O texto enviado pelo ex-presidente Jair Messias Bolsonaro, de acordo com a Polícia Federal, foi compartilhado nas redes sociais por aliados que, posteriormente, manifestaram abertamente o desejo de um golpe de Estado.
Pesquisa sobre as mensagens
Um levantamento feito pelo professor da USP e colunista do Globo, Pablo Ortellado, revelou que o primeiro a compartilhar o texto de Bolsonaro em redes sociais foi o militar da reserva, Ailton Barros, que atualmente está preso por envolvimento em uma fraude de cartões de vacinação conduzida por Mauro Cid.
Ortellado comparou o texto enviado por Bolsonaro ao empresário Meyer Nigri com os registros do Facebook e encontrou três publicações do texto apenas minutos após a ordem de Bolsonaro para disseminar um ataque contra ministros do Supremo Tribunal Federal, do Tribunal Superior Eleitoral, as urnas e os institutos de pesquisa.
Urna eletrônica. Foto: (José Cruz/Reprodução/AgênciaBrasil)
Ailton Barros foi tão longe a ponto de repassar a ordem de disseminação em massa das notícias falsas. Ele publicou o texto enganoso apenas dez minutos após Bolsonaro ter enviado a mensagem. Conforme as investigações já indicaram, Barros também escreveu a Mauro Cid pedindo que ele convencesse o ex-presidente a usar as Forças Armadas para promover um golpe.
Decisão do ministro do STF
O ministro Alexandre de Moraes, em sua decisão que expandiu as investigações sobre o envio de mensagens com notícias falsas a empresários, confirmou que o remetente era, de fato, Bolsonaro. Ele afirmou que existe um vínculo entre o ex-presidente e a disseminação de várias notícias falsas prejudiciais à democracia e ao Estado de Direito.
O texto com ataques às instituições também foi compartilhado por um candidato ao Senado pelo Partido Liberal do Amazonas que estava associado a um acampamento favorável a um golpe no estado, embora ele não tenha sido eleito.
Além disso, o Cabo Gilberto Silva também compartilhou o texto enviado por Bolsonaro em suas redes sociais. Ele está sendo investigado por suposto apoio aos atos antidemocráticos ocorridos em 8 de janeiro deste ano.
Foto destaque: Jair Bolsonaro. Reprodução/Twitter/Bolsonaro