Os casos de violência contra a mulher aumentaram absurda e gradativamente desde 2018, mas este ano já conta com um novo record: cerca de 74.584 denúncias através do Ligue-180, apenas até outubro.
Pedido de Socorro
Do número total, 51.941 denuncias foram realizadas pela própria vítima, e destas, cerca de 31.931 são de mulheres negras. Violência que, na grande maioria das vezes, ocorre dentro do próprio lar, pelo companheiro ou familiares.
A violência psicológica, que até um tempo atrás não era considerada violência, hoje está no topo das denúncias, seguida pelas: física, patrimonial, sexual, cárcere privado, violência moral e tráfico de pessoas. São Paulo, Rio e Minas são os estados com maior número de casos.
Brasil registra 722 feminicídios no 1º semestre de 2023 (Gráfico: reprodução/G1)
Feminicídio
Crime que configura morte em decorrência de violência doméstica ou, simplesmente, por ódio ao sexo feminino, que contou com 1.153 casos até julho de 2023 em todo o Brasil, que alcança record em algumas cidades e estados: o Distrito Federal teve um aumento de 205%, apenas até junho se comparado com 2022, ou seja, já havia ultrapassado o total de mortes em todo ano passado, e até setembro já tinha 21 casos; a Paraíba, que havia registrado 17 casos até junho, contou com cerca de 8 feminicídios apenas em outubro.
Causas
Segundo a Agence France-Presse, o presidente Lula, atribui a Jair Bolsonaro, que governou o país de 2019 a 2022, parte da responsabilidade tanto pelo aumento dos casos de violência contra mulher, quanto pelo aumento do número de feminicídios. Isto porque o ex-presidente estimulou por diversas vezes publicamente, mesmo que de forma velada, a violência contra as mulheres, chegando ao episódio em que disse a deputada federal Maria do Rosário que não a estupraria porque ela não merecia - fato filmado e divulgado em diversos meios de comunicação enquanto Bolsonaro ainda era deputado.
Jair Bolsonaro atacando verbalmente Maria do Rosário (Vídeo: reprodução/Youtube/IstoÉ Publicações)
Bolsonaro também, enquanto presidente, cortou 90% dos recursos destinados ao Ministério da Mulher, Família e Direitos Humanos, órgão que deveria tratar dos assuntos relacionados à violência contra a mulher. E o orçamento deixado por seu governo para este ano, não previu gastos com o assunto.
Para a atual ministra da pasta criada no vigente governo, o Ministério da Mulher, Cida Gonçalves, o problema também pode ser atribuído ao crescente aumento do ódio na sociedade brasileira, sinal de alerta de genocídio, segundo a ONU.
Canais de ajuda
Além do disque 190, número da Polícia Militar em todo Brasil, as vítimas também podem contar com atendimento pelo Ligue 180, serviço específico para denúncias de violência contra a mulher. Além do socorro, o serviço também auxília através de informações sobre os direitos da mulher.
Foto Destaque: cartaz de campanha sobre violência contra mulher (reprodução/Usembassy)