovado pelo Congresso, o projeto "Laken Riley Act", permitindo que pessoas com o visto irregular sejam detidas e extraditadas para seus países de origem, principalmente se cometerem algum crime contra cidadãos ou patrimônios americanos.
A lei recebeu o nome de uma estudante que foi assassinada em 2024 por um imigrante ilegal venezuelano. "Manteremos viva a memória de Laken em nossos corações para sempre. Com a ação de hoje, seu nome também viverá para sempre nas leis do nosso país, e esta é uma lei muito importante", disse Trump durante a cerimônia que tornou o seu primeiro decreto presidencial válido.
A lei não é consenso dentro do Congresso, mesmo que a maioria seja republicana. Políticos democratas disseram o custo para manter a lei será muito alto nos três primeiros anos de governo. É estimado que os cofres americanos gastem cerca de US$ 83 bilhões (R$ 486,3 bilhões) no período.
Guantánamo está anexada a Base Naval Americana que leva o mesmo nome, e o território de 72 metros quadrados pertence aos Estados Unidos desde 1903. O acordo firmado na época, previa o pagamento anual e perpétuo de US$ 4.085, que só poderá ser cancelado se houver uma decisão entre ambos os países. O local também possui um centro de triagem para imigrantes, o que poderá vir a ser utilizado para auxiliar na deportação americana.
Foto destaque: presidente norte-americano Donald Trump (Reprodução/Anna Moneymaker/Getty Images Embed)