Neste domingo (24), os irmãos Domingos e Chiquinho Brazão e o delegado Rivaldo Barbosa, foram presos e apresentados na sede da Polícia Federal, na região central do Rio de Janeiro. A prisão ocorreu nas primeiras horas do dia, surpreendendo os suspeitos de serem os mandantes do assassinato da vereadora Marielle Franco em 2018.
Segundo apurado pelo O GLOBO, Domingos Brazão ficará no presídio em Porto Velho, já Chiquinho Brazão será levado para Campo Grande, enquanto o delegado Rivaldo Barbosa ficará em presídio de Brasília, durante o processo de investigação do caso. Antes de serem levados para Brasília, os acusados passaram por audiência de custódia ainda no Rio de Janeiro, já no DF fizeram exame de corpo de delito no IML e estão no presídio da Papuda.
O deputado federal Chiquinho Brazão (União–RJ), Domingos Brazão, conselheiro do Tribunal de Contas do Estado do Rio, são suspeitos como responsáveis pela morte de Marielle, enquanto o delegado Rivaldo Barbosa, que chefiou a Polícia Civil do Rio, teria dificultado o processo de investigação do caso para protegê-los. O auto de prisão foi expedido devido ao alto risco de fuga dos envolvidos.
Os alvos foram detectados após delação premiada firmada por Ronnie Lessa, Polícia Federal e a Procuradoria-Geral da República. No depoimento, o ex-policial militar apontou o também ex-policial Élcio de Queiroz como autor dos disparos que mataram a vereadora. Todo o processo está em trâmite no Supremo Tribunal Federal (STF), que homologou a operação Murder Inc. para elucidar o caso.
Ministro da justiça Ricardo Lewandowski em coletiva de imprensa sobre a investigação (Foto: reprodução/Agencia Brasil/MJSP/Jamille Ferraris)
Suposta motivação do crime
As divergências entre a vereadora Marielle Franco e Chiquinho Brazão, iniciaram em torno de um projeto de Lei PL174/2016, que buscava formalizar um condomínio na região da Zona Oeste do Rio de Janeiro.
“Me parece que todo esse volumoso conjunto de documentos que recebemos, esse é o trecho extremamente significativo, que mostra, pelo menos, a motivação básica do assassinato da vereadora Marielle Franco, que se opunha, justamente, a esse grupo, que na Câmara Municipal do Rio de Janeiro, queria regularizar terras, para usá-las com fins comerciais, enquanto o grupo da vereadora queria usar essas terras para fins sociais, de moradia popular” afirmou Lewandowski.
Conforme a investigação, provas apontam que Domingos Brazão tem envolvimento com loteamento e registro de terras públicas, sem autorização dos órgãos competentes.
Delegado Rivaldo dava apoio à família de Marielle (Foto: reprodução/Tânia Rêgo/Agência Brasil/Arquivo)
Impasses na investigação
O delegado Rivaldo Barbosa, ex-chefe de Polícia Civil do Rio, assumiu o cargo um dia antes da execução da vereadora. Desde então, o processo de investigação não chegava aos mandantes intelectuais do crime.
A mãe de Marielle Franco, Marinete Silva, ficou surpresa com a prisão do delegado Rivaldo, segundo o G1, ela afirmou que tinha uma relação próxima à família e prometeu esclarecer o crime.
"A minha filha confiava nele e no trabalho dele. E ele falou que era questão de honra dele elucidar [a morte da vereadora]", afirmou Marinete.
O delegado conhecia Marielle, ela já teria garantido a entrada dele dentro Complexo da Maré, para acompanhar uma investigação de uma chacina. Ele teria entrado e saído do local com sua a integridade física garantida.
Foto destaque: suspeitos presos pela morte de Marielle Franco (Reprodução/O Globo)