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Cortes de Milei na educação levam estudantes às ruas na maior manifestação contra o governo

Protesto em defesa da educação reuniu estudantes e professores de diversas cidades do país, inclusive na capital, onde os manifestantes caminharam até a Praça de Maio

24 Abr 2024 - 10h06 | Atualizado em 24 Abr 2024 - 10h06
Cortes de Milei na educação levam estudantes às ruas na maior manifestação contra o governo Lorena Bueri

A população argentina ocupou as ruas de Buenos Aires em protesto contra os cortes orçamentários feitos pelo presidente Javier Miliei nas universidades públicas do país. A manifestação desta terça-feira (23) foi a maior desde que o político de extrema-direita assumiu a presidência, em 2023. De acordo com Universidade de Buenos Aires (UBA), cerca de 500 mil pessoas participaram das manifestações. O governo, no entanto, informou o número de ao menos 150 mil.

Com livros e cartazes nas mãos, os milhares de manifestantes se concentraram em torno da sede das 13 faculdades da UBA e caminharam até as ruas da Praça de Maio, principal praça da capital e tradicionalmente conhecida por receber protestos e manifestações. Durante o ato, faixas foram erguidas com frases como “Milei ou educação”,  “a universidade lutando também está ensinando” e “aumentem o orçamento, abaixo o plano de Milei”. Recentemente, a UBA, uma das três melhores universidades de toda a América Latina, declarou emergência orçamentária.

Alunos, ex-alunos e professores unidos 

O universitário Nicolás Villagra, 24, disse que o movimento é importante para trabalhadores e estudantes. “A educação pública levanta um país”, disse à AFP. Pedro Palm, arquiteto de 82 anos formado pela UBA, também esteve presente no ato “para defender as universidades públicas”. Ao G1, ele alertou que a redução no orçamento da universidade poderia levar ao fechamento da renomada instituição, que oferece ensino superior gratuito e depende do financiamento governamental.


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População ocupa ruas da capital contra cortes na educação pública (Foto: reprodução/Getty Images Embed)


Os protestos não aconteceram apenas em Buenos Aires. Alunos, ex-alunos e docentes das 57 universidades sob gestão estatal se reuniram em prol da “defesa da educação universitária pública e gratuita”. Em Córdoba, cidade no centro da Argentina, dezenas de milhares ocuparam as ruas. As instituições privadas, assim como as centrais sindicais, partidos e opositores, também aderiram às manifestações.

Sergio Massa, ex-ministro da Economia e opositor de Milei nas eleições, também esteve presente na marcha em Buenos Aires, mas afirmou que não daria declarações: “hoje falam os reitores e os jovens”. Axel Kicillof, governador da província de Buenos Aires, e Adolfo Pérez Esquivel, vencedor do prêmio Nobel da Paz de 1980, também marcaram presença na manifestação. “A educação é para criar homens e mulheres livres”, afirmou Esquivel segundo publicado pelo G1.

Situação crítica

Além da UBA, outras universidades também declararam emergência orçamentária. O anúncio veio após o governo de Milei decidir repetir o mesmo orçamento de 2023 para 2024, mesmo com uma inflação anual de quase 290% em março. Houve, então, estagnação do orçamento, mas aumento de despesas. Somente a tarifa de energia subiu 500% este mês.

Para o professor Rubén Arena, os cortes de gastos são necessários, mas não da forma como está sendo feito. “Não como está sendo ajustado nas univerdades, que permitem um movimento social ascendente. [...] o protesto busca defender o futuro da Argentina e muitas gerações que poderão ter acesso a uma educação de excelência”, defendeu.


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A política ultraliberal de Milei tem provocado descontentamento da população (Foto: reprodução/Getty Images Embed)


O sistema educacional argentino tem hoje cerca de 2,2 milhões de estudantes e já formou cinco prêmios Nobel do país. Apesar do prestígio e reconhecimento internacional, Milei questionou a qualidade do ensino superior em post feito no X no último fim de semana.

São usadas para fazer negócios obscuros e doutrinar”, escreveu.

Com a política de cortes, as gestões das universidades racionaram o uso de elevadores, limitaram horários das bibliotecas de programas de extensão universitária e reduziram o uso de água quente como medidas de emergência. Segundo Ricardo Gelpi, reitor da UBA, se a situação atual permanecer, a instituição consegue funcionar por no máximo três meses. 

Foto destaque: em defesa da universidade pública, estudantes, docentes e opositores se reunem em protesto (Reprodução: Getty Images Embed)

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