Fraternidade, respeito aos direitos humanos e simplicidade são alguns dos belíssimos legados deixados pelo Papa, que ficou durante 12 anos ocupando o máximo cargo da Igreja Católica. Jorge Mario Bergoglio, o Papa Francisco, lutou a favor da liberdade religiosa e contra o racismo. No último documento registrado em seu nome, o seu testamento, que foi divulgado pelo Vaticano, está evidenciada a sua grande perspectiva para esse mundo: o desejo por paz e igualdade entre todos os seres humanos.
Seus pedidos
O pontífice, falecido de AVC e insuficiência cardíaca nesta segunda-feira (21) em seu apartamento no Vaticano, aos 88 anos, deixou escrito em testamento que desejava ser enterrado na Basílica de Santa Maria Maggiore, em Roma. Inclusive, em uma área específica da Basílica sinalizada em anexo, sem possibilidades de erro.
No texto, ele clarifica que tem afeição por esse lugar, porque é onde orava tanto antes, quanto depois de suas viagens e também de suas internações hospitalares. A sua última visita ao local foi em 23 de março, quando teve alta do hospital Policlínico Gemelli, dia em que fez uma breve aparição pública na janela do hospital para saudar os fiéis e depois se dirigiu para o Vaticano, para recuperar-se.
Papa Francisco no papamóvel após a missa de Páscoa, na Praça de São Pedro, no Vaticano, em 20 de abril de 2025. (Foto: reprodução/Tiziana FABI/AFP/Getty Images/Embed)
Além do local, a maneira de fazer o sepultamento também foi designada, e segundo os desejos do máximo cardeal, o sepulcro deve na terra e sem adornos especiais, simples, como ele sempre foi. Em sua lápide deve conter apenas uma inscrição: “Franciscus”, e até as despesas do sepultamento já têm fonte designada para cobertura, um ‘benfeitor’, explicou Francisco.
Ainda no documento, o primeiro papa latino-americano, falou do sofrimento que passou em seus últimos dias, e dedicou ao Senhor, em nome de um mundo melhor, com paz e fraternidade entre os povos.
Na íntegra
Leia o testamento completo:
Em Nome da Santíssima Trindade. Amém.
Sentindo que se aproxima o entardecer da minha vida terrena e com viva esperança na Vida Eterna, desejo expressar minha vontade testamentária apenas quanto ao local da minha sepultura.
Confiei sempre minha vida e o ministério sacerdotal e episcopal à Mãe de Nosso Senhor, Maria Santíssima. Por isso, peço que meus restos mortais repousem, à espera do dia da ressurreição, na Basílica Papal de Santa Maria Maior.
Desejo que minha última viagem terrena se conclua justamente neste antiquíssimo santuário Mariano, onde costumava rezar no início e no fim de cada Viagem Apostólica, confiando com fé minhas intenções à Mãe Imaculada e agradecendo-Lhe pelo cuidado dócil e materno.
Peço que minha tumba seja preparada no lóculo da nave lateral, entre a Capela Paulina (Capela da Salus Populi Romani) e a Capela Sforza da referida Basílica Papal, como indicado no anexo em anexo.
O sepulcro deve estar na terra; simples, sem ornamentos especiais, e com a única inscrição: Franciscus.
As despesas para a preparação da minha sepultura serão cobertas com a quantia de um benfeitor que designei, a ser transferida para a Basílica Papal de Santa Maria Maggiore conforme instruções que providenciei entregar a Mons. Rolandas Makrickas, Comissário Extraordinário do Capítulo Liberiano.
Que o Senhor conceda a merecida recompensa àqueles que me quiseram bem e continuarão a rezar por mim.
O sofrimento que esteve presente na parte final da minha vida, ofereci ao Senhor pela paz no mundo e pela fraternidade entre os povos.
Esse foi o desejo do Papa Francisco, que deixou o testamento desde de 2022.
Foto Destaque: Papa Francisco (Reprodução/Franco Origlio/Getty Images/Embed)