A fiscal das Lojas Renner do Madureira Shopping, acusou uma jovem negra de furtar uma blusa do local, durante seu depoimento à 29ª DP (Madureira), a mesma disse ter feito a abordagem após perceber um “movimento” feito por Awdrey Ribeiro Screiter, secretária de 21 anos.
Investigada por calúnia, a vigilante de loja disse durante interrogatório que “desconfiou que se tratasse de uma peça da loja” após a jovem “colocar uma roupa dentro da bolsa”.
Em depoimento, divulgado pela TV Globo, a vigilante admite que “procedeu uma abordagem indevida”. Ela conta que mandou Awdey pegar a blusa que tinha colocado no interior da bolsa”. Mas percebeu que “não se tratava de uma peça da marca Renner, mas sim de outra marca”.
Durante sua declaração, a fiscal de 52 anos, nega que empurrou a jovem, ou que teria jogado sua bolsa no chão durante o procedimento. Dizendo também que quando percebeu que a blusa era de outra marca “imediatamente pediu desculpas”, mas que Awdrey “não aceitou e começou a gritar e criar tumulto, incitou os outros clientes a filmarem e a tirarem fotos”.
Declaração da Renner
“O episódio ocorrido no Madureira Shopping é inaceitável. A abordagem realizada foi totalmente inadequada e não está alinhada aos valores da Lojas Renner, por isso a colaboradora responsável já não faz mais parte do quadro de colaboradores da companhia. Nos sensibilizamos, lamentamos profundamente o ocorrido e daremos apoio à cliente, nos colocando à sua disposição.
A empresa não tolera racismo ou qualquer tipo de preconceito e discriminação. Reforçamos que temos uma política de Direitos Humanos, além de um Código de Conduta e um programa de diversidade que buscam promover a inclusão, o que passa pela sensibilização e capacitação constante das nossas equipes.
Continuaremos empenhados em avançar na conscientização de nossos times e no aprimoramento de nossos processos, reforçando os treinamentos e com atuação imediata na loja em questão, com o objetivo de garantir que o respeito e a equidade sejam aplicados em todas as nossas relações.”
Video gravado por testemunhas (Video:Reprodução/O Globo)
Em entrevista a TV Globo, a estudante conta como tudo aconteceu:
”Eu estava com uma jaqueta dentro da bolsa e uma funcionária disse que eu estava com uma roupa da loja escondida e que eu queria furtar. Eu tomei um susto pelo que estava acontecendo. Eu fiquei com medo de ser acusada de roubar uma coisa que é minha, antiga. Fiquei muito constrangida, humilhada. Foi um episódio horroroso. Estou muito abalada, sentida, me sinto muito humilhada” declarou a estudante, que continuou dizendo ”A gente vê acontecendo com outras pessoas, ficamos chateados, mas não imaginamos que vai acontecer com a gente. Estou muito chateada e abalada”, completou.
A jovem, que é portadora de psoríase, uma doença autoimune, disse que a situação piorou o quadro de sua pele:
”Eu sofro de uma doença autoimune, a psoríase, que causa feridas na pele. Por conta do estresse, elas se agravaram; meu corpo está tomado por essas lesões, vermelhas e em carne viva. Esta muito ruim”, conta Awdrey.
Awdrey afirma que foi acusada pela segurança da loja de furto, caso ocorrido no último sábado (12), a jovem retornou a delegacia de Madureira nesta segunda-feira (14) na companhia de sua mãe e a advogada, para pedir que a tipificação do caso seja mudada. A ocorrência teria sido registrada como calúnia, mas a defensora da família exige que seja registrado como racismo.
Foto destaque: Momento em que abordagem foi feita / Reprodução: Terra