No último domingo (7), Fito, considerado como o homem mais perigoso do Equador e o líder do grupo Los Choneros, não foi encontrado na cela onde deveria estar preso, assim como Fabricio Colón Pico, líder de outra facção chamada Los Lobos, escapou da prisão na última terça-feira (9). Após essas fugas, o país vive uma onda de violência, na qual, uma TV estatal foi invadida por homens armados, assim como ocorrências de carros e bombas explodindo em Guayaquil, a cidade mais populosa do Equador.
Tais eventos apenas somam com a escalada de violência que já vinha ocorrendo há alguns anos, como a morte de um candidato à presidência no ano passado e o plano de assassinato da Produradora-Geral do país.
O traficante Fito que fugiu (Foto: reprodução/ffaaecuador)
Como surgiu essa onda de violência
Após os acordos de paz na Colômbia com as FARC, alguns grupos de traficantes cruzaram a fronteira e foram para o Equador, onde se encontraram com remanescentes dos cartéis mexicanos, transformando completamente a calmaria do Equador, com taxas muito baixas de violência em 2016, para o país em conflito armado aberto em 2024, frase do presidente Daniel Noboa, eleito em 2023 com a promessa de combate a violência e ao crescimento do crime organizado.
O Equador se tornou um país relevante para o tráfico de drogas devido ao seu posicionamento geográfico estratégico: fica entre os maiores produtores da folha de coca do mundo, Colômbia e Peru, assim como possui matas densas e em altas altitudes, permitindo melhores esconderijos de operações policiais. Além disso, possui fácil acesso ao Oceano Pacífico, meio pelo qual escoam as produções do país para México, Guatemala e EUA, destinos da cocaína na América, assim como está próximo do Canal do Panamá, utilizado para levar a droga até a Europa.
Crise financeira desemboca em violência
O Equador possui, assim como a Venezuela, uma alta dependência econômica da exportação de petróleo que, desde 2017, vem tendo uma queda brusca nas vendas para o mercado internacional, gerando uma crise econômica e desestabilização geral do país. Tal estado de coisas resultou em maiores taxas de desemprego, processo concomitante à entrada dos traficantes vindos do México e da Colômbia, que facilitou o recrutamento por parte desses grupos, assim como causou a resposta do governo de aumentar a segurança, gerando mais prisões e transformando as cadeias em centros de recrutamento para esses novos cartéis.
Foto destaque: policiais fazendo uma ronda em Guayaquil (Reprodução/Dolores Ochoa/AP)