Neste domingo (8), o presidente dos EUA, Joe Biden, fez seu primeiro discurso público desde que o ditador Bashar al-Assad fugiu da Síria, após 14 anos no poder. Em seu discurso, Biden disse que este é um momento de riscos e incertezas e que os EUA trabalharão incansavelmente de modo a ajudar seus parceiros após o fim do regime de Assad.
Fuga de Bashar Al-Assad
Neste domingo, 8, o ditador sírio Bashar al-Assad abandonou o poder após os rebeldes da milícia jihadista Hayat Tahrir al-Sham (HTS) ocuparem as ruas de Damasco, resultando na queda de seu governo. Assad, reeleito para um quarto mandato em 2021, liderou a Síria desde a década de 2000, herdando o poder de seu pai, Hafez Assad, famoso por sua liderança autoritária sobre o país de 1971 até sua morte.
Ao longo de quase trinta anos como presidente, Assad se transformou em um emblema de repressão e do conflito que dividiu a Síria. Prisões, torturas e assassinatos eram frequentemente empregados para calar qualquer indivíduo visto como dissidente pelo regime de Assad.
As ações foram severamente reprimidas, resultando em uma guerra civil, com Assad empregando força militar sem restrições, incluindo a utilização de armas químicas. Ele também contou com o apoio de alianças internacionais, como a Rússia, o Irã e o grupo Hezbollah, para lutar contra uma insurgência fragmentada formada por rebeldes sírios, jihadistas e curdos. Como resultado, as consequências da Primavera Árabe na Síria foram extremamente prejudiciais para a população.
A guerra arrasou a Síria, provocando mais de 500 milhões de mortos, milhões de deslocamentos internos e refugiados, além de uma destruição devastadora da infraestrutura. Muitos na comunidade global aceitaram de maneira relutante seu papel contínuo como líder nacional, mesmo após ele esmagar brutalmente a oposição nacional e usar armas químicas proibidas em todo o mundo.
Desde o começo da operação inesperada em novembro, os insurgentes do grupo radical islâmico Hayat Tahrir al Sham (HTS) deixaram evidente que o propósito era depor Assad. No entanto, ainda não se sabe o que ocorreria se ele caísse.
Manifestantes sírios vão às ruas após a queda de Bashar al-Assad (Vídeo:Reprodução/Youtube/@InfoMoney)
O que dizem os outros líderes
Outros líderes se manifestaram sobre a fuga de Bashar al-Assad: Donald Trump (EUA) disse que não irá se envolver nos assuntos da Síria.
Emmanuel Macron (França): No X, o presidente francês postou: “A situação de barbárie decresceu. Ofereço minha homenagem ao povo sírio, pela sua bravura e paciência. Neste instante de incerteza, auguro-lhe serenidade, liberdade e unidade. A França manterá seu compromisso na proteção de todos no Oriente Médio.”
Israel disse que não interferirá nos conflitos internos da Síria, porém, protegerão a área das Colinas de Golã, localizadas próximas ao território nacional e conquistadas por Israel em 1967, durante a Guerra dos Seis Dias.
Brasil: O Governo Brasileiro disse, através do Itamaraty, que tem acompanhado a situação da Síria e que busca assegurar a integridade da população brasileira que vive no país e da infraestrutura.
“O documento afirma que "o Brasil enfatiza a importância de respeitar integralmente o direito internacional, incluindo o direito humanitário, além da unidade territorial da Síria e das resoluções relevantes do Conselho de Segurança das Nações Unidas".
Família Assad
A família Assad comanda a Síria desde a década de 70, é uma família alauita (uma seita minoritária que é um desdobramento do islamismo xiita). A seita, desde então, tem exercido um papel dominante na política do país.
Foto Destaque: Bashar Al-Assad na presidência da Síria ( Reprodução/Instagram/@syria.basharalassad)