Trump nega autoria de carta enviada a Epstein

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, negou nesta terça-feira (9) ter enviado uma carta com o desenho de uma mulher nua a Jeffrey Epstein, afirmando que a assinatura no documento não é dele. O Congresso recebeu uma cópia do texto na segunda-feira, entregue pelos advogados do espólio.

Mensagem aparece em álbum de aniversário

A carta faz parte de um álbum comemorativo, produzido por Ghislaine Maxwell, parceira de Epstein, que reúne mensagens de amigos e familiares em celebração aos 50 anos do bilionário. Questionado sobre o documento, Trump afirmou que o texto não é incompatível com a linguagem que ele usa. 

“Não é a minha assinatura e não é como eu falo. Qualquer pessoa que me acompanha há muito tempo sabe que essa não é a minha linguagem. Isso é um absurdo e, francamente, vocês estão perdendo tempo”,  declarou o presidente.

Após a divulgação da página com a suposta carta, o vice-chefe de gabinete da Casa Branca, Taylor Budowich, afirmou que a assinatura no documento não corresponde à de Trump e questionou sua autenticidade, enquanto a porta-voz Karoline Leavitt declarou que a carta é falsa e que o presidente não a escreveu nem a assinou.

Apesar das negativas da Casa Branca, veículos da imprensa americana encontraram documentos da década de 1990 nos quais a assinatura de Trump se assemelha à que aparece na suposta carta.


Partido Democrata revela possível carta de Donald Trump (Foto: reprodução/X/@OversightDems)

O conteúdo foi divulgado pela primeira vez em julho pelo jornal The Wall Street Journal, que publicou apenas o texto, sem o documento original. Na época, Trump negou ser o autor, processou o veículo e solicitou uma indenização de US$ 10 bilhões.

O texto traz um suposto diálogo entre Trump e Epstein, no qual o presidente chama o ex-financista de “amigo”, deseja feliz aniversário e acrescenta: “Que cada dia seja um novo segredo maravilhoso”.

Leia a tradução da suposta carta abaixo:

Narrador: Deve haver mais na vida do que ter tudo.

Donald: Sim, existe, mas não vou te dizer o que é.

Jeffrey: Nem eu, já que também sei o que é.

Donald: Temos certas coisas em comum, Jeffrey.

Jeffrey: É verdade, pensando bem.

Donald: Enigmas nunca envelhecem, você já notou?

Jeffrey: Na verdade, isso ficou claro para mim da última vez que te vi.

Donald: Um amigo é uma coisa maravilhosa. Feliz aniversário — e que cada dia seja mais um maravilhoso segredo.

Relação entre Jeffrey Epstein e Trump

Jeffrey Epstein foi condenado por aliciar dezenas de meninas menores de idade para encontros sexuais em suas mansões. Em 2008, firmou um acordo judicial se declarando culpado, mas em 2019 o caso foi reaberto, levando à sua prisão por tráfico sexual; poucos dias depois, ele morreu na cadeia, em um aparente suicídio. O financista mantinha conexões com milionários, artistas e políticos influentes.

Durante a campanha eleitoral de 2024, o então candidato Donald Trump prometeu divulgar uma lista com nomes de pessoas supostamente envolvidas no esquema de exploração sexual liderado por Epstein. Em fevereiro deste ano, parte desses documentos foi publicada pelo governo.

Congresso dos EUA libera milhares de páginas sobre caso Jeffrey Epstein

Na última terça-feira (02), o Comitê de Supervisão e Reforma do Governo da Câmara dos Representantes dos Estados Unidos revelou 33 mil páginas de processos judiciais e centenas de arquivos de imagem ligados a Jeffrey Epstein, que foi condenado por tráfico sexual de menores e que morreu em 2019, enquanto ainda aguardava julgamento.

Os documentos, que também envolvem a ex-namorada do bilionário, Ghislaine Maxwell, incluem processos judiciais, entrevistas com vítimas e registros visuais de investigações.

Documentos e investigações

Os arquivos que contêm evidências relacionadas a Epstein e sua ex-companheira foram liberados após uma intimação ao Departamento de Justiça, enquanto parte do Congresso busca maior transparência sobre as investigações, alegando que a maioria das informações já era de conhecimento público e continuam solicitando a liberação de outros arquivos do caso.


Embed from Getty Images

Jeffrey Epstein foi acusado de comandar uma rede de tráfico sexual envolvendo menores de idade
(Foto: reprodução/Stephanie Keith/Getty Images Embed)

A iniciativa também gera debate sobre a proteção das vítimas, sendo exigido por democratas e republicanos, a partir de uma petição para um projeto de lei, a divulgação de todas as informações dos documentos, menos as informações sensíveis das vítimas. Com a crescente pressão dentro do Congresso, o presidente da Câmara, Mike Johnson, afirmou que a petição é desnecessária visto a divulgação feita pelo comitê que contém as 33 mil páginas.

Relação de Trump e Epstein

Durante 15 anos, Donald Trump, presidente dos Estados Unidos, e Jeffrey Epstein cultivaram uma amizade, especialmente entre as décadas de 1990 e 2000, período em que ambos viviam em Palm Beach, na Flórida. Eles chegaram a dividir espaços em festas, jantares e até viagens nos jatos particulares do financista. 

Trump já elogiou o bilionário publicamente, descrevendo-o como um “cara incrível” mas o vínculo se rompeu por volta de 2004, após disputa por uma propriedade e episódios de comportamento considerados inapropriados por parte de Epstein. 

O presidente afirma ter cortado relações quando as denúncias de abuso surgiram e nunca foi formalmente investigado no caso. Entretanto, sua proximidade anterior com o bilionário manteve o nome de Trump constantemente associado às especulações que cercam os arquivos de Epstein.


Embed from Getty Images

Durante sua campanha eleitoral, Trump prometeu tornar público os arquivos de Epstein 
(Foto: reprodução/Adam Gray/Getty Images Embed)

Na campanha de 2024, o atual presidente dos Estados Unidos prometeu tornar público os arquivos secretos sobre as investigações de Epstein, inclusive a lista de clientes do financiador – que supostamente envolvia nomes de pessoas que participaram do escândalo sexual.

Entretanto, em junho deste ano, após uma briga pública entre o bilionário Elon Musk e Donald Trump, Musk acabou publicando no X que o presidente aparecia nos arquivos da investigação. A postagem logo foi apagada do perfil, seguido por um pedido de desculpas do empresário.

Um mês após a confusão, o Departamento de Justiça dos EUA divulgou que o FBI não achou provas sobre a existência da “Lista de Epstein”.

Trump acusa Democratas de subornar Beyoncé por apoio a Kamala

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, acusou neste fim de semana que o Partido Democrata teria pago milhões de dólares para celebridades endossarem a campanha de Kamala Harris nas eleições de 2024. Em post na plataforma Truth Social, Trump afirmou que Beyoncé recebeu cerca de 11 milhões de dólares por um breve

depoimento em comício, que teria ocorrido sem apresentação musical e sob vaias do público. Ele também mencionou pagamentos de 3 milhões a Oprah Winfrey e 600 mil a Al Sharpton, acusando-os de violar leis eleitorais.

Segundo Trump, tais valores teriam sido disfarçados como custos de produção ou despesas de eventos, configurando ilegalidade na legislação sobre financiamento de campanha. Ele exigiu que Harris e os envolvidos sejam processados judicialmente, classificando os pagamentos como fraudulentos e incompatíveis com a lei vigente.

Estratégias de distração

As acusações de Trump surgem em meio a crescente pressão pública relacionada ao caso Jeffrey Epstein, cujos arquivos ainda não foram totalmente divulgados. Especialistas apontam que o ex-presidente tem usado o escândalo como base para atacar figuras proeminentes do adversário político e desviar atenção de investigações em curso.


Caso Epstein ameaça o governo de Trump (Vídeo:Reprodução/Youtube/CNN Brasil)

A ofensiva retórica de Trump segue uma estratégia identificada por analistas como de desvio das controvérsias internas, direcionando a discussão para o financiamento de campanhas democratas e lançando suspeitas sobre figuras influentes, sem apresentar provas. O presidente chegou a criticar também artistas como Bruce Springsteen, Bono e outros, questionando os valores recebidos, ainda que não haja confirmação de pagamentos pessoais.

O episódio intensifica o debate sobre os limites da influência de celebridades em campanhas políticas e sobre a necessidade de transparência em gastos eleitorais. As regras da Comissão Federal permitem que candidatos paguem por custos de produção, desde que declarados. Até o momento, Kamala Harris ou representantes não emitiram comentários adicionais sobre o pedido de investigação ou sobre as acusações específicas feitas por Trump.

Falta de evidência e explicações oficiais

A campanha de Kamala Harris nega que tenha pago qualquer valor pessoal às celebridades. Documentos da Comissão Federal de Eleições mostram que foram feitos pagamentos à empresas de produção ligadas ao evento: 165 mil dólares à empresa de Beyoncé e 1 milhão à empresa de Oprah, destinados à cobertura de custos logísticos e técnicos. Não há comprovações de que esses valores tenham sido entregues às artistas como contrapartida por endosso político.

Beyoncé e sua equipe negaram ter recebido os 11 milhões apontados por Trump. A mãe da cantora divulgou declaração classificando o número como falso e reiterou que a filha não recebeu pagamento pela aparição. Oprah também declarou publicamente que não foi remunerada por sua participação, afirmando que os custos se referiam apenas ao pessoal e à infraestrutura do evento.

Juíza barra publicação de arquivos do caso Epstein

Uma juíza federal do estado da Flórida, Robin Rosenberg, negou nesta quarta-feira (23) o pedido feito pelo Departamento de Justiça dos Estados Unidos para divulgar os registros secretos do grande júri relacionados ao caso Jeffrey Epstein, investigado entre 2005 e 2007.

A solicitação havia sido motivada por um compromisso assumido pelo então presidente Donald Trump em aumentar a transparência em relação aos supostos vínculos entre Epstein e figuras poderosas. No entanto, segundo o tribunal, a legislação vigente não permite a liberação desses documentos, já que não foram apresentados argumentos que justificassem exceções ao sigilo do grande júri, conforme exigem as normas do 11º Circuito de Apelações dos EUA.


Trump foi visado de sua menção nos arquivos Epstein (Vídeo: reprodução/YouTube/Joven Pan)

Os procuradores haviam argumentado que o interesse público justificava a divulgação dos depoimentos, citando acusações graves de tráfico sexual e pedofilia envolvendo Epstein. A juíza Rosenberg, porém, concluiu que tais alegações não atendem aos critérios legais para quebrar o sigilo. Com isso, os arquivos permanecerão sob restrição judicial. A decisão pode ser contestada pela administração Trump, que ainda tem recurso pendente em tribunais superiores.

Tensão política e nos tribunais

O caso ganhou contornos políticos sensíveis recentemente, à medida que o presidente Trump e sua base chegaram a tentar excluir os arquivos sobre o escândalo Epstein. A divulgação de que o nome de Trump aparece em documentos do Departamento de Justiça aumentou a pressão pública, embora as autoridades afirmem que não há elementos que indiquem crime ou culpa. A Casa Branca classificou os pedidos como descabidos e reforçou que qualquer menção ao ex-presidente trata-se de contexto investigativo, sem implicações criminais.


Trump está na lista Epstein (Vídeo: reprodução/X/@globonews)

Em paralelo, membros do Congresso, especialmente da Câmara, avançaram com uma comissão que já aprovou, por 8 votos a 2, uma convocação de documentos do DOJ relacionados a Epstein, além de notificar Ghislaine Maxwell, ex-companheira de Epstein, para depor. As resistências internas refletem divisões partidárias em torno da questão, com alguns republicanos apoiando a transparência e outros tratando o tema como campanha política.

Contexto e limites legais

O caso Jeffrey Epstein ganhou enorme repercussão global, e seu fim em 2019 reacendeu debates sobre privilégios e impunidade das pessoas influentes que frequentavam o círculo do magnata. Investigadores apontam que as regras de grande júri, que mantêm sigilo absoluto, só permitem exceções em situações especiais, como risco à vida de informantes ou evidências de má conduta judicial, critérios que, segundo a juíza Rosenberg, não foram atendidos neste caso específico.

Além da Flórida, existem outras solicitações de liberação de documentos pendentes em Nova York, ligadas ao processo que culminou na condenação de Maxwell por tráfico de menores. Analistas jurídicos afirmam que, mesmo que alguns registros sejam liberados, é pouco provável que tragam revelações surpreendentes, já que os grandes júris geralmente concentram-se em acusações iniciais, sem detalhar toda a investigação.