Senado aprova projeto que define misoginia como crime

Na última quarta-feira (22), a Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ) do Senado aprovou o projeto de lei que determina crime de misoginia equiparado a discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia, religião.

Com a equiparação a pena para os crimes, misoginia terá de reclusão de dois a cinco anos e multa.

13 votaram a favor e 2 contra

Os dois votos contrários foram de Hamilton Mourão (Republicanos) e de Jorge Self (PL). O restante de senadores presentes votaram a favor do projeto de lei. Agora a proposta segue para a Câmara dos deputados, a menos que um senador apresente recurso para ser votado no plenário.

O projeto é de autoria da senadora Ana Paula Lotado, (PDT-MA), e prevê multa e pena de reclusão de dois a cinco anos para o agressor, conforme a gravidade do ato cometido contra a mulher. A proposta define misoginia como o comportamento que expressa ódio ou aversão às mulheres, sustentado na ideia de superioridade do gênero masculino e vê o grande aumento de casos de feminicídio no Brasil.


Proposta tem parecer favorável

A Senadora Soraya Thronicke (Podemos), deu o parecer favorável a proposta, mas fez algumas alterações no texto, na visão dela, misoginia deve ser pensada no coletivo, e não em casos isolados.

Durante a votação, Seif e Mourão votaram contra, Seif argumentou que não conhece casos de homens que realmente odeiem mulheres e considerou grave a ideia de transformar esse tipo de comportamento em crime específico.

Soraya rebateu e disse que assim como o racismo e a homofobia, a misoginia fomenta a violência e a exclusão. A senadora ainda disse em seu discurso da importância de garantir a dignidade feminina diante da diferença feita pelos homens.

A definição de misoginia deve ser entendida como o ódio contra as mulheres na raiz da sociedade, em que homens são valorizados, e as mulheres são desvalorizadas.

O resultado disso, na prática, é uma sociedade cada vez mais desigual para mulheres, cargas horárias diferentes, pois a mulher tem sobrecarga das tarefas de casa com as do trabalho, aumento nos casos feminicídio e violência doméstica, objetificação da mulher e assédio moral e sexual no ambiente de trabalho.

Projeto para “Lei Felca” é aprovado pelo Senado

O Senado deu sinal verde, na última quarta-feira (27), ao projeto conhecido como “Lei Felca”, que busca garantir maior segurança para crianças e adolescentes em ambientes digitais, como redes sociais, aplicativos, sites e jogos online. Aprovado anteriormente pela Câmara, o texto agora depende da sanção do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para se tornar lei.

Preocupações com a segurança de menores online

A iniciativa ganhou força após a repercussão de um vídeo do influenciador Felca, que revelou a vulnerabilidade de menores em espaços privados nas redes sociais. Para combater práticas nocivas, a proposta proíbe conteúdos que promovam exploração sexual, pornografia, violência, cyberbullying, consumo de drogas, álcool, tabaco, jogos de azar ou propagandas enganosas direcionadas a esse público.


Vídeo-denúncia de Felca sobre a “adultização” de menores nas redes sociais (Foto: reprodução/YouTube/@felcaseita)

Obrigações das plataformas

As empresas digitais terão que adotar mecanismos robustos de verificação de idade, eliminando a possibilidade de autodeclaração pelos usuários. Contas de menores de 16 anos precisarão estar associadas a um responsável legal, que poderá ser responsabilizado pelas ações online. Além disso, as plataformas deverão disponibilizar ferramentas de controle parental, permitindo que os pais supervisionem o conteúdo acessado e restrinjam o tempo de uso, com alerta claros exibidos na tela.


Sessão do Senado Federal (Foto: reprodução/Edilson Rodrigues/Agência Senado)

Proibições e penalidades

O projeto também proíbe as chamadas “loot boxes” em jogos eletrônicos, comparadas a jogos de azar pelo senador Flávio Arns (PSB-PR), relator da proposta, devido ao seu potencial de causar dependência em menores. O descumprimento das regras pode resultar em multas que variam de R$ 10 por usuário até R$ 50 milhões, além de possíveis suspensões temporárias ou definitivas das plataformas no Brasil. Usuários que fizerem denúncias falsas de forma recorrente também podem ter suas contas suspensas.

Erika Hilton preside subcomissão para discutir fim da escala 6×1

A deputada federal Erika Hilton (PSOL-SP) foi escolhida para presidir a subcomissão instalada nesta quarta-feira (7) na Câmara dos Deputados que vai discutir a proposta de emenda à Constituição (PEC) que pretende pôr fim à escala de trabalho conhecida como 6×1. O grupo foi criado pela Comissão de Trabalho e terá como relator o deputado Luiz Gastão (PSD-CE).

O principal objetivo da subcomissão é aprofundar o debate sobre o tema e apresentar alternativas ao modelo atual antes que a proposta siga para tramitação formal. De acordo com Erika Hilton, pesquisas recentes mostram que quase sete em cada dez brasileiros apoiam a redução da jornada de trabalho, o que reforça a necessidade de tratar o assunto com atenção.

Busca por consenso entre setores

A parlamentar destacou que o texto ainda está em construção e que será preciso ouvir diferentes setores para chegar a uma solução que seja considerada justa. Segundo ela, não se trata de apresentar uma proposta fechada, mas sim de construir coletivamente um consenso que garanta melhores condições para os trabalhadores, sem desconsiderar a realidade de cada área econômica.


 Erika Hilton com o Presidente da Câmara pelo fim da escala 6x1 (Foto: reprodução/Instagram/@hilton_erika)

Regime 6×1 é alvo de críticas

O ponto central do debate é a substituição do regime 6×1, no qual o empregado trabalha seis dias seguidos e folga apenas um. Para os defensores da mudança, esse modelo prejudica a saúde física e mental, além de limitar o convívio familiar. Empresários, por outro lado, alertam para os custos adicionais e os impactos na produtividade.

A proposta conta ainda com o apoio do presidente do Luiz Inácio Lula da Silva, que já se manifestou favoravelmente ao fim da escala 6×1. No começo do ano, a deputada conseguiu reunir o apoio de mais de 220 parlamentares e apresentou uma proposta de emenda à Constituição com o objetivo de alterar o modelo atual de escala de trabalho. A iniciativa superou o número mínimo de assinaturas exigidas para tramitação.

Projeto de lei a favor da eutanásia é aprovado no Uruguai

Nesta quarta-feira (13), deputados uruguaios aprovaram uma lei que legaliza a eutanásia no país. Com 64 votos a favor, 35 votos contra, e fortes discussões durante a sessão, o projeto, que permite que indivíduos adultos com doenças incuráveis ou terminais, optem pela morte, foi aprovado e será levado ao Senado, que discutirá sobre a aplicação da lei.

Mudança o projeto de lei

O projeto de lei que visa legalizar a eutanásia no Uruguai não é recente. A primeira vez que a proposta foi apresentada à Câmara dos Deputados foi há três anos, mas o texto original era mais rigoroso quanto à aplicação da prática. Segundo ele, médicos deveriam avaliar o quadro do paciente que solicitasse a morte assistida e, em caso de discordância entre dois profissionais, seriam estabelecidos critérios adicionais para a decisão.

O tema foi levantado pelo deputado e também médico Luis Gallo, que em debate durante a votação, reafirma o direito que o paciente possui sobre a própria vida, e assim, pode fazer sua escolha sem barreiras. “Não nos esqueçamos de que o pedido é estritamente pessoal: ele respeita a vontade livre e individual do paciente, sem interferência, porque diz respeito à sua vida, ao seu sofrimento, à sua decisão de não continuar vivendo”, declarou Gallo.

Deputado Luis Gallo, ao centro, em reunião com a Comissão de Saúde sobre a eutanásia (Foto: reprodução/X/ @GalloCantera)

Onda de transformações na América latina

Países latino-americanos têm vivenciado mudanças significativas em suas sociedades. Temas antes considerados polêmicos e muitas vezes ignorados passaram a ser discutidos pela população e pelas autoridades. O Uruguai, que recentemente iniciou debates sobre a eutanásia, foi um dos primeiros países da região a legalizar o uso da maconha e o casamento homoafetivo. Além do Uruguai, a Colômbia e o Equador, também já disponibilizam a possibilidade de eutanásia para pacientes que se enquadram no quadro exigido.


Entrevista de Fernando Sureda sobre a eutanásia para o programa "Esta boca es mía" (Vídeo: reprodução/YouTube/@Esta Boca Es Mia)

No caso uruguaio, o debate sobre a eutanásia ganhou força com o caso de Fernando Sureda, ex-dirigente da associação de futebol do país. Após ser diagnosticado com ELA, uma doença degenerativa, em 2019, ele passou a falar sobre as dificuldades de vida causadas pela enfermidade e sobre o direito de um paciente em sua condição de escolher sobre sua própria morte.

Câmara acelera projeto polêmico que exige exame obrigatório para médicos

Em decisão desta quarta-feira (16), a Câmara dos Deputados aprovou a tramitação em regime de urgência para o projeto que institui o Exame Nacional de Proficiência em Medicina. A medida permite que a proposta seja votada diretamente no plenário, sem necessidade de análise prévia pelas comissões temáticas da Casa.

Novo requisito para exercício da medicina

O projeto estabelece que:

  • O exame será obrigatório para obtenção do registro profissional nos CRMs;
  • Médicos só poderão clinicar após aprovação na avaliação;
  • A prova avaliará conhecimentos teóricos e habilidades práticas;
  • O modelo segue padrão similar ao exame da OAB para advogados.

Uma instituição federal de ensino superior, a ser indicada pelo Ministério da Educação, ficará responsável pela elaboração e aplicação do exame. O conteúdo seguirá as diretrizes curriculares nacionais do curso de medicina, abrangendo todas as áreas essenciais da formação médica.



Polêmica divide opiniões no Congresso

Os defensores da proposta argumentam que:

  • O exame garantirá padrão mínimo de qualidade profissional;
  • Reduzirá disparidades na formação entre instituições;
  • Protegerá a população de profissionais mal preparados;
  • Segue modelo bem-sucedido em outras profissões.

Por outro lado, os opositores alegam que:

  • Cria barreira adicional para exercício profissional;
  • Pode prejudicar estudantes de universidades públicas;
  • Não resolve problemas estruturais da formação médica;
  • Aumenta custos para os recém-formados.

Próximos passos da tramitação

Com o regime de urgência aprovado:

  • O projeto pode ser votado a qualquer momento;
  • Necessita de aprovação em plenário na Câmara;
  • Depois segue para análise do Senado Federal;
  • Por fim, depende de sanção presidencial.

Especialistas em educação médica destacam que, se aprovado, o exame poderá:

  • Uniformizar o padrão de formação no país;
  • Identificar deficiências curriculares;
  • Estimular melhorias no ensino médico;
  • Oferecer dados para políticas públicas na área.

A discussão promete se intensificar nos próximos dias, com entidades médicas, educacionais e estudantis se posicionando sobre o tema. Enquanto isso, o Governo Federal sinaliza apoio à medida, considerando-a fundamental para a qualificação dos serviços de saúde no país.

Trump ameaça cortar subsídios da Tesla após críticas de Musk

A relação tempestuosa entre Donald Trump e Elon Musk ganhou um novo capítulo com o ex-presidente ameaçando publicamente os subsídios federais da Tesla. A declaração de Trump, feita em sua plataforma Truth Social, é resposta direta às críticas de Musk a um projeto de lei de corte de impostos e gastos, apoiado pela administração Trump.

Briga pública 

Na publicação, o presidente dos EUA não poupou palavras, afirmando que Musk “talvez receba mais subsídios do que qualquer outro ser humano na história” e que, sem esses incentivos, ele “provavelmente teria que fechar as portas e voltar para casa, na África do Sul”. Trump ainda sugeriu que o Departamento de Eficiência Governamental (Doge), órgão que o próprio Musk chefiou até maio, deveria “dar uma boa olhada” nos subsídios.

A provocação de Trump veio após Elon Musk intensificar sua campanha contra o projeto de lei de gastos. Musk prometeu, inclusive, trabalhar para destituir legisladores que o apoiarem. A resposta de Musk à ameaça de Trump manteve o tom desafiador, ele escreveu em sua plataforma X: “Estou literalmente dizendo corte tudo. Agora.”

Projeto de lei no centro do conflito

No centro da briga entre os poderosos, que antes eram aliados, está um projeto de lei de grande porte focado em corte de impostos e gastos. A ideia principal por trás dessa proposta é reduzir os impostos cobrados de cidadãos e empresas, ao mesmo tempo, se busca diminuir os gastos do governo. Para Trump, isso impulsiona a economia, incentiva investimentos e, em tese, trará mais prosperidade.


Elon Musk compartilha dados sobre o crescimento da dívida pública americana “Bomba relógio de US$ 37 trilhões” (Foto: reprodução/X/@MarioNawfal/@elonmusk)

Elon Musk, apesar de ser um empresário e doador republicano (o partido de Trump), tem uma visão crítica. Para Musk, essas reduções seriam alcançadas às custas de um grande impacto na dívida pública dos Estados Unidos. Analistas econômicos independentes, ou seja, que não têm ligação com nenhum partido político, estimam que projeto adicionaria cerca de US$ 3 trilhões à já elevada dívida do país.

Donald Trump, por outro lado, defende o projeto como uma medida essencial para o crescimento econômico. Ele argumenta que a não aprovação da lei resultaria em um “aumento colossal de impostos de 68%”, segundo ele, seria o maior da história e prejudicaria a população e as empresas. Essa é a base de sua pressão sobre os congressistas republicanos para votarem a favor.