O Sistema Único de Saúde (SUS) aprovou recentemente a utilização da membrana amniótica, uma estrutura derivada da placenta humana, como curativo biológico no tratamento de lesões cutâneas provocadas por queimaduras.
A técnica, que já vinha sendo empregada de forma pioneira em alguns hospitais públicos de São Paulo, demonstrou resultados expressivos na aceleração da cicatrização e na redução de complicações.
O novo método vai estar disponível após que a divulgação da regulamentação pelo ministério da saúde, definindo quem poderá receber esse tratamento, quais serão os critérios para doação da membrana amniótica e quais instituições estarão capacitadas para retirar, armazenar e utilizar a membrana.
Proteção, regeneração e menos dor
A membrana amniótica corresponde à camada mais interna da placenta, responsável por envolver e proteger o feto durante a gestação. Após o parto, esse tecido é cuidadosamente processado, esterilizado e preparado para uso clínico. Quando aplicada sobre a superfície lesionada, a membrana funciona como uma barreira biológica, diminuindo a perda de líquidos, evitando infecções e estimulando a regeneração celular.
SUS aprova uso de parte da placenta como curativo natural para tratar queimaduras; veja como técnica funciona.
— Jornal Nacional (@jornalnacional) June 1, 2025
Técnica já é usada em vários países há décadas, mas só era autorizada no Brasil para pesquisa.
Confira: https://t.co/IEkloOUFQn #JN pic.twitter.com/il3O2mRtrW
SUS aprova uso de parte da placenta como curativo natural para tratar queimaduras (Vídeo:Reprodução/X/@jornalnacional)
Além das propriedades cicatrizantes, o material possui efeitos anti-inflamatórios e analgésicos, que ajudam a reduzir a dor e acelerar a recuperação do paciente. Por ser um material biológico e natural, há um baixo risco de rejeição imunológica, tornando a terapia mais segura e eficaz.
Tratamentos alternativos
Nos últimos anos, vários métodos naturais tem sido testados no tratamento de queimaduras em todo o território brasileiro, visando aprimorar técnicas e melhorar a eficácia dos atendimentos para essas ocorrências.
Em Pernambuco, através do cirurgião plástico Marcelo Borges, surgiu a ideia de usar a pele de tilápia como método de tratamento para queimaduras. Com o financiamento conseguido com a ajuda do também cirurgião plástico Edmar Maciel, do Ceará, foram realizados estudos sobre o novo recurso terapêutico.
Em tratamento inédito, hospital do RJ trata queimaduras com pele de peixe (Vídeo:Reprodução/Youtube/Fala Brasil)
A iniciativa de Marcelo e Edmar ganhou repercussão internacional, sendo inclusive retratada em seriados como Grey’s Anatomy, The Good Doctor, The Resident e One Piece.
Avanços, benefícios e expansão da técnica
A incorporação dessa metodologia pelo SUS representa um importante avanço na assistência pública em saúde, especialmente no tratamento de queimaduras graves. A técnica não apenas proporciona melhores resultados clínicos, mas também contribui para a redução do tempo de internação e, consequentemente, para a diminuição dos custos hospitalares.
Especialistas defendem que a ampliação da prática depende da integração com bancos de tecidos e do incentivo à doação de placentas após o parto, garantindo a disponibilidade do material. Com a aprovação nacional, a expectativa é de que mais unidades de saúde em diferentes regiões do país passem a adotar o curativo biológico, beneficiando um número crescente de pacientes com queimaduras.
A decisão também fortalece a posição do Brasil como um dos países que investem em terapias inovadoras e sustentáveis no campo da medicina regenerativa.
Foto destaque: Profissional de saúde segurando placenta (Reprodução/X/@metropoles)