Banco do Brasil tem lucros em queda e refaz projeção de resultados para o ano
Um longo ciclo de inadimplência no setor rural é apontado como uma das causas para os resultados negativos apresentados pela instituição

O Banco do Brasil apresentou forte retração na rentabilidade no segundo trimestre de 2025, um dos resultados mais frágeis de sua história recente, com queda de 60% no lucro líquido reportado. O retorno sobre o patrimônio líquido (ROE) teve queda e chegou aos 8,4%, uma diferença considerável e bem abaixo dos concorrentes privados como Itaú e Bradesco, evidenciando o impacto direto do enfraquecimento da carteira de crédito ligada ao agronegócio.
Ciclo de inadimplência
A instituição é responsável por algo em torno de 50% do financiamento rural no país e sofre os efeitos provocados por um ciclo estendido de inadimplência no setor, proveniente de quebras de safra em regiões estratégicas e da alta dos processos de recuperação judicial de produtores. Quando somada à concentração de atrasos no Centro-Oeste e no Sul às novas regras contábeis que exigem provisões mais robustas, tem-se como resultado o custo de crédito, isso comprometeu a performance no trimestre.
No entanto, o problema vai além das fronteiras do campo. A inadimplência crescente também atingiu empresas de menor porte e clientes de varejo, reforçando que a deterioração da qualidade de crédito é mais ampla e que a pressão sobre os resultados deve se repetir nos próximos trimestres. Para Tarciana Medeiros, executiva-chefe do banco, o ciclo do agro tende a performar de maneira comprometida pelo menos até o final do próximo período de safra.
Recorte de notícia sobre BB (Vídeo: reprodução/YouTube/@cnnbrmoney)
Novas projeções
Frente a este cenário, o Banco do Brasil fez uma revisão de suas projeções para o ano e o resultado foi: o lucro esperado caiu quase pela metade, de algo em torno de R$ 41 bilhões para algo entre R$ 21 e R$ 25 bilhões. A distribuição de dividendos também foi revista para valores menores. Segundo a administração, a estratégia visa privilegiar provisões e renegociações a fim de preservar capital e garantir sustentabilidade no médio prazo.
Previsão do mercado
O mercado faz uma leitura clara para o ano de 2025 e prevê que será um ano de ajuste e resiliência, e que o BB precisa equilibrar o peso de sua relevância para o financiamento agrícola com a necessidade de preservar a rentabilidade, mantendo a competitividade frente aos bancos privados.