O Dólar chegou a R$ 6,24 nesta quarta-feira (18) batendo novo recorde. A alta ocorreu após a redução de juros do Fed (Federal Reserve, o banco central americano) em 0,25 pontos base na taxa de juros nos Estados Unidos. Este fator sinalizou uma redução do ritmo de corte adicional dos custos dos empréstimos em razão da taxa de desemprego estável e a pouca alteração na recente na inflação.
No Brasil, os investidores analisam risco monetário. Hoje, às 16h57, o dólar subiu 2,81%, alcançando R$ 6,266 na compra e R$ 6,267 na venda. A terça-feira (17) encerrou o dia com um aumento de 0,10%.
Política monetária nacional
Mesmo antes do anúncio da alta do recorde do dólar nessa terça-feira, o mercado financeiro já demonstrava descrença em relação à política monetária nacional. Isso porque o pacote de corte de gastos públicos com intervenções cambiais, anunciadas pelo Banco Central (BC), vinham se mostrando ineficazes, de acordo com especialistas.
O diretor de câmbio da Ourominas, Elson Gusmão, explica que instabilidade no mercado financeiro é consequência da baixa confiança nas medidas fiscais adotadas pelo governo.
“O mercado acaba não vendo uma factível no pacote fiscal apresentado pelo governo e uma dinâmica de aumentar arrecadamento sem planos para diminuir despesas. Quando você gera desconfiança, investidores correm para algo mais seguro, como dólar e ouro”, destaca.
Políticas fiscais do governo brasileiro
Tramitam no Congresso dois importantes projetos que devem ser analisados ainda neste ano que incluem um pacote de medidas com economia estimada em R$ 70 bilhões em dois anos. O da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO), e da Lei Orçamentária Anual (LOA).
Segundo o economista da Valor Investimentos, Paulo Henrique Duarte, a pouca clareza em relação às políticas econômicas fiscais gerou impacto negativo no mercado financeiro.
“Falta uma sinalização do executivo e legislativo de entendimento sobre como conduzir essa política [fiscal]. Nesse cenário o BC deveria ser reativo e não assumir o papel de condutor”, destaca Duarte.
O economista ainda declarou que a projeção é que o dólar se torne uma moeda ainda mais forte com a eleição de Donald Trump à presidência dos Estados Unidos.
(Vídeo:reprodução/YouTube/@CNNBrasil)
Leilões do Banco Central
Nessa terça-feira o Banco Central promoveu dois leilões com a finalidade da contenção da alta moeda. Dentre eles, um foi realizado com o valor de US$ 2,015 bilhões. Já na segunda-feira (16) US$ 3 bilhões foram leiloados. O BC irá leiloar até 15.000 contratos de swap cambial tradicional com o vencimento para 3 de fevereiro de 2025.
Medidas de contenção de gastos
Na noite dessa terça-feira (17) a Câmara dos Deputados aprovou o texto-base do Projeto de Lei Complementar 210, que faz parte do pacote fiscal. A proposta estabelece limites dos gastos de despesas com pessoal e aponta incentivos tributários no caso de déficit primário.
Em meio à instabilidade, o mercado de investidores segue acompanhando as próximas etapas das medidas de contenção de gastos do governo. A estimativa é que os parlamentares entrem em recesso na próxima sexta-feira (20).
Foto destaque: Dólar, moeda americana (Reprodução: Javier Ghesi/Getty Images Embed)