Presidente Trump promete acordo para conter escalada no valor da carne bovina nos EUA

O governo de Donald Trump tenta agir diante da escalada no preço da carne bovina, que vem pressionando a inflação e afetando diretamente o bolso dos consumidores americanos. Em meio a críticas e à queda na confiança dos norte-americanos na economia, o presidente afirmou que tem um acordo em fase final que poderá reduzir os custos do produto em breve, mas não revelou detalhes sobre as medidas envolvidas.

Números oficiais divulgados

Segundo o Bureau of Labor Statistics (BLS), o preço médio da carne moída atingiu em agosto o recorde de US$ 6,31 por libra, o equivalente a cerca de R$ 36,50, acumulando alta de 14% desde o início do ano. O aumento supera com folga a inflação geral dos Estados Unidos, que ficou em 2,9% no período, e a dos alimentos vendidos em supermercados, de 2,7%.

Fatores apontados por analistas

Analistas do setor apontam que o principal fator por trás do encarecimento da carne é a escassez de gado, resultado de uma combinação de seca prolongada, aumento de custos de produção e dificuldades de mão de obra. Segundo o Departamento de Agricultura (USDA), o abate semanal de gado entre julho e agosto caiu para o menor nível em dez anos, o que reduziu a oferta no mercado interno. Além disso, as exportações de carne bovina recuaram 19% em julho, somando 95,7 mil toneladas, enquanto as importações cresceram 13% em junho, demonstrando um descompasso que preocupa o setor.


Um "açougue" americano (Foto: reprodução/Bloomberg/Getty Images Embed)

Impactos e possível alívio

A disparada dos preços da carne tem peso simbólico na inflação americana, historicamente sensível ao custo dos alimentos. Em agosto, o índice de preços ao consumidor para produtos alimentícios avançou 0,4% em relação a julho, puxado principalmente pelas carnes e vegetais frescos.

O aumento impacta a percepção pública sobre a economia: segundo pesquisa da Universidade de Michigan, a confiança dos consumidores caiu pelo terceiro mês consecutivo, e as expectativas de inflação para o próximo ano subiram para 4,6%.

Enquanto Trump promete “trabalhar sua mágica” para baixar os preços, economistas afirmam que um alívio duradouro dependerá de condições climáticas mais favoráveis e da recuperação da produção de gado, fatores que estão além do controle imediato do governo.

ONU e União Europeia pressionam Israel em meio à fome e crise humanitária em Gaza

As Nações Unidas e a União Europeia reforçaram o apelo para que Israel facilite a entrada de alimentos e ajuda humanitária na Faixa de Gaza, diante de relatos de mortes por desnutrição. Segundo informações do Hamas, que administra o território, cerca de 20 pessoas morreram de fome nas últimas 48 horas.

O governo israelense nega que a população esteja sofrendo com escassez de alimentos e acusa o Hamas de desviar parte da ajuda destinada aos civis.

Jornalistas em situação crítica

A agência de notícias France Presse (AFP) relatou que seus jornalistas em Gaza enfrentam dificuldades extremas para cobrir o conflito devido à falta de comida e água. Em comunicado divulgado nesta terça-feira (22), a AFP pediu a Israel que autorize a evacuação de seus profissionais e familiares.

“Estamos sem forças devido à fome”, afirmou um dos colaboradores.


Cerca de 1.054 pessoas foram mortas pelo exército de Israel (Vídeo: reprodução/Youtube/@CNNBrasil)

Crise alimentar e aumento de preços

Com a guerra, muitas famílias perderam suas fontes de renda, e os preços dos alimentos básicos dispararam. A farinha, item essencial para a sobrevivência, aumentou cerca de 3 mil vezes, tornando-se inacessível para grande parte da população.

A AFP reforça que a situação de fome em Gaza é crítica, marcada por bloqueios na entrada de mantimentos e pelo colapso do mercado local. “O cenário é o mais grave que já presenciei”, declarou Carl Skow, diretor-executivo adjunto de operações do Programa Mundial de Alimentos (PMA), após visitar o território no início deste mês.

Somente nas últimas 24 horas, 19 palestinos — incluindo crianças — morreram de desnutrição, segundo o Ministério da Saúde de Gaza. Entre as vítimas está Yehia, um bebê de três meses, que faleceu no Hospital Nasser, em Khan Younis. Desde o início do conflito, o número de mortos na Faixa de Gaza ultrapassa 59 mil pessoas, com cerca de 142 mil feridos.


Distribuição de alimentos para os Palestinos em Gaza (Foto: reprodução/Getty Imagens Embed/Anadolu)

Tiroteio durante entrega de ajuda

No domingo (20), uma multidão aguardava caminhões da ONU com suprimentos no norte de Gaza. Um dos veículos foi interceptado por moradores, que levaram sacos de farinha.

Testemunhas relataram que civis levantaram as mãos quando soldados israelenses começaram a atirar, mas os disparos continuaram, segundo a correspondente da BBC em Jerusalém, Yolande Knell. O PMA informou que houve ação de franco-atiradores e disparos de tanques, resultando na morte de ao menos 67 pessoas.

O exército israelense nega essa versão e afirma que suas tropas reagiram a uma “ameaça imediata”, efetuando tiros de advertência. A corporação divulgou imagens mostrando soldados de pé enquanto uma multidão cercava um caminhão de ajuda já vazio.