O engenheiro David Lochridge revelou nesta terça-feira (17), em audiência para a Guarda Costeira dos EUA, que tinha alertado os diretores da OceanGate sobre possíveis falhas de pressão no submarino Titan em 2018, 5 anos antes da implosão no mar. Lochridge, que é ex-diretor de operações da empresa, fez a revelação no segundo dia de audiência sobre o caso.
Tragédia que poderia ser evitada
De acordo com David, o incidente que aconteceu com o submarino que visitava os destroços do transatlântico Titanic em 2023 poderia ser evitado se as regras e regulamentos padrões não tivessem sido ignorados, padrões estabelecidos pela guarda costeira, agências reguladoras e fabricantes. Em suas palavras: “era inevitável que algo fosse acontecere”.
Ele afirmou que detectou diversas falhas no controle de qualidade feito em janeiro de 2018, classificando o submersível como “experimental e inseguro” e que explicou as falhas para a diretoria da empresa, porém foi demitido após contestar a decisão do CEO da OceanGate, Stockton Rush, que morreu na expedição em 2023. Lochridge chegou a travar uma batalha judicial contra a empresa, que o processava por expor informações confidenciais e processou a empresa de volta por uma demissão injusta. Dez meses depois, ele desistiu da denúncia e as denúncias foram retiradas de ambas as partes.
Relatório de controle de qualidade
Foto inédita do submarino Titan divulgada na audiência do caso (Foto: reprodução/Guarda Costeira dos Estados Unidos)
Em um relatório enviado por e-mail em 2018, David demonstrou preocupações à direção da empresa, porém foi ignorado. No relatório enviado no e-mail ignorado, Lochridge listava diversos problemas técnicos que o submarino tinha, como o material que o submersível era feito, que era feito de fibra de carbono e se deformava em altas profundidades por conta da pressão. Além dessa fragilidade do material, no relatório ele informou que a carcaça apresentou sinais visíveis de delaminação, que é quando as camadas se deslocam e em mergulho, danificariam seriamente o submarino.
O casco de pressão também não havia sido testado e uma das janelas foi testada somente até 1.300 metros de profundidade, que é três vezes menor que a profundidade que os destroços do Titanic se encontravam. Segundo David, a medida de prevenção da empresa seria um sistema de alerta acústico, projetado para soar um alarme caso o casco começasse a se romper, porém a medida não seria eficaz para impedir a tragédia.
A audiência do caso
Durante a audiência que aconteceu nesta terça-feira (17), foi revelado que o submarino Titan nunca havia sido revisado pelos técnicos da OceanGate e a Guarda Costeira informou que antes de ir para a missão, ele tinha sido exposto a condições climáticas e outros elementos por meses, o que pode ter danificado o seu casco.
A última mensagem de texto enviada por um tripulante foi: "Está tudo bem aqui"., após essa mensagem o submarino não enviou nenhum contato para a equipe e implodiu, matando 5 pessoas, incluindo os donos da empresa, bilionários e um pesquisador que acompanhava a expedição. O submarino foi encontrado a 3.600 metros abaixo da superfície. Até os dias de hoje, não foi possível afirmar se os tripulantes sabiam das falhas técnicas que o submarino tinha.
Foto destaque: Submarino Titan em expedição (Foto: reprodução/OceanGate)