Saúde

Cientistas analisam medicamentos para frear envelhecimento dos ossos e músculos de pessoas com HIV

Os pesquisadores esperam que seu trabalho ajude a ajustar os medicamentos existentes para reduzir seus efeitos que contribuem para o envelhecimento ou fornecer uma terapia que interrompe o envelhecimento acelerado.

24 Mai 2023 - 21h38 | Atualizado em 24 Mai 2023 - 21h38
Cientistas analisam medicamentos para frear envelhecimento dos ossos e músculos de pessoas com HIV Lorena Bueri

Cientistas da Universidade de Augusta, nos Estados Unidos, estão analisando drogas estudadas em ensaios clínicos para o câncer para ajudar a frear o envelhececimento dos ossos e músculos de pessoas com HIV.

Os coquetéis antirretrovirais, utilizados no tratamento da doença, impedem o processo de replicação viral podendo tornar o vírus indetectável e instrasmisível, além de também reduzir a carga viral. Contudo, tanto o vírus quanto o tratamento podem acelerar o envelhecimento dos ossos e músculos, por isso os pesquisadore norte-americanos estão estudando meios de frear esse processo.

Meghan McGee-Lawrence, engenheira biomédica da Universidade de Augusta, disse em  comunicado que “essas drogas estão fazendo o que deveriam, estão estendendo a vida útil.” Agora, disse a engenheira, “o que precisamos fazer é lidar com os efeitos colaterais para que você possa estender o tempo de saúde e a vida útil”.

Os cientistas estudam o triptofano, um aminoácido essencial, importante para o metabolismo. A indoleamina è uma enzima natural que ajuda a quebrar o triptofano em produtos utilizáveis como a quinurenina, associada à produção de combustível para as nossas células. Com a idade, os níveis de triptofano tendem a diminuir, enquanto aumenta os níveis da indoleamina.

Esse processo resulta em uma maior conversão do triptofano disponível em quinurenina, que é conhecido por ativar o receptor de hidrocarboneto aril (AhR). Normalmente, o AhR tem um papel bastante global, ajudando a perceber o que está acontecendo no ambiente do corpo e fazendo os ajustes necessários, inclusive na resposta imune e na expressão gênica, regulação da glicose e remoção de toxinas. segundo os cientistas, este “receptor já é altamente expresso em células ósseas e musculares e é considerado como tendo um papel fundamental no envelhecimento e na expectativa de vida”.

Com a produção mais alta de quinurenina, mais altos são os níveis produzidos de estresse oxidativo destrutivo, que danifica usinas celulares para que nossas células não obtenham toda energia de que precisam, aumenta a inflamação e geralmente envelhece nossos ossos e músculos.


Cientistas analisam medicamentos para frear envelhecimento dos ossos e músculos de pessoas com HIV (Foto: Reprodução/Pixabay)


Os pesquisadores, recentemente, também perceberam que essas dinâmicas relacionadas ao envelhecimento podem aumentar o estresse oxidativo e induzir o processo de envelhecimento, chamado senescência, nas células-tronco da medula óssea, que produzem células ósseas e musculares.  Com a senescência, as células normalmente não morrem, mas param de funcionar de forma ideal ou sua função pode mudar e pode começar a secretar muitos fatores inflamatórios. Os problemas com estresse oxidativo e senescência provavelmente resultam dos medicamentos antirretrovirais que afetam as usinas celulares, ou mitocôndrias, de modo que não funcionam de forma eficiente.

Segundo Hamrick, especialista em envelhecimento da Universidade, o resultado final “é a aceleração do envelhecimento em cerca de uma década, observando que outros aspectos, como o declínio cognitivo, também parecem afetados.” O especialsta também afirma que, apesar da clara eficácia dos antirretrovirais atuais contra o HIV, ainda há um nível de inflamação nos pacientes que parece estar aumentando os níveis de quinurenina.

Portanto, os especialistas buscam meios para intervir no processo de composição que produz o enfraquecimento do organismo de maneira precoce. Eles têm evidências de que, por exemplo, marcadores de atrofia muscular, perda óssea e ativação de AhR estão todos aumentados em seu modelo de camundongo de infecção por HIV. Por outro lado, eles têm evidências iniciais de que eliminar o AhR ou inibi-lo com drogas aumenta a saúde e força muscular e óssea em testes com os animais. Eles estão analisando tanto o impacto dos inibidores da indoleamina quanto os medicamentos que inibem diretamente o AhR. 

Os novos estudos também testam a hipótese principal de que a ativação excessiva do AhR é a chave para a perda óssea e muscular que ocorrem com o envelhecimento e para a aceleração dos problemas com a infecção e o tratamento do HIV.

Esperamos identificar alguns novos alvos para prevenir a perda muscular e óssea com o envelhecimento”, disse o cientista.

Os pesquisadores esperam que seu trabalho ajude a ajustar os medicamentos existentes para reduzir seus efeitos que contribuem para o envelhecimento ou fornecer uma terapia adjuvante para pessoas com HIV que interrompe o envelhecimento acelerado.

 Foto Destaque: Remédios. Reprodução/Pixabay.

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