Jovens do mundo inteiro estão começando cada vez mais a consumir conteúdos via internet em seus smartphones, cada vez com menos idade, e isso tem preocupado toda a comunidade. Um aplicativo que foi criado pela comunidade Gamer para conversar enquanto jogam online, criar podcasts, videocasts, agora é usado para disseminar conteúdos ilícitos, como pornografia, mutilações a animais e a si próprios, até conteúdos nazistas e incentivo a ataques em escolas.
O aplicativo funciona por meio de servidores, também chamados de salas, onde comunidades virtuais são criadas e os conteúdos criados são mostrados e visualizados. Essas salas são fechadas, porém qualquer um pode entrar. O aplicativo tem termos de uso no qual proíbe conteúdos violentos e ilegais.
Crianças e adolescentes são os que mais consomem esse tipo de conteúdo no Discord. Esse comportamento está levando tanto pais, quanto a comunidade escolar uma grande preocupação, pois há espaço dentro de salas no aplicativo onde buscam desmentir o conteúdo ministrado em sala de aula e há confronto contra o que os professores ensinam.
Há espaço também para pontos positivos dentro da plataforma, como divulgações científicas, professores ensinando seriamente, relacionamentos amorosos.
Os mais vulneráveis são meninas adolescentes, onde, por serem ainda facilmente manipuladas, são coagidas a fazer desafios, que vão desde masturbação ao vivo ou gravado, até automutilações, principalmente nas genitais. Os donos dos servidores, muitas vezes descobrem dados pessoais das vítimas e sob ameaça a estas, obrigam a fazer esses atos ou desafios.
Símbolo do Discord, aplicativo de bate-papo - (Foto: reprodução/Twitter)
A necessidade de pertencimento a algo, a ser popular ou ser contra o sistema vigente, é apontado por especialistas, como psicólogos, as causas desses jovens estarem entrando nesse mundo. O que antigamente era visto apenas na Deep Web, hoje em dia acontece normalmente em alguma rede social. Por não haver um controle, não só no Brasil, como no mundo todo, especialistas dizem que a crueldade só aumentou.
Nos Estados Unidos, existem processos contra essas plataformas, e uma específica contra o Discord chama a atenção. Uma menina de 13 anos de idade foi explorada sexualmente e financeiramente dentro de um desses servidores, teve fotos e vídeos seus nua vazados e foi chantageada. Após o vazamento, ela tentou se suicidar. Os pais cobram na justiça uma indenização.
Há também comunidades de maus tratos a animais, como vídeos de jovens ateando fogo em gatos, disseminação de conteúdos nazistas, com jovens escrevendo na testa nome das salas que frequentam e incentivando ataques a escolas.
Tanto nos EUA, quanto na Europa e no Brasil há discussão sobre a regulamentação por parte de governos, a aplicativos de internet. No Brasil, nesta terça-feira (02) haverá a votação de um projeto de lei a fim de regulamentar a internet. Dentre as regras a serem implantadas, as mais importantes são as que pedem maior transparência para moderação e algoritmos e aumento dos filtros das próprias plataformas para combater esses tipos de conteúdo.
Pricipais regras do projeto de lei 2360 a ser discutido no congresso - (Foto:reprodução/MauricioFrança)
O ECA, Estatuto da Criança e do Adolescente, criado pela UNICEF, determina a proteção da criança, e tem partes que recomendam a aplicativos que elaborem filtros a fim de proteger os jovens e evitar o consumo e disseminação de conteúdos nocivos.
O Ministério da Justiça brasileiro criou este ano, uma força tarefa, através do Laboratório de Operações Cibernéticas, para monitorar e acompanhar de perto essas redes sociais e esses grupos que disseminam ódio.
Esses conteúdos não nascem dentro do aplicativo Discord. A força tarefa identificou que os conteúdos surgem geralmente do Twitter e no TikTok ganham relevância, através de vídeos curtos que levam o usuário a consumir no Discord, apenas com um clique.
O Telegram, outro aplicativo de conversas, que nesta última semana ficou fora do ar por conta de uma decisão da justiça brasileira, sob acusação de não enviar dados de criminosos que usam o aplicativo pra cometer delitos diversos e conspirar contra a democracia, como no caso do dia 08 de janeiro, onde houve uma tentativa de golpe no Brasil.
O Telegram conseguiu uma liminar e no último sábado (28) conseguiu derrubar a liminar e voltou a operar no Brasil desde então.
Foto Destaque: Mulher segurando celular – (Foto: reprodução/Freepick)