Saúde

Grande uso de bombinhas pode aumentar o risco de crise de asma

Um estudo recente realizado no Brasil aponta para os riscos significativos associados ao uso excessivo de bombinhas do tipo SABA, prescritas para o alívio rápido dos sintomas de asma

22 Mai 2024 - 10h39 | Atualizado em 22 Mai 2024 - 10h39
Grande uso de bombinhas pode aumentar o risco de crise de asma Lorena Bueri

Um estudo recente trouxe à luz a problemática do uso excessivo e inadequado das bombinhas de asma, conhecidas como SABA (beta2 agonista de curta duração), e como isso pode aumentar significativamente o risco de reações graves à doença. Os SABA, que no estudo revelou prescrição excessiva de medicamentos para asmas ao serem administrados, atuam como broncodilatadores de rápida ação, facilitando a passagem de ar pelos brônquios durante um episódio de crise asmática. 

No entanto, na pesquisa feita pelo estudo geral mundial chamado SABRINA, evidenciou que quando usadas de forma exagerada ou incorreta, essas bombinhas podem levar a complicações sérias, alertando para a necessidade de uma prescrição e uso mais consciente e dirigido. 

Impactos do uso excessivo de bombinhas de asma no Brasil 

A prescrição excessiva de bombinhas para o tratamento imediato da asma tem ganhado atenção no Brasil devido aos seus efeitos a longo prazo na saúde dos pacientes. Esse tipo de tratamento, embora eficaz na rápida diminuição dos sintomas, não deve ser indicado como a única terapia para controlar a doença cronicamente. O abuso dessa abordagem tem levado a um ciclo vicioso de dependência desses medicamentos inalatórios, que, ao não atuar na raiz do problema, frequentemente resulta na necessidade de recorrer a corticosteroides orais. Estes, por sua vez, estão associados a uma série de efeitos colaterais indesejáveis e riscos à saúde a longo prazo. 

Asma

A situação é ainda mais agravada por fatores ambientais e genéticos, que desempenham um papel crucial no desenvolvimento e progressão da asma, uma das doenças respiratórias mais comuns no país, caracterizada por dificuldade de respirar, chiado e aperto no peito. Considerando essa realidade, torna-se evidente a necessidade de revisão das práticas de prescrição e um foco maior em abordagens integrativas e preventivas no manejo da asma, visando o bem-estar e a qualidade de vida dos pacientes.


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Doutor Drauzio Varella explica o que é asma (Vídeo: Reprodução/YouTube/Drauzio Varella)


Estudo revela prescrição excessiva de medicamentos para asma

O estudo analisou 218 pacientes asmáticos, trouxe à tona a preocupação com a prescrição excessiva de SABAs (broncodilatadores de curta duração), revelando um uso médio de 11,2 frascos por ano por paciente. Surpreendentemente, 71,4% dos participantes receberam prescrições de três ou mais frascos, enquanto 42,2% foram instruídos a usar dez ou mais frascos no período de 12 meses. Tal prática levanta questões significativas, principalmente porque 49,1% desses pacientes sofreram uma ou mais exacerbações graves da doença, sugerindo que o uso frequente de SABA pode agravar a inflamação associada à asma. 

Essa tendência de prescrição desvia-se consideravelmente das recomendações da literatura médica, indicando um padrão preocupante que pode obscurecer a percepção da gravidade da asma e potencialmente exigir tratamentos ainda mais agressivos. As conclusões do estudo, liderado por Marcelo Rabahi, professor de pneumologia da Faculdade de Medicina da UFG, ressaltam a necessidade urgente de revisão das práticas de prescrição, priorizando abordagens que evitem o uso excessivo de SABAs e, por conseguinte, minimizem os riscos de exacerbações graves da doença.

O impacto do uso das bombinhas SABA na saúde dos pacientes com asma

Na busca pelo controle da asma, a diferenciação entre o alívio imediato dos sintomas e o tratamento eficaz da doença se mostra fundamental. As bombinhas do tipo SABA, embora essenciais para o alívio rápido durante um episódio agudo, não devem ser vistas como uma solução de longo prazo para o manejo da asma. Esses dispositivos, por serem compostos exclusivamente por broncodilatadores de curta duração, focam apenas no sintoma emergencial, sem abordar a inflamação subjacente dos brônquios, cerne da questão asmática. Por outro lado, o uso de bombinhas com corticoides inalatórios surge como uma estratégia crucial para o tratamento a longo prazo, atuando diretamente sobre a inflamação e prevenindo as crises. A conscientização sobre a importância de adotar as diretrizes clínicas recomendadas, sob orientação de profissionais de saúde, torna-se, portanto, um pilar para o controle efetivo da asma, mitigando a dependência excessiva das bombinhas SABA e promovendo um tratamento mais adequado e seguro.

Avanços no tratamento da asma e impacto nas recomendações médicas

Desde 2019, a Iniciativa Global pela Asma (GINA) mudou significativamente a abordagem no tratamento da asma, recomendando a combinação de broncodilatadores com corticoides inalatórios, uma decisão refletida também pela Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia (SBPT) em 2020, que desaconselhou o uso de monoterapia com SABA devido aos seus riscos aumentados para crises asmáticas. 

Essas recomendações surgiram após a consolidação de evidências que demonstram que o uso combinado desses medicamentos pode reduzir consideravelmente os riscos apresentados pela monoterapia com SABA. A nova diretriz ressalta não apenas a importância de adotar tratamentos mais eficazes e seguros, mas também destaca a necessidade de melhorar o acesso dos pacientes a esses tratamentos. 

Foto Destaque: Uso excessivo de bombinhas para asma pode desencadear mais crises (Reprodução/Bymuratdeniz/Getty images Embed)

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