Muitas das pessoas que contraem o coronavírus se recuperam completamente dentro de algumas semanas. Mas algumas delas - mesmo as que tinham versões leves da doença - continuam apresentando sintomas após a sua recuperação inicial. Tais problemas de saúde são por vezes chamados de "condições pós-COVID-19". Eles são geralmente considerados efeitos da doença que persistem por mais de quatro semanas depois que a pessoa foi diagnosticada com o vírus.
Com base nas manifestações clínicas e de imagem extensivamente documentadas da infecção aguda por COVID-19, pesquisadores desenvolveram categorias que classificam padrões de acordo com a probabilidade de apresentarem infecção pelo vírus.
Além disso, amostras de líquido traqueal aspirado de pessoas internadas com casos graves foram analisadas por observadores científicos brasileiros entre a metade de 2020 e o início de 2021 e, a partir delas, novos relatórios foram publicados na revista científica "Biomolecules", a fim de estender os detalhes acerca dos sintomas e abrir novas possibilidades no tratamento da doença.
Ao identificarem o aumento da atividade enzimática, os pesquisadores detectaram que a alta quantidade de enzimas influencia diretamente no processo de inflamação exacerbada dos pulmões e na alteração das funções dos órgãos.
De acordo com os resultados, foi notado nos pacientes com a COVID-19 um aumento na contagem de neutrófilos, que são glóbulos que constituem a primeira linha de reconhecimento e defesa contra agentes infecciosos no tecido, tradicionalmente iniciam uma inflamação aguda e são responsáveis por uma resposta imune pró-inflamatória eficaz.
Análise de imagem dos pulmões de um paciente. (Foto: Reprodução/Bigstock)
Muitas pessoas que se recuperam da COVID-19 sofrem de sintomas em longo prazo de danos pulmonares, incluindo falta de ar, tosse, fadiga e capacidade limitada de exercício. A COVID-19 pode provocar inflamação nos pulmões devido à infecção e à reação do sistema imunitário.
Em casos mais graves, os pulmões podem ficar com cicatrizes. A cicatriz causa rigidez nos órgãos, o que pode dificultar a respiração e levar oxigênio à corrente sanguínea, resultando em falta de ar a longo prazo e dificuldade em gerenciar tarefas diárias. A inflamação pode melhorar com o tempo, mas em algumas pessoas persiste. Essa inflamação e cicatriz nos pulmões é chamada de "doença pulmonar intersticial".
De acordo com Carlos Arterio Sorgi, professor do Departamento de Química da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto, da Universidade de São Paulo (USP), e um dos autores do estudo, os próximos passos da pesquisa pretendem buscar inibidores de reversão do quadro grave de COVID-19, a partir de testes variados. “Vamos precisar começar do zero. A ideia é montar um novo projeto, incluindo parcerias com grupos internacionais, para trabalhar com o modelo animal e depois a aplicação clínica”, afirma o professor.
Foto destaque: Pesquisas acerca dos efeitos do vírus. Reprodução/Walterson Rosa/MS.