Dina Boluarte tem seu impeachment aprovado pelo Congresso do Peru

Foi aprovado nesta madrugada de sexta-feira (10), o impeachment da atual presidente do Peru, Dina Boluarte, eleita em 2022 após a queda de Pedro Castillo. Com uma votação impressionante de 124 votos a zero, Boluarte, que já vinha com uma forte rejeição da população e acusações de corrupção, perderá em breve o seu cargo como presidente do país. Além disso, ela enfrenta altas críticas pela repressão violenta a protestos. Dina não compareceu para sua defesa nesta quinta (9), mesmo com a aprovação do Parlamento.

Protestos e mobilização popular

A destituição aconteceu em contexto de protestos em diversas regiões do Peru, muitos iniciados por demandas por justiça social, melhor distribuição de renda, mudanças constitucionais e maior participação política. O uso da força policial, concessão de estados de emergência e até confrontos em cidades como Lima e Cusco foram marcas da crise que levou ao impeachment. Além das graves acusações de corrupção, o que incluiu o caso do Rolexgate, que é sobre uma investigação sobre coleção de relógios luxuosos não declarado.


Protestos a Dina Boluarte durante a Assembleia da ONU (Foto: reprodução/Alexi J. Rosenfeld/Getty Images Embed)

Consequências e transição de poder

Com o impedimento aprovado, o país entra em autoridade provisória, com Congresso ou lideranças designadas assumindo interinamente. O processo de sucessão deve seguir as regras constitucionais, com indicação de presidente interino e preparação eleitoral. A escolha será decisiva para o rumo político e para a retomada de estabilidade interna. Vale lembrar que o Peru já teve seis presidentes desde 2018.

Desafios pela frente

A nova fase exigirá rapidez institucional, diálogo com setores sociais e controle da tensão nas ruas. A população espera que a mudança de governo não seja apenas simbólica, mas marque um retorno ao equilíbrio democrático e à governabilidade, casos de falhas administrativas, protestos contínuos e divisão excessiva não devem ser repetidos.

Senado finaliza PEC da Blindagem após rejeição unânime da CCJ

A Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado rejeitou por unanimidade, nesta quarta-feira (24), a chamada PEC da Blindagem, proposta que buscava ampliar a imunidade parlamentar e restringir o alcance de decisões judiciais contra deputados e senadores. Apesar de ter sido aprovada na Câmara dos Deputados com 353 votos favoráveis, a medida enfrentou forte oposição no Senado e acabou arquivada após intensa pressão social e institucional.

Pressão popular e críticas contundentes

A análise da PEC foi acompanhada por protestos em 27 capitais e por manifestações de entidades ligadas à transparência, que consideraram a proposta um risco à democracia. O relator na CCJ, senador Alessandro Vieira (MDB-SE), afirmou que a aprovação significaria um “golpe fatal” na legitimidade do Congresso.

Durante a sessão, emendas apresentadas por alguns parlamentares foram rejeitadas, mantendo o texto em sua forma original até o arquivamento. O debate se concentrou principalmente nos limites da imunidade parlamentar, diferenciando a proteção necessária ao exercício do mandato de uma possível tentativa de blindagem diante de investigações criminais. Muitos senadores ressaltaram que o avanço da proposta na Câmara ocorreu em um momento de forte desconfiança pública em relação à política, o que intensificou a rejeição popular.


Manifestação contra a PEC da Blindagem (Vídeo: reprodução/YouTube/Poder360)

Senado contra retrocessos democráticos

Ao contrário da Câmara, onde o texto obteve apoio expressivo, no Senado a resistência foi imediata. Parlamentares de diferentes partidos, como Eliziane Gama (PSD-MA), Eduardo Braga (MDB-AM) e outros membros da base e da oposição, classificaram a PEC como um retrocesso democrático. Para eles, a medida criaria privilégios inaceitáveis e afastaria a responsabilização de representantes eleitos, ferindo o princípio de igualdade perante a lei.

A rejeição unânime foi resultado de uma articulação conduzida pelo presidente da CCJ, Davi Alcolumbre (União-AP), em conjunto com o senador Otto Alencar (PSD-BA). O acordo garantiu que não houvesse divergências internas e que a proposta fosse arquivada de forma definitiva. Com isso, uma das matérias mais polêmicas do Legislativo nos últimos anos foi sepultada, reforçando a mensagem de que o Senado não aceitará iniciativas que enfraqueçam a democracia ou comprometam a confiança da sociedade nas instituições.