Nos últimos anos, é debatido sobre a pobreza menstrual e o direito de menstruar, sendo digno, seguro e com acesso. Recentemente, saiu um estudo do Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) onde o número de pessoas que menstruam e não têm condições para comprar absorvente chega a quase 19%.
Conforme a oficial de participação de adolescentes do UNICEF no Brasil, Gabriela Monteiro afirma, o debate se tornou mais recorrente após um estudo realizado em 2021, na pandemia, onde relatava as desigualdades enfrentadas por adolescentes e meninas que menstruam.
77% dos entrevistados alegam constrangimento ao estarem menstruados nos lugares públicos (Foto: reprodução/Getty Images Embed/AN Studio)
Constrangimento e falta de acesso
Segundo o estudo, os adolescentes entrevistados já sentiram constrangimento ao estarem menstruados nas escolas e espaços públicos. O percentual é de 77%. Esse constrangimento afeta a mobilidade social nesses lugares, podendo causar consequências negativas, como a evasão escolar e dificuldades nas participações em atividades sociais.
Entretanto, a pesquisa também revela que 6 em cada 10 entrevistados já deixaram de ir à escola ou ao trabalho devido à menstruação e 86% alguma vez não fizeram atividade física.
Além disso, a oficial destaca a responsabilidade que a pobreza menstrual atinge, como uma violação de direitos femininos e desafios para uma dignidade menstrual inclusiva. Com isso, Monteiro alerta que, além da falta de acesso ao absorvente, também inclui a falta de informações ao tema, um ambiente sem constrangimento e uma infraestrutura higiênica adequada.
Pobreza menstrual
A especialista afirma que a pobreza menstrual é um problema complexo. O tema atravessa questões raciais e classes sociais, onde exige políticas mais rígidas e inclusivas para garantir uma dignidade menstrual pelo Brasil.
Em meio às enchentes do RS, a pedido do Governo Federal, a UNICEF ajuda as crianças e adolescentes do Estado, incluindo um kit específico para menstruação. Além dessa função, há um projeto ainda em tramitação, proposto pela Deputada-SP Erika Hilton, que promete absorventes para mulheres em contexto de calamidade.
Foto Destaque: Mais de 15% de pessoas não tem condições para comprar absorventes no Brasil (Reprodução/Getty Images Embed/Aflo Images)