Juíza barra publicação de arquivos do caso Epstein

O caso Epstein investiga esquema de abuso sexual e pedofilia com presença de celebridades e políticos; Donald Trump é um dos citados

24 jul, 2025
Jeffrey Epstein ao lado de Donald Trump | Reprodução/X/@rollingstone
Jeffrey Epstein ao lado de Donald Trump | Reprodução/X/@rollingstone

Uma juíza federal do estado da Flórida, Robin Rosenberg, negou nesta quarta-feira (23) o pedido feito pelo Departamento de Justiça dos Estados Unidos para divulgar os registros secretos do grande júri relacionados ao caso Jeffrey Epstein, investigado entre 2005 e 2007.

A solicitação havia sido motivada por um compromisso assumido pelo então presidente Donald Trump em aumentar a transparência em relação aos supostos vínculos entre Epstein e figuras poderosas. No entanto, segundo o tribunal, a legislação vigente não permite a liberação desses documentos, já que não foram apresentados argumentos que justificassem exceções ao sigilo do grande júri, conforme exigem as normas do 11º Circuito de Apelações dos EUA.


Trump foi visado de sua menção nos arquivos Epstein (Vídeo: reprodução/YouTube/Joven Pan)

Os procuradores haviam argumentado que o interesse público justificava a divulgação dos depoimentos, citando acusações graves de tráfico sexual e pedofilia envolvendo Epstein. A juíza Rosenberg, porém, concluiu que tais alegações não atendem aos critérios legais para quebrar o sigilo. Com isso, os arquivos permanecerão sob restrição judicial. A decisão pode ser contestada pela administração Trump, que ainda tem recurso pendente em tribunais superiores.

Tensão política e nos tribunais

O caso ganhou contornos políticos sensíveis recentemente, à medida que o presidente Trump e sua base chegaram a tentar excluir os arquivos sobre o escândalo Epstein. A divulgação de que o nome de Trump aparece em documentos do Departamento de Justiça aumentou a pressão pública, embora as autoridades afirmem que não há elementos que indiquem crime ou culpa. A Casa Branca classificou os pedidos como descabidos e reforçou que qualquer menção ao ex-presidente trata-se de contexto investigativo, sem implicações criminais.



Trump está na lista Epstein (Vídeo: reprodução/X/@globonews)

Em paralelo, membros do Congresso, especialmente da Câmara, avançaram com uma comissão que já aprovou, por 8 votos a 2, uma convocação de documentos do DOJ relacionados a Epstein, além de notificar Ghislaine Maxwell, ex-companheira de Epstein, para depor. As resistências internas refletem divisões partidárias em torno da questão, com alguns republicanos apoiando a transparência e outros tratando o tema como campanha política.

Contexto e limites legais

O caso Jeffrey Epstein ganhou enorme repercussão global, e seu fim em 2019 reacendeu debates sobre privilégios e impunidade das pessoas influentes que frequentavam o círculo do magnata. Investigadores apontam que as regras de grande júri, que mantêm sigilo absoluto, só permitem exceções em situações especiais, como risco à vida de informantes ou evidências de má conduta judicial, critérios que, segundo a juíza Rosenberg, não foram atendidos neste caso específico.

Além da Flórida, existem outras solicitações de liberação de documentos pendentes em Nova York, ligadas ao processo que culminou na condenação de Maxwell por tráfico de menores. Analistas jurídicos afirmam que, mesmo que alguns registros sejam liberados, é pouco provável que tragam revelações surpreendentes, já que os grandes júris geralmente concentram-se em acusações iniciais, sem detalhar toda a investigação.

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