O presidente Lula voltou à Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU) 14 anos depois. Em seu discurso em Nova Iorque, Lula abordou temas como o combate à desigualdade, a guerra Rússia-Ucrânia, a luta contra a desinformação e a defesa da democracia, as mudanças climáticas e a preservação de florestas.
Líderes de Rússia, China, Índia, Reino Unido e França não compareceram à Assembleia, enfraquecendo a agenda de Lula de reforma no Conselho de Segurança da ONU. Lula deve encontrar Biden e Zelensky hoje (20) às 17h (horário de Brasília).
Presidente Lula abre a Assembleia Geral da ONU
O presidente Lula discursou 20 anos após sua primeira participação na assembleia, em 2003. Tradicionalmente, o chefe de Estado brasileiro é o primeiro a discursar.
Foi o 7º discurso de Lula no evento. O presidente brasileiro iniciou o discurso falando sobre a persistência da fome e da desigualdade no mundo.
"A fome, tema central da minha fala neste Parlamento Mundial 20 anos atrás, atinge hoje 735 milhões (…) O mundo está cada vez mais desigual. Os 10 maiores bilionários possuem mais riqueza do que os 40% mais pobres da humanidade."
Presidente Lula fez o discurso de abertura ontem (19) na Assembleia Geral da ONU. (Foto: Reprodução/UN)
Lula definiu três prioridades para a presidência do G20, que o Brasil assumiu no dia 10: combate à fome, pobreza e desigualdade; transição energética e desenvolvimento sustentável; e reforma do sistema de governança internacional.
Guerra Rússia-Ucrânia e reforma do conselho de segurança da ONU
O presidente brasileiro enfatizou a importância de reformar o Conselho de Segurança da ONU, destacando a guerra Rússia-Ucrânia como um exemplo da ineficácia das Nações Unidas em resolver conflitos. Lula pediu uma resolução pacífica do conflito e criticou os gastos militares.
Lula falou sobre a guerra Rússia-Ucrânia e criticou ineficácia do Conselho de Segurança da ONU em resolver conflitos. (Foto: reprodução/Instagram/@lulaoficial)
"Continuaremos críticos a toda tentativa de dividir o mundo em zonas de influência e de reeditar a Guerra Fria. O Conselho de Segurança da ONU vem perdendo progressivamente sua credibilidade. Essa fragilidade decorre em particular da ação de seus membros permanentes, que travam guerras não autorizadas em busca de expansão territorial ou de mudança de regime."
Os líderes Xi Jinping (China), Vladimir Putin (Rússia), Narenda Modi (Índia), Rishi Sunak (Reino Unido) e Emmanuel Macron (França) não participaram da Assembleia. São membros permanentes do conselho de segurança da ONU: China; EUA; França; Reino Unido; Rússia.
O Brasil atualmente é um dos 10 membros não permanentes do conselho, que conta com 15 países ao todo. O Brasil deverá deixar o órgão no final deste ano, com a eleição dos novos membros rotativos tendo acontecido em junho.
Lula deve encontrar Zelensky e Biden hoje à tarde
O presidente dos EUA Joe Biden discursou após Lula no evento. Biden e Lula concordaram em temas como a necessidade de ação dos países ricos no combate às mudanças climáticas e reforma do Conselho de Segurança da ONU, mas divergiram sobre a responsabilidade pela guerra na Ucrânia.
O presidente ucraniano Volodymyr Zelensky fez seu primeiro discurso presencial na ONU, alertando para o bloqueio de portos ucranianos pela Rússia e destacando a renúncia ucraniana a armas nucleares.
Volodymyr Zelensky discursou presencialmente pela primeira vez na assembleia da ONU. Lula e Zelensky devem se reunir hoje às 17h de Brasília (Foto: reprodução/UN)
Lula deve encontrar Zelensky hoje à tarde, às 17h (horário de Brasília), depois de se reunir com Joe Biden. Será a primeira reunião bilateral entre Lula e Zelensky, após convite feito pela Ucrânia. Durante a cúpula do G7, em maio, no Japão, Zelensky não compareceu a uma reunião marcada com o presidente brasileiro.
Lula falou a jornalistas na terça-feira (19) à noite sobre reunião com Zelensky. (Foto: reprodução/Instagram/@lulaoficial)
Ao ser questionado por jornalistas sobre o encontro com o presidente ucraniano, Lula comentou que a expectativa é ter uma conversa entre dois presidentes de dois países, cada um com seus problemas e visões.
Foto destaque: Presidente Lula voltou à Assembleia Geral da ONU após 14 anos. Reprodução/Instagram/@lulaoficial.