A CPI da Covid aprovou o relatório final nesta terça-feira (26), após seis meses de investigações. Foram mais de sete horas de discussão, com dois intervalos e doze novos nomes na lista de indiciamentos, junto com o presidente Jair Bolsonaro, que foi acusado de nove crimes.
Os novos indiciados são assessores e ex-assessores do Ministério da Saúde, pessoas envolvidas no “mercado paralelo” de vacinas, o governador do Amazonas, Wilson Lima, e o ex-secretário de Saúde do estado, Marcellus Campêlo. O nome do senador Luis Carlos Heinze (PP-RS) também foi incluído na lista, mas foi retirado novamente no fim da tarde.
Em relação a Bolsonaro, Renan Calheiros pede indiciamento pelos seguintes crimes:
Epidemia com resultado morte
Infração de medida sanitária preventiva
Charlatanismo
Incitação ao crime
Falsificação de documento particular
Emprego irregular de verbas públicas
Prevaricação
Crimes contra a humanidade
Crimes de responsabilidade (violação de direito social e incompatibilidade com dignidade, honra e decoro do cargo
De acordo com Renan, as ações de Bolsonaro durante a pandemia podem ser enquadradas em crime de responsabilidade — infração que pode resultar em impeachment.
Além disso, houve pedido para que a advocacia do Senado acione o Supremo Tribunal Federal e a Procuradoria-Geral da República a fim de que haja a responsabilização de Bolsonaro por "campanha antivacina".
Tal pedido vem logo após o presidente espalhar fake news em live, onde disse que a vacina contra Covid-19 causava Aids, o que resultou também na solicitação do relatório de que Bolsonaro seja afastado de todas as redes sociais para a “proteção da população brasileira”. O relatório reúne, entre outros elementos, imagens do presidente provocando aglomerações, declarações em que desdenha da vacina e incita a população a invadir hospitais e o esforço pessoal de Bolsonaro, ao lado do Itamaraty, para articular com a Índia a compra de matéria-prima para a produção de cloroquina – remédio ineficaz para a Covid, além de detalhar o atraso na aquisição de vacinas e a falta de resposta às fabricantes, como a Pfizer e o Instituto Butantan, que desde 2020 tentavam vender o imunizante ao governo brasileiro.
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Renan Calheiros chamou Bolsonaro de "homicida" em seu último discurso como relator
Em seu último discurso na condição de relator da CPI da Covid, o senador Renan Calheiros (MDB-AL) chamou o presidente Jair Bolsonaro de "despreparado", "desonesto", "caviloso" (falso, fingido), "arrogante", "autoritário", "homicida", entre outras adjetivações. Além disso, afirmou que o governo "sabotou a ciência" e que o presidente agiu como um "missionário enlouquecido para matar o próprio povo". Disse também que: "O caos do governo Jair Bolsonaro entrará para a história como o mais baixo degrau da indigência humana e civilizatória. Reúne o que há de mais rudimentar, infame e sombrio da humanidade".
O relatório final encerra seis meses de investigações da pandemia que deixou mais de meio milhão de mortos no país. Após a aprovação do mesmo, os senadores fizeram um minuto de silêncio pelas mortes causadas pela doença.
Renan Calheiros foi relator da CPI da Covid. (Foto: Reprodução/Edilson Rodrigues/ Agência Senado)
No início deste mês, o Brasil se tornou o 2º país em óbitos causados pelo novo coronavírus, o 3º com mais casos confirmados e o 4º em doses de vacinas aplicadas.
Foto Destaque: Relatório final da CPI da Covid. Alessandro Dantas/PT no Senado