Dois anos de guerra em Gaza, protestos marcam o mundo

Completam-se dois anos desde o início da guerra entre Israel e Hamas, e manifestações pelo mundo ganham força para lembrar as vítimas, denunciar a violência e exigir responsabilidade. De Sydney a Londres, passando pelo Rio de Janeiro, ativistas, estudantes e organizações civis saíram às ruas para protestar contra a situação na Faixa de Gaza, reforçando que o conflito não pode ser esquecido ou relativizado.

Protestos globais reacendem memória e indignação

Em Londres, estudantes organizaram marchas universitárias com bandeiras palestinas, clamando que o massacre iniciado em 7 de outubro de 2023 não seja ignorado nem naturalizado pela comunidade internacional. Na Austrália, Sydney sediou protestos com discursos pungentes de advogados e ativistas, que traçam um histórico de oprimidos “cercados e desumanizados” antes do estopim do conflito. Na Indonésia, frente à embaixada norte-americana, manifestantes exibiram cartazes com mensagens fortes como “Ninguém é livre até que a Palestina seja livre”, protestando contra luz baixa dos governos para a crise humanitária.

Em muitas dessas manifestações, o tom é de luto e lembrança: sirenes ecoam em Israel, acampamentos são montados por familiares de reféns, fotos de vítimas são expostas, como na Praia de Copacabana, Rio de Janeiro, onde uma ONG fez homenagem com bandeiras e retratos. Esses atos mantêm viva a memória das vítimas e exigem que o mundo não apenas veja, mas aja.


Uma manifestação em apoio à Flotilha Global Sumud (Foto: reprodução/Alessandro Bremec/ Getty Images Embed)

Reações políticas e exige-se não esquecer

Autoridades governamentais reagiram com críticas e discursos contrários em alguns países, apontando que protestos pró-Palestina em datas simbólicas nem sempre são bem recebidos. No Reino Unido, o primeiro-ministro qualificou certas manifestações como “antibritânicas” por associarem o país a debates internacionais. Já em países muçulmanos, como a Indonésia, há forte apoio popular às causas palestinas, com protestos calorosos e presença marcante da sociedade civil.

Esses protestos coincidem com cerimônias de memória em Israel, onde sirenes foram acionadas em locais simbólicos — como praças próximas a residências oficiais — e onde famílias fazem homenagens aos reféns. O ritmo crescente dessas manifestações sugere que, apesar de guerras e tratados, a paz ainda depende muito mais do reconhecimento humano do que de negociações diplomáticas.

Protesto contra a PEC da Blindagem leva 42,4 mil pessoas para a Av. Paulista

Em seu ápice, o protesto pacífico ocorrido na Avenida Paulista, em São Paulo, neste domingo (21) contra a PEC da Blindagem e o projeto que anistia as pessoas condenadas pelo 8 de janeiro, teve 42,4 mil pessoas, segundo dados dos pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP).

A estimativa da equipe do Monitor do Debate Político do Cebrap, feita com a parceria com a ONG More in Common, é referente ao público presente no ato às 16h06, em seu auge. Ela foi produzira com imagens aéreas e contou o público com o suporte de software. Levando em consideração a margem de erro do levantamento, estavam presentes cerca de 37,3 mil a 47,5 mil pessoas.

Para exercício de comparação, a manifestação que ocorreu em São Paulo em 7 de setembro por apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) a favor da anistia, reuniu 42,2 mil pessoas, segundo a mesma metodologia.

O número de manifestantes ontem poderia ter sido maior, porém duas pancadas de chuva caíram ontem na região, o que afastou a população, que se movimentou por meio das redes sociais.

Mais sobre o ato

Convocado pelas frentes Povo Sem Medo e Brasil Popular, ligadas ao PSOL e ao PT e que reúnem movimentos como o MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) e o MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto), em pelo menos 22 capitais. Teve também grande divulgação por meio do portal de notícias Mídia Ninja, de grande alcance nas redes sociais.

Estiveram presentes dos deputados federais, Guilherme Boulos, Ivan Valente, Luiza Erundina, Erika Hilton, Luciene Cavalcanti (PSOL); Orlando Silva (PCdoB); Rui Falcão, Vicentinho, Arlindo Chinaglia e Juliana Cardoso (PT); o ex-presidente do PT José Genoíno, além do atual, Edinho Silva e da presidente do PSOL, Paula Coradi.

A classe artística também teve voz e quem subiu também no carro de som, foram os cantores Leoni, Emicida, Salgadinho, Jota.Pê, Rashid e entre outros. O ato também contou com a presença do padre Júlio Lancelloti, que também discursou.

Do chão, a deputada federal Luiza Erundina (PSOL) e o cantor Nando Reis estavam entre os participantes do protesto.


 Imagens da multidão (Vídeo: reprodução/Instagram/@midianinja)

Já pela parte final

Pouco antes das 17h, a multidão foi surpreendida pela chegada de mais de dez viaturas da GCM (Guarda Civil Metropolitana), que interromperam o protesto, passando no meio dos manifestantes, com as sirenes ligadas. Os presentes chegaram a vaiar e, no carro de som, os parlamentares pediram que o povo não cedessem a provocações.

Eles querem atrapalhar o nosso ato, mas não vamos cair em provocação“, afirmou o deputado Orlando Silva (PCdoB) no microfone.

Os policiais militares, em sequência, pediram o encerramento do protesto, pois a Paulista precisaria ser liberada até 17h para a passagem dos transportes. Os manifestantes pediram para que a via continuasse fechada por mais meia hora para apresentações musicais.

Segundo a organização, o fim do protesto estava marcado para às 19h.

Oposição ocupa Congresso em protesto contra prisão domiciliar de Bolsonaro

Políticos da oposição, em sua maioria do Partido Liberal (PL) e aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro, ocuparam as mesas diretoras da Câmara dos Deputados e do Senado Federal nesta terça-feira (5) em um protesto contra a prisão domiciliar imposta a Bolsonaro pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes.

A ação paralisou os trabalhos legislativos no retorno do recesso, em resposta à decisão judicial que determinou a prisão do ex-presidente por suposto descumprimento de medidas cautelares. Com a ocupação, os parlamentares exigem a votação de pautas como o impeachment de Moraes e uma anistia para os envolvidos nos atos de 8 de janeiro.

Embate entre o movimento e o STF

A manifestação, que começou na Câmara dos Deputados e se estendeu ao Senado, consistiu na ocupação das cadeiras da Mesa Diretora, impedindo que as sessões fossem abertas. Parlamentares usaram esparadrapos na boca, em um gesto simbólico de “mordaça” e defesa da liberdade de expressão.

O protesto gerou um clima de tensão e bate-boca nos plenários, com parlamentares de esquerda comparando a ação a um “novo 8 de janeiro” e acusando a oposição de tentar desestabilizar o Legislativo.


Base opositora exige solução para “pacificar o Brasil” (Vídeo: reprodução/X/@ALFINETEI)

As principais demandas do protesto, descritas como um “pacote da paz”, são a aprovação de uma anistia ampla, geral e irrestrita aos envolvidos nos atos golpistas de 2023, o impeachment do ministro Alexandre de Moraes, a quem acusam de abuso de autoridade, e a aprovação de uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que propõe o fim do foro privilegiado.

O líder do PL na Câmara, Sóstenes Cavalcante, declarou que a partir de agora é “guerra total” em resposta à escalada da crise entre o Judiciário e o ex-presidente.


Base governista critica ação a favor de Jair Bolsonaro (Vídeo: reprodução/X/@PTnaCamara)

Consequências políticas

O presidente da Câmara, Hugo Motta, que mudou seus planos de viagem e convocou uma reunião de líderes, teve de cancelar a sessão do dia. O mesmo ocorreu no Senado, com a sessão sendo impedida de abrir. O senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) defendeu a anistia como uma forma de “virar a página”, enquanto o vice-presidente da Câmara, Altineu Côrtes (PL-RJ), prometeu pautar a anistia caso assuma a presidência da Casa.

A base governista criticou duramente a obstrução. Parlamentares como o líder do PT no Senado, Lindbergh Farias, argumentaram que a paralisação impede a votação de projetos importantes para o país.

Pedrinho é hostilizado por torcida vascaína na praia de Copacabana

O presidente do Vasco da Gama e ex-jogador do clube, Pedrinho, foi alvo de protestos da torcida vascaína neste domingo (27). Um monomotor foi visto sobrevoando a praia de Copacabana carregando um cartaz de protesto escrito “Fora Pedrinho, o pior da história!” O Clube de Regatas Vasco da Gama apresenta um momento delicado. Além da eliminação da copa sul-americana, o time ocupa a 17ª colocação na tabela do Campeonato Brasileiro, a primeira da zona do rebaixamento.

Protesto da torcida

Na manhã deste domingo (27), um monomotor foi visto em Copacabana, exibindo a seguinte faixa: “Fora Pedrinho, o pior da história!” A manifestação é resultado da insatisfação da torcida vascaína com a atual gestão.

O Vasco foi eliminado da Copa Sul-Americana na última terça-feira (22). O elenco, sob comando do técnico Fernando Diniz, perdeu para o Independiente del Valle por 4 a 0 em Quito, e empatou por 1 a 1 no jogo de volta em São Januário. A amarga derrota foi a gota d’água para o torcedor cruzmaltino.


Monomotor sobrevoa praia de Copacabana com cartaz contra Pedrinho (Vídeo: reprodução/Instagram/@sportscenterbr

Insatisfação com Diniz

O desempenho de Fernando Diniz à frente da equipe também não tem agradado os torcedores. Em dez jogos, o treinador obteve três vitórias, dois empates e cinco derrotas, um aproveitamento de somente 36% no Campeonato Brasileiro.

Em entrevista coletiva, Diniz salientou que a situação delicada do Vasco vai para além dos gramados. Com uma situação financeira crítica, o técnico tem consciência de que o clube não possui condições de realizar aquisições caras e que deve contar com o material já disponível: “Não tem caça às bruxas. O Vasco tem as suas limitações financeiras. Quando eu vim para cá eu sabia disso, existia um planejamento, mas para contratar é difícil”.

Coletiva de Pedrinho

Outro motivo de insatisfação da torcida foi a entrevista coletiva realizada por Pedrinho na última quinta-feira (24). Na ocasião, o presidente do clube apresentou a real situação da instituição.

A primeira pergunta foi sobre a janela de transferências, feita pelo jornalista Fábio Azevedo. O Vasco realizou um investimento na faixa dos R$ 60 milhões em treze atletas. Atualmente, quatro são titulares, um saiu do clube, outro foi emprestado, outro sequer tem entrado em campo. Fábio perguntou a Pedrinho qual sua avaliação das janelas, sendo a última, a terceira de sua gestão.

Pedrinho explicou que as contratações são feitas com base no fluxo de caixa que o clube consiga quitar. Ele também salientou que é normal serem analisadas as contratações que não apresentaram bom desempenho, mas que outras foram o exato oposto. Uma delas, na visão de Pedrinho, foi a de Filipe Coutinho.

O presidente do clube também disse que nunca prometeu realizar contratação “ao nível Real Madrid”. Pedrinho foi enfático ao dizer que sua promessa foi a de honrar os compromissos financeiros do Vasco, por mais que o torcedor se sinta insatisfeito com esta postura.


Entrevista coletiva com Pedrinho no São Januário (Vídeo: reprodução/YouTube/Vasco Tv)

Dívidas e “gato”

Um dos tópicos tratados na coletiva foi o aumento do custo de água e luz da sede do clube. O presidente relatou que a oposição reclamou deste aumento. Contudo, Pedrinho explicou que isso aconteceu porque o clube retirou os chamados “gatos”, que são ligações clandestinas que minimizam os custos.

“Um grupo de oposição bate que a gente aumentou o custo de água e luz do Calabouço. Você sabe por quê? Porque tinha gato. Aí vão ficar chateados que eu vou falar? Mas eu tenho que falar, pô”.

Além disso, o dirigente disse que disponibilizou seus bens pessoais como garantia na recuperação judicial enfrentada pelo clube. O Vasco teve o pedido de recuperação atendido em março deste ano pela Justiça do Rio de Janeiro.