Trump eleva tensão com Maduro e ameaça ação militar na Venezuela
EUA enviam navios, aviões e 4 mil militares à América do Sul em missão contra cartéis, agora tratados como terroristas por Washington

Em uma das maiores demonstrações militares recentes na América Latina, os Estados Unidos deslocaram para o sul do Caribe uma força composta por navios de guerra, aeronaves, um submarino e cerca de 4 mil soldados, posicionando-se estrategicamente nas proximidades da Venezuela.
A operação, oficialmente voltada ao combate aos cartéis de drogas, ocorre em meio a tensões diplomáticas e levanta especulações sobre possíveis recados ao governo de Nicolás Maduro, segundo informações das agências Reuters e Associated Press.
A movimentação ocorre dias após Washington anunciar que passará a tratar cartéis de drogas como organizações terroristas, o que amplia o escopo legal para ações militares fora do território norte-americano.
Embora o governo dos EUA afirme que a operação tem foco no narcotráfico, analistas apontam que a presença militar tão próxima à Venezuela também envia um recado direto ao presidente venezuelano, em meio a tensões diplomáticas e sanções econômicas.
Presença militar dos EUA gera tensão no Caribe
Movimentação oficial mira cartéis de drogas, mas analistas veem recado direto a Maduro, embora o governo dos Estados Unidos afirme que a operação militar no sul do Caribe tenha como alvo os cartéis de drogas que atuam na rota entre a América do Sul e o território norte-americano.
Para o cientista político Carlos Gustavo Poggio, o arsenal mobilizado representa mais do que uma ação contra o crime organizado, é um sinal claro de que Donald Trump estaria disposto a considerar uma intervenção militar na Venezuela.
A medida amplia o isolamento diplomático de Maduro e reforça a narrativa de combate ao narcotráfico como justificativa para ações militares no Caribe.
Maduro se torna foco estratégico da política externa dos EUA
A ofensiva ganhou tom político após declarações da porta-voz da Casa Branca, Karoline Leavitt, que classificou Maduro como “fugitivo”, “chefe de cartel narcoterrorista” e “presidente ilegítimo”. Ela afirmou que os EUA estão dispostos a usar “toda a força” contra o regime venezuelano.
A acusação de “fugitivo” se refere à recompensa de US$ 50 milhões oferecida pelo governo americano em agosto por informações que levem à prisão ou condenação de Maduro.
O Departamento de Justiça dos EUA o acusa de envolvimento em narcoterrorismo, tráfico internacional de drogas e uso de armas em apoio a crimes ligados ao tráfico.
Segundo Washington, o presidente venezuelano lideraria o chamado Cartel de los Soles, recentemente classificado como organização terrorista internacional.
Cartel de los Soles
Donald Trump intensificou as acusações contra Nicolás Maduro, apontando-o como líder do Cartel de los Soles, organização supostamente comandada por militares venezuelanos e envolvida no tráfico internacional de drogas.
Segundo veículos latino-americanos, o grupo atua como elo logístico entre produtores sul-americanos e cartéis como o mexicano Sinaloa e o venezuelano Tren de Aragua, que abastecem o mercado norte-americano.
A ofensiva política ganhou apoio regional: Equador, Paraguai e Guiana seguiram a decisão de Washington e passaram a classificar o Cartel de los Soles como organização terrorista.
Segundo o cientista político Carlos Gustavo Poggio, essa movimentação reflete uma combinação de interesses estratégicos. Ele aponta que os países envolvidos mantêm uma postura crítica em relação ao governo venezuelano e ao chavismo, e veem na aproximação com Trump uma oportunidade de projetar seus próprios objetivos políticos e regionais.
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Postagem do Instagram de Nicolás Maduro (Foto: reprodução/Instagram/@nicolasmaduro)
Maduro convoca milhões em resposta ao avanço dos EUA
Em reação ao aumento da presença militar norte-americana no Caribe, o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, anunciou a mobilização de 4,5 milhões de milicianos em todo o país.
De acordo com autoridades venezuelanas, a iniciativa pretende fortalecer a proteção do território nacional frente ao que o governo considera uma ameaça explícita à sua soberania.
Conforme análise de Poggio, os meios militares deslocados pelos Estados Unidos para a região têm elevado poder de ataque e foram desenvolvidos para executar missões ofensivas, incluindo ações táticas em território estrangeiro e operações de intervenção com alto grau de precisão.
Militares em ação
O cientista político Carlos Gustavo Poggio observa que Donald Trump tem adotado uma abordagem fortemente militarizada no enfrentamento ao crime, tanto dentro quanto fora dos Estados Unidos. Ele recorda momentos em que o Trump acionou a Guarda Nacional em centros urbanos como Los Angeles e Washington, para controlar manifestações e intensificar as medidas de segurança.
Essa postura militarizada também se reflete na decisão do governo norte-americano de enquadrar os cartéis de drogas como grupos terroristas. Com essa classificação, Washington amplia sua margem legal para empregar forças armadas diretamente contra essas organizações, inclusive fora do território dos Estados Unidos.