Na madrugada deste sábado (28), Israel bombardeou uma região em Beirute, capital do Líbano. O intuito dos ataques, segundo a agência France-Presse (AFP), era atingir depósitos de armas do Hezbollah. A ofensiva é a maior desde o início do conflito entre Israel e o grupo extremista. Em resposta, o Hezbollah disparou mísseis contra o norte de Israel, o que ampliou as tensões na região, já causando a morte de centenas de pessoas e o deslocamento de milhares de civis. Israel confirmou a morte de Hassan Nasrallah, chefe do Hezbollah.
Maior ataque contra o Hezbollah em anos
A ofensiva israelense começou na última sexta-feira (27). Segundo as Forças de Defesa de Israel, o principal objetivo era destruir as capacidades militares do Hezbollah, grupo extremista que atua no Líbano e conta com o apoio do Irã para suas operações. As Forças Armadas de Israel confirmaram que os bombardeios foram direcionados a depósitos de armas, lançadores de mísseis e locais de operação do Hezbollah, com foco em pelo menos cinco bairros da capital libanesa e na região do Vale do Beca. Segundo a AFP, testemunhas relataram que os céus de Beirute ficaram iluminados pelas chamas dos incêndios causados pelas explosões.
Um dos alvos dos ataques israelenses era o quartel-general do Hezbollah, em Dahieh, estrategicamente localizado em um bairro residencial da capital libanesa. Em um comunicado, Israel justificou as mais de cinco horas de bombardeios, denominando-os como "ataques de precisão". O objetivo das forças israelenses era "degradar e desmantelar a infraestrutura e as capacidades terroristas do Hezbollah". Antes de iniciar os ataques, o porta-voz de Israel pediu que as pessoas deixassem os três prédios que seriam alvos. Em reportagem do G1, uma autoridade israelense afirmou que o ataque visava destruir cerca de metade das capacidades de mísseis do Hezbollah, o que foi considerado um sucesso parcial pelas autoridades.
Resposta do Hezbollah e impacto na população civil
A resposta do Hezbollah não demorou, o grupo lançou uma série de mísseis em direção ao norte de Israel. De acordo com as Forças de Defesa de Israel, os mísseis atravessaram a fronteira libanesa em direção à Alta Galileia, alguns foram interceptados, porém, na manhã deste sábado (28), um míssil superou as defesas israelenses e caiu em uma área aberta no centro de Israel, sem causar vítimas.
Pessoas carregam pertences depois de serem deslocadas em 28 de setembro de 2024 (Foto de Daniel Carde/Getty Images Embed)
O Ministério da Saúde do Líbano informou que os últimos ataques deixaram seis mortos e 91 feridos em Beirute. No total, desde o início dos bombardeios, mais de 700 pessoas foram mortas. Com medo, mais de 30 mil libaneses deixaram suas casas e fugiram para a Síria nas últimas 72 horas, segundo a ONU, enquanto outros milhares aguardam em aeroportos na tentativa de deixar o país. O embaixador do Irã no Líbano classificou o ataque feito por Israel como um crime que merece uma punição adequada. Para o órgão diplomático iraniano, o bombardeio representa uma "escalada perigosa que muda o jogo". O Líbano possui a maior comunidade brasileira no Oriente Médio, com cerca de 21 mil cidadãos vivendo na região. O Itamaraty informou que está observando a situação e consultando brasileiros que queiram deixar o país.
Xeque Hassan Nasrallah, chefe do movimento muçulmano xiita libanês Hezbollah (Reprodução/Haitham Mussawi/AFP/Getty Images Embed)
Morte do chefe do Hezbollah
Segundo a agência Reuters, um dos principais alvos dos ataques israelenses era Hassan Nasrallah, chefe do Hezbollah. Ainda na madrugada de sábado (28), a agência informou que fontes confirmaram que o grupo havia perdido contato com Nasrallah. Sem citar o líder diretamente, autoridades israelenses afirmaram que altos funcionários do Hezbollah estavam no prédio bombardeado. Na manhã seguinte, as Forças de Defesa de Israel confirmaram que Sayyed Hassan Nasrallah estava morto. Segundo o porta-voz militar de Israel, que fala em árabe, Nasrallah estava no subúrbio de Beirute na sexta-feira (27), região alvo dos bombardeios. O Hezbollah confirmou a morte, prometendo continuar sua luta contra Israel.
A comunidade internacional busca uma solução diplomática para a situação, mas inicialmente Israel rejeitou uma proposta de cessar-fogo de 21 dias feita por países como Estados Unidos e Reino Unido. Os Estados Unidos negaram qualquer envolvimento nos bombardeios. Segundo o secretário de Defesa, os americanos não foram avisados previamente dos ataques. O primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, que estava em Nova York por ocasião da Assembleia Geral da ONU, retornou antecipadamente para Israel após os bombardeios.
Foto destaque: Local de um ataque aéreo israelense no sul do Líbano (Reprodução/Rabih Daher/AFP/Getty Images Embed)