O papa Francisco, líder da Igreja Católica e nome importante em um período de mudanças no Vaticano, morreu na madrugada desta segunda-feira (21), aos 88 anos. O anúncio oficial foi feito pelo cardeal irlandês Kevin Farrell, que lamentou a perda do pontífice em uma mensagem divulgada nas redes sociais do Vaticano.
Em seu pronunciamento, Farrell disse que comunicava a notícia do falecimento, que ocorreu as 7h35 da manhã com “profunda dor” e pediu orações aos fieis de todo o mundo, destacando a trajetória de Francisco como marcada pela dedicação à fé, ao diálogo entre os povos e à busca constante por justiça social.
O camerlengo da Santa Romana Igreja, card. Kevin Joseph Farrell, anunciou a morte do Papa Francisco (Vídeo: reprodução/Instagram/Vaticannewspt)
Ele disse que Francisco, como líder da Igreja em Roma, partiu para junto de Deus. Segundo o cardeal, toda a vida do papa foi marcada pela dedicação a Deus e à missão da Igreja Católica.
Papa enfrentava complicações respiratórias
No início deste ano, o papa Francisco enfrentou complicações respiratórias e precisou passar cerca de 40 dias internado no Hospital Gemelli, em Roma. Ele recebeu alta no dia 23 de março, mas depois os médicos descobriram que estava com pneumonia nos dois pulmões, e a infecção provocou uma inflamação, o que dificultava sua capacidade de respirar normalmente.
Durante a internação o estado de saúde do pontífice oscilou entre momentos de melhora e recaída. O Vaticano descreveu o caso como delicado e de difícil tratamento, já que envolvia infecções graves.
Francisco também teve uma crise respiratória que durou bastante tempo, com sintomas parecidos com os da asma. Ele precisou receber transfusões de sangue. Para ajudá-lo a respirar melhor, os médicos usaram uma máscara especial, sem precisar entubá-lo.
Papa Francisco teve um histórico de problemas respiratórios desde a juventude, e a pneumonia foi uma preocupação constante ao longo de sua vida. Ainda jovem, na Argentina, Francisco teve uma grave infecção pulmonar que o levou a perder parte de um dos pulmões. Desde então, convivia com algumas limitações respiratórias.
Sua última aparição em público foi no domingo de Páscoa, dia 20, quando surgiu brevemente na varanda da Basílica de São Pedro. Sentado em uma cadeira de rodas e com a voz visivelmente enfraquecida, ele saudou os fiéis reunidos na Praça São Pedro com uma mensagem de “Feliz Páscoa”.
Apesar da saúde visivelmente fragilizada, ele fez questão de participar do tradicional momento litúrgico para saudar os religiosos.
Papa Francisco celebrando o domingo de Páscoa no Vaticano (Foto: reprodução/Vatican Pool/Getty Images Europe)
Na bênção, o papa afirmou que a paz verdadeira só é possível quando as pessoas têm liberdade para seguir sua religião, expressar suas ideias e opiniões, e quando há respeito pelas opiniões dos outros.
O legado na Igreja Católica e causas sociais
Jorge Mario Bergoglio, filho de imigrantes italianos, nasceu em Buenos Aires, na Argentina, no ano de 1936. Ele fez história e se tornou o primeiro papa vindo da América Latina. Seu papado começou em 13 de março de 2013 e representou uma transformação importante na maneira como o Vaticano se comunica e se posiciona diante dos problemas da sociedade atual.
Desde o início de seu pontificado, ele buscou aproximar a Igreja das realidades sociais do século XXI, adotando uma liderança com mais humanidade, em contraste com os símbolos tradicionais de poder.
Francisco promoveu uma visão de Igreja mais aberta e acolhedora, especialmente em relação a temas como imigração, mudanças climáticas, desigualdade social e inclusão de pessoas LGBTQIA+. Além disso, também promoveu o diálogo entre diferentes religiões e defendeu uma postura mais acolhedora e humana em relação aos fieis que não se enquadram nos padrões tradicionais da Igreja.
Ele denunciou as desigualdades econômicas, criticou sistemas que colocam o lucro acima da dignidade humana e pediu atenção especial aos pobres, aos migrantes, aos refugiados e às vítimas de guerra. Em várias ocasiões, Francisco deu espaço a diálogos difíceis na igreja Católica tradicional.
Ao longo de seu papado, deixou claro que a fé não deve estar atrelada a dogmas rígidos, mas sim a uma prática viva e compassiva, algo que incomodou alas mais tradicionalistas e conservadoras. Ainda assim, seu esforço em renovar a Igreja e reconectá-la com os desafios contemporâneos consolidou sua imagem como um dos líderes mais influentes e progressistas da história recente do catolicismo.
Igreja se prepara para o último adeus
O tradicional período de luto pela morte do papa Francisco terá início nos próximos dias, com homenagens previstas em diversas partes do mundo. O corpo do pontífice será velado na Basílica de São Pedro, no Vaticano, onde o Colégio de Cardeais conduzirá uma cerimônia fúnebre solene. Em Roma, milhares de pessoas são esperadas para o velório do líder nos próximos dias.
Ao longo de seu pontificado, ficou conhecido por seu estilo pastoral próximo ao povo, por defender causas sociaise por buscar o diálogo inter-religioso. Para muitos representou um exemplo de humanidade e equilíbrio diante das tensões globais e dos desafios internos da Igreja. O clima é de comoção e reverência diante da partida de uma figura que marcou a história recente do Vaticano.
No Brasil, o presidente Lula lamenta a perda do papa Francisco e decreta luto de 7 dias no país.
Foto Destaque: Papa Francisco (Reprodução/X/@vaticano_news)
