A Polícia Federal indiciou na tarde desta quinta-feira(21) 37 pessoas pelo envolvimento em atos e tramas golpistas para impedir que o presidente Lula assumisse o cargo como presidente após a derrota nas eleições da chapa encabeçada pelo ex-presidente Jair Bolsonaro.
Todos os 37 indiciados devem responder por tentativa de golpe de Estado, abolição violenta do estado democrático de direito e organização criminosa.
Apesar de ter sido anunciado os nomes dos 37 indiciados, o relatório da PF ainda segue sob sigilo.
Articuladores do golpe são indiciados
De acordo com a Polícia Federal, havia nos corredores do Palácio do Planalto uma articulação para que Lula não reassumisse o cargo de Presidente da República após vitória na eleição contra Jair Bolsonaro. Para isso, haviam diversos planos para ações antidemocráticas para que Bolsonaro fosse mantido no poder.
Braga Netto e Bolsonaro formaram chapa nas eleições de 2022 (Foto: reprodução/ Cristiano Mariz/O Globo)
Ainda segundo a PF, fazem parte deste núcleo além de Bolsonaro o general Braga Netto, que foi vice na chapa com Bolsonaro nas eleições de 2022 e interventor federal à época da intervenção federal na segurança público do estado do Rio de Janeiro entre 2017 e 2018, Augusto Heleno, ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional, Alexandre Ramagem, ex-diretor da Agência Brasileira de Inteligência e candidato a prefeito do Rio de Janeiro no pleito de 2024, Anderson Torres, ex-ministro da Justiça e ex-secretário de segurança do Distrito Federal preso após o atos golpista de 8 de janeiro de 2023 e Valdemar da Costa Neto, presidente do PL.
A tentativa de golpe era dividida em seis núcleos
De acordo com a Polícia Federal, havia seis núcleos para fazer com que a articulação golpista fosse mais organizada e assim tivesse mais chances de ter sucesso. Os núcleos eram divididos da seguinte forma:
Núcleo de Desinformação e ataques ao Sistema Eleitoral: Esse grupo era responsável por disseminar mentiras sobre as urnas eletrônicas e o processo eleitoral. Era por esse núcleo que incitava atos golpistas e construía narrativas para descredibilizar o sistema eleitoral para convocar atos golpistas.
Núcleo responsável por incitar militares: além de trazer as desinformações produzidas pelo núcleo anterior para dentro dos quarteis, esse grupo também era responsável por incitar militares contra outros militares, principalmente os que estavam em posições de comando que resistiam às investidas golpistas.
Núcleo Jurídico: além de ter escrito a minuta do golpe, fazia assessoramento jurídico e elaborava minutas com decretos que atendessem os interesses golpistas. Alguns destes documentos foram encontrados na casa de Anderson Torres.
Núcleo Operacional de Apoio: Era o grupo responsável por manter as manifestações na frente dos quarteis que se formaram após o segundo turno das eleições. Também foi esse núcleo o responsável pela mobilização e financiamento dos “Kids Preto”, que são militares de forças especiais.
Núcleo de Inteligência Paralela: era o grupo responsável por coletar dados e informações para auxiliar nas decisões golpistas. Esse grupo também foi responsável por monitorar o deslocamento e a localização do presidente Lula, do vice-presidente Geraldo Alckmin e do ministro do STF e presidente do Tribunal Superior Eleitoral à época dos fatos Alexandre de Moraes.
Núcleo Operacional de Medidas Coercitivas: Era o grupo encarregado de anular adversários do golpe usando inclusive a violência se utilizando de capturas e assassinatos do presidente Lula, do vice-presidente Alckmin e do ministro do STF Alexandre de Moraes.
Foto destaque: Esse é terceiro indiciamento do ex-presidente Jair Bolsonaro (Reprodução: Walter Campanato/Agência Brasil)