Durante um ato pró-Bolsonaro em Roma, jornalistas são agredidos por seguranças presidenciais e agentes italianos. O ataque ocorreu na noite de domingo (31), quando o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) caminhava entre seus apoiadores, após sair da embaixada brasileira. Bolsonaro está na Itália desde a última sexta-feira (29) para participar da Cúpula do G20, organização das maiores economias mundiais. Os repórteres, que trabalham na cobertura do encontro, aproveitaram o momento do presidente fora das reuniões para fazerem perguntas. Mas ao se aproximarem, receberam socos e empurrões de sua escolta.
Imagem do momento do ataque (Foto: Reprodução/Metrópoles)
A violência começou antes mesmo da aparição do chefe de Estado brasileiro. A jornalista Ana Estela de Sousa Pinto, da Folha de S.Paulo, foi empurrada por um policial. Já uma assistente da Rede Globo sofreu intimidações por parte de seus apoiadores. No decorrer da caminhada de Bolsonaro, profissionais de imprensa do UOL, BBC Brasil e O Globo também relataram agressões. Jamil Chade, repórter do UOL, publicou um vídeo no Twitter tendo seu celular levado por um policial e jogado no chão, enquanto gravava a manifestação. É possível ouvir ainda gritos de “Globo lixo”, por parte dos participantes.
Violência da polícia italiana e brasileira contra os jornalistas que acompanham Bolsonaro pelas ruas de Roma. Equipes agredidas, meu celular levado por um dos policiais e muita confusão. pic.twitter.com/edYo7Xb1WV
— Jamil Chade (@JamilChade) October 31, 2021
Algumas horas depois, Jamil informou que denunciou o ocorrido e postou foto do documento, reconhecendo os fatos e pedindo punição dos responsáveis.
Foto do documento da denúncia realizada por Jamil Chade, contra os seguranças que o agrediram (Foto: Reprodução/Twitter)
O correspondente Leonardo Monteiro, da Globo, foi hostilizado por Bolsonaro. Ao perguntar por que o presidente não foi de manhã ao evento do G20, ele respondeu “É a Globo? Você não tem vergonha na cara”. Ao reforçar a pergunta, Bolsonaro manteve o insulto: “Vocês não têm vergonha na cara, rapaz”. A Rede Globo pediu esclarecimentos para a embaixada do Brasil.
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Outros veículos de comunicação se manifestaram sobre o caso, como o jornal Folha de S.Paulo, a Associação Nacional de Jornais (ANJ) e a Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji), que disse em nota “[...] Atacar o mensageiro é uma prática recorrente do governo Bolsonaro que, assim como qualquer outra administração, está sujeito ao escrutínio público. É dever da imprensa informar à sociedade atos do poder público, incluindo viagens do presidente no exercício do mandato. E a sociedade, por meio do art 5º da Constituição, inciso XIV, tem o direito do acesso à informação garantido". Até o momento, Jair Bolsonaro e a Secretaria de Comunicação (Secom) da Presidência não se pronunciaram sobre o caso.
Foto Destaque: Jair Bolsonaro. Reprodução/Matheus Magenta/BBC News Brasil