Após deixar o país, a Procuradora-Geral da República (PGR) pediu, nesta terça-feira (3), a prisão preventiva da deputada federal Carla Zambelli (PL-SP), além da inclusão de seu nome na lista da Interpol. Após deixar o Brasil rumo aos EUA, Zambelli deve seguir para a Europa, se licenciando do cargo por problemas de saúde, segundo a própria parlamentar.
Medida cautelar
O Procurador-Geral Paulo Gonet apresentou o pedido de prisão da deputada. Conforme o documento, a medida não se trata de uma antecipação do cumprimento da pena, mas da imposição de uma prisão cautelar, com o intuito de assegurar a devida aplicação da lei penal. O nome de Zambelli seria incluído na lista da Organização Internacional de Polícia Criminal, a Interpol, com suspensão de seu passaporte e sequestro e indisponibilidade de seus bens.
A motivação do pedido de Gonet se deve ao ocorrido do último dia 25, em que a deputada deixou o Brasil pela fronteira com a Argentina, de onde embarcou para os EUA, país em que está atualmente. Diante de tal fato, ministros do STF tomaram tal atitude como uma fuga de Zambelli para escapar da aplicação da lei penal.
No dia 14 de maio, a deputada foi condenada pela Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) por unanimidade a 10 anos de prisão por invadir os sistemas do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), além de ter o seu mandato cassado. O hacker Walter Delgatti, que também participou da trama, foi apenado a 8 anos e 3 meses. Tanto Zambelli quanto Delgatti foram condenados a pagar indenização de R$2 milhões por danos coletivos e morais.
Carla Zambelli tira uma selfie na convenção nacional do Partido Liberal (PL) no ginásio do Maracanãzinho, no Rio de Janeiro (Reprodução/AFP/Mauro Pimentel/Getty Images Embed)
Descontentamento
Ex-militante do movimento feminista e considerada uma das deputadas mais leais ao ex-presidente Jair Bolsonaro, Carla Zambelli foi eleita deputada federal em São Paulo em 2018 pelo Partido Social Liberal (PSL), e reeleita quatro anos mais tarde pelo Partido Liberal (PL), sendo a segunda mais bem votada no estado. Zambelli ganhou notoriedade por ser a fundadora do Movimento Nas Ruas, que ganhou forças nas manifestações favoráveis ao impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff, do PT.
Desde quando exerceu o seu mandato parlamentar, Zambelli tem colecionado polêmicas, e processos. A deputada, por exemplo, responde por porte ilegal de armas e constrangimento ilegal por conta do ocorrido nas vésperas do segundo turno das eleições de 2022, em que a deputada sacou um revólver e o apontou para um homem no bairro dos Jardins, em São Paulo. O ocorrido não agradou nem mesmo por seus aliados. O ex-presidente Jair Bolsonaro atribuiu à sua derrota nas urnas ao acontecimento no bairro nobre da capital paulista.
Foto destaque: Carla Zambelli comparece à sessão da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito sobre a tentativa de golpe de 8 de janeiro (Reprodução/AFP/Getty Images Embed)