Nesta quarta-feira (13), a ex-presidente da Argentina, Cristina Fernández de Kirchner, foi considerada culpada e sentenciada a seis anos de prisão pelo tribunal federal de apelações do país pelo crime de fraude contra o estado. Ela também será desqualificada para assumir cargos públicos e terá que pagar uma multa no valor de 85 milhões de pesos (490 mil reais).
Os juízes da Câmara IV da Câmara Federal da Cassação Penal foram unânimes na decisão. Outros membros do governo também foram denunciados.
A denúncia
A ex-presidente foi denunciada pelo Ministério Público da Argentina no caso que ficou conhecido como “Estradas”, por fabricar contratos milionários e superfaturar obras em vias públicas desnecessárias e que nunca foram completadas, ainda em 2003, quando Néstor Kirchner era presidente do país, e seguiu até 2015, já no mandato de Cristina. Segundo a investigação, 85 bilhões de pesos argentinos foram desviados, o que equivale cerca de US$ 1 bilhão.
Ex-presidente Cristina Kirchner (Foto: reprodução/Rodrigo Valle/Getty Images Embed)
Os casos ocorreram especificamente na província de Santa Cruz, onde ficava a residência de Néstor Kirchner, falecido marido de Cristina. Os dois ganharam relevância política no local. Segundo as acusações, o empresário Lázaro Báez, ativo na região e com proximidade política da ex-presidente, foi beneficiado com 51 contratos de concessões públicas.
Segundo os procuradores, as empresas de Báez funcionavam apenas para tirar dinheiro do Estado. Quando o mandato de Cristina acabou, em 2015, a empresa desapareceu.
A Suprema Corte ainda pode receber apelação do caso da defesa de Cristina. O tribunal irá começar a avaliar o caso somente em 2025. Como Kirchner tem 71 anos, ela pode solicitar a prisão domiciliar, já que é previsto nas leis do país o benefício para pessoas acima de 70 anos.
Apoiadores da ex-presidente Cristina em protesto contra sentença (Foto: reprodução/Luis Robayo/Getty Images Embed)
Desqualificação em cargos públicos
Em 2022, Kirchner sofreu uma tentativa de assassinato, o que gerou apoio em massa para ela, e ela chegou a ser indicada para ser líder do Partido Justicialista. Ela assumiria o cargo no próximo domingo (17), após Alberto Fernández, ex-presidente do país e antigo líder do partido, ser expulso do cargo depois de uma acusação de abuso contra sua esposa.
Com a possível condenação, Cristina poderia ser impedida de assumir tal cargo, já que há em debate um projeto de lei que proíbe pessoas com alguma condenação por corrupção de assumirem cargos públicos.
Foto destaque: Ex-presidente Cristina Kirchner (Reprodução/Juan Mabromata/AFP)