Há a implementação de um novo protocolo para a administração da vacina contra o HPV. A partir de agora, o país adotará um esquema de dose única para a vacinação de crianças e adolescentes entre 9 e 14 anos. Essa atualização segue as diretrizes estabelecidas pela Organização Mundial da Saúde (OMS) ao concluir que uma única dose é suficiente para conferir proteção substancial contra o vírus
A medida foi anunciada pela Ministra da Saúde, Nísia Trindade, e visa simplificar o processo de vacinação, além de aumentar a cobertura vacinal entre o público jovem. Para grupos específicos, como indivíduos imunossuprimidos e vítimas de violência sexual, o esquema de vacinação anterior, que pode incluir até três doses, permanecerá em vigor.
A nova política também visa incentivar os jovens a se vacinarem (Foto: Reprodução/Anchiy/GettyImages Embed)
Além disso, a nota técnica do ministério expandiu o alcance do Programa Nacional de Imunizações (PNI) para incluir pessoas com papilomatose respiratória recorrente (PPR) de todas as idades. A vacinação gratuita está disponível no Sistema Único de Saúde (SUS) para meninas e meninos de 9 a 14 anos, pessoas de 9 a 45 anos com condições clínicas especiais, vítimas de abuso sexual e portadores de PPR.
Relato de especialista
Segundo o vice-presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm), a evidência acumulada de estudos fornece uma base sólida para a adoção do esquema de dose única, uma prática já implementada em outros países como Reino Unido e Austrália.
A vacinação contra o HPV é um marco crucial na saúde pública e é essencial não só para as mulheres, mas também para os homens, pois interrompe a transmissão do vírus e oferece proteção contra outros tipos de câncer, como os de pênis, ânus, vagina, vulva orofaringe. Mais de 80% da população será exposta ao HPV em algum momento da vida, e embora nem todas as infecções levem ao câncer, a prevalência do vírus é alta entre aqueles que já iniciaram a vida sexual.
A abrangência de proteção da vacina
Existem aproximadamente 200 tipos de HPV, com cerca de 20 deles associados ao risco de desenvolver câncer. No Brasil, o Sistema Único de Saúde (SUS) oferece a vacina quadrivalente, que protege contra os tipos 6 e 11, causadores de 90% das verrugas genitais, e os tipos 16 e 18, responsáveis por quase 70% dos casos de câncer cervical. Além disso, a vacina nonavalente, disponível no setor privado, amplia a proteção contra outros cinco tipos de HPV, cobrindo quase 90% dos cânceres cervicais.
A vacinação em massa e o rastreamento eficaz podem transformar a realidade do câncer cervical, erradicando a doença que representa uma ameaça significativa à saúde das mulheres no Brasil. Este tipo de câncer é o terceiro mais comum entre as mulheres brasileiras, excluindo-se os tumores de pele não melanoma. A estratégia de eliminação do câncer cervical envolve não apenas a vacinação, mas também o rastreamento e o tratamento precoce das lesões pré-cancerosas.
Foto destaque: Dose única de vacina contra o HPV entre jovens brasileiros (Reprodução/Elva Etienne/GettyImages Embed)