Venezuela anuncia envio de 15 mil militares em meio à crise com os EUA

Além das tropas em solo a mobilização inclui unidades aéreas, embarcações de patrulhamento fluvial, drones de vigilância e pediu a colaboração da Colômbia

26 ago, 2025
Diosdado Cabello | Reprodução/Juan BARRETO/AFP/Getty Images Embed
Diosdado Cabello | Reprodução/Juan BARRETO/AFP/Getty Images Embed

A Venezuela anunciou nesta segunda-feira (25) o envio de 15 mil militares para a fronteira com a Colômbia. A mobilização faz parte da “Operação Relâmpago de Catatumbo”, como foi divulgado pelo ministro do Interior, Justiça e Paz, Diosdado Cabello, tendo como objetivo declarado o combate ao narcotráfico e a proteção da soberania venezuelana.

Mas a medida também é interpretada como uma resposta à crescente pressão dos Estados Unidos, que acusam o governo de Nicolás Maduro e o próprio Cabello de liderarem um cartel de drogas.

A operação militar venezuelana

A operação militar, que abrange os estados de Zulia e Táchira, não se restringe a tropas em solo. Segundo Cabello, o contingente faz uso de recursos avançados, como unidades aéreas, embarcações para patrulhamento fluvial e drones de vigilância.

O ministro venezuelano também afirmou que já foram apreendidas mais de 52 toneladas de drogas em 2025. Ele alegou que seu país intercepta até 80% das drogas que tentam passar pela Venezuela e foram destruídos dezenas de laboratórios e pistas clandestinas. No entanto, sua declaração gerou uma contradição notável com outro alto funcionário do governo: o ministro da Defesa, Vladimir Padrino López. Recentemente, López havia negado a presença de acampamentos de grupos armados colombianos em território venezuelano.

Essa divergência mostra uma possível falta de coordenação ou uma tentativa de projetar diferentes narrativas sobre a presença e a atuação de grupos criminosos na fronteira.


Venezuela anuncia o envio de 15 mil agentes de segurança para a fronteira com a Colômbia (Foto: reprodução/Juan BARRETO/AFP/Getty Images Embed)

Acusações entre Venezuela e EUA

Os EUA acusam Maduro e Cabello de comandarem o “Cartel dos Sóis”, uma suposta organização de narcotráfico. Em agosto, o governo americano dobrou a recompensa por informações que levem à prisão de Maduro para US$ 50 milhões, um valor maior do que o oferecido pela captura de Osama Bin Laden após os atentados de 11 de setembro.

Os EUA enviaram três navios de guerra para o Caribe, supostamente para uma operação de combate às drogas, o que a Venezuela classificou como “ameaças”. Maduro, por sua vez, ordenou a mobilização de 4,5 milhões de milicianos bolivarianos em um “plano de paz” e acusou os EUA de “agressões imperialistas”.

Pedido de ajuda à Colômbia

A Venezuela propôs a criação de uma “zona binacional de paz” e pediu que o governo colombiano, liderado por Gustavo Petro, reforce também a segurança do seu lado da fronteira para conter a movimentação de grupos criminosos e garantir a paz na região.

A posição da Colômbia, sob a presidência de Gustavo Petro, é complexa. Petro busca uma política de paz interna com guerrilhas e, embora tenha uma relação tensa com Trump, tenta manter um canal de diálogo com Maduro. Ele defendeu publicamente o presidente venezuelano e afirmou que uma operação militar dos EUA sem autorização colombiana seria uma “agressão à América Latina”. Petro chegou a oferecer tropas colombianas à disposição da Venezuela, invocando o “sonho de Bolívar”, mas depois descartou a colaboração militar armada.

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