Notas sobre depoimento de Mauro Cid são encontradas em veículo de Bolsonaro
Polícia Federal diz que escritos estavam em compartimento do carro do ex-presidente e devem ter sido feitos durante o interrogatório do tenente-coronel no STF em junho

A Polícia Federal encontrou anotações feitas por Bolsonaro sobre as declarações de Mauro Cid durante operação de busca e apreensão na última segunda-feira (18). Os escritos de Jair Bolsonaro estavam no porta-luvas do carro do ex-presidente, mas não entraram na investigação sobre coação por serem considerados sem importância para o andamento do processo.
Conteúdo das notas
As anotações escritas por Bolsonaro contêm uma linha temporal que se inicia na delação de seu ex-ajudante de ordens, Mauro Cid. Em uma das partes de suas notas, o político registrou “não existiam grupos, sim, indivíduos, considerando 3 ou 3 reuniões.”; “Previa: comissão eleitoral, nova eleição”.
Bolsonaro fazendo anotações durante interrogatório no STF (Foto: reprodução/Ton Molina/STF)
Bolsonaro também anotou a citação sobre a declaração de Cid acerca do dinheiro recebido da parte de Braga Netto. “Recebi o $ do Braga Netto e repassei para o Major Oliveira (…) Pelo volume, menos de 100 mil. Pressão para PR assinar ‘um decreto’ (…) defesa ou sítio, mas nada vai acontecer.” Algumas frases soltas também estavam registradas, como “preocupação em não parar o Brasil” e “Das oito, fiquei quatro semanas fora da Presidência”.
Sobre o planejamento do golpe, o ex-presidente escreveu que “Nem cogitação houve. Decreto de golpe? Golpe não é ilegal, golpe e conspiração”. Bolsonaro também havia destacado o dia 29 de novembro, mas teria riscado o registro em seguida. Ao lado da data, colocou “Plano de fuga do GSI caso a Presidência fosse sitiada”. Segundo a polícia, as anotações foram feitas ao longo da fala de Mauro Cid no interrogatório ocorrido em junho no STF e devem servir para a construção de estratégias da defesa de Jair Bolsonaro.
Inquérito por coação
Na última quarta-feira (20), Bolsonaro e seu filho Eduardo Bolsonaro foram indiciados por coação durante a investigação sobre tentativa de golpe. Os dois são suspeitos de intimidar ministros do Supremo Tribunal Federal, deputados e senadores para suspender processos contra o ex-presidente.
Bolsonaro, à esquerda, e Eduardo Bolsonaro, à direita (Foto: reprodução/Instagram/@bolsonarosp)
Mensagens de texto e áudio enviados por Bolsonaro, desrespeitando as medidas de proibição de uso de redes sociais determinadas pelo STF, foram encontradas pela Polícia Federal após a apreensão do dispositivo e confirmam a ação de coação do político.