Pesquisadores de diversas instituições, incluindo a Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), realizaram uma descoberta significativa sobre o vírus chikungunya, revelando sua capacidade de disseminação pelo sangue, afetando múltiplos órgãos e causando danos cerebrais. Publicado na revista científica Cell Host & Microbe, o estudo destacou que o vírus pode ultrapassar a barreira que protege o sistema nervoso central, enfatizando a necessidade de revisão dos protocolos de tratamento e vigilância da doença.
Os resultados do estudo, que contou com a colaboração de uma equipe multidisciplinar, evidenciaram a presença do vírus em amostras de líquido cefalorraquidiano, indicando sua capacidade de atingir o sistema nervoso e potencialmente causar danos cerebrais. Além disso, foram identificadas outras alterações no corpo dos pacientes infectados, como problemas na circulação sanguínea, fragilidade vascular, desequilíbrio imunológico e excesso de líquido nos órgãos.
Mais sobre a pesquisa
A pesquisa, realizada no estado do Ceará, um dos mais afetados pelo vírus no Brasil, destacou a mudança no padrão de sintomas observados nos pacientes. Anteriormente, a chikungunya era caracterizada por uma doença febril aguda, com sintomas como dor e inchaço articular. No entanto, os pesquisadores notaram um aumento na gravidade dos casos, com uma frequência maior de sintomas graves e até mesmo fatais, que anteriormente eram considerados incomuns.
Essas descobertas ressaltam a importância de monitorar de perto os pacientes, mesmo após a fase aguda da infecção, devido ao risco de complicações neurológicas e outros danos orgânicos. Além disso, apontam para a necessidade de uma abordagem mais abrangente no tratamento e na prevenção da chikungunya, incluindo uma compreensão mais profunda dos mecanismos de disseminação do vírus e seus efeitos no organismo humano.
A dengue pode ter consequências sérias (Foto: reprodução/CNN Brasil)
Avanço na identificação
O estudo representa um avanço significativo no entendimento da chikungunya e destaca a importância da colaboração entre diferentes disciplinas científicas para enfrentar desafios de saúde pública mais complexos.
“A grosso modo, mesmo nos pacientes em que ela se cronifica, ela tende a se resolver sozinha e não é tão grave em termos de óbitos. Porém, percebemos que tinha um padrão e que a taxa de óbito não era tão baixa assim”, detalha o estudo.
Ao identificar novos padrões de sintomas e complicações associadas à doença, os pesquisadores fornecem insights valiosos que podem orientar estratégias de prevenção e tratamento mais eficazes, contribuindo para a mitigação do impacto desta doença debilitante em comunidades afetadas.
Foto destaque: Estudos sobre a dengue avançam e tem mostrados resultados que liguem a saúde cerebral (Reprodução/Agência Brasil)
