Saúde

Alzheimer: estudo avalia tratamento para fases iniciais da doença

Estudo da farmacêutica Eli Lilly mostra medicamento capaz de atrasar a progressão da Doença de Alzheimer em até quatro meses; resultados são possíveis somente em pacientes com comprometimento cognitivo leve.

31 Jul 2023 - 22h30 | Atualizado em 31 Jul 2023 - 22h30
Alzheimer: estudo avalia tratamento para fases iniciais da doença  Lorena Bueri

As cerca de 35,6 milhões de pessoas diagnosticadas com Alzheimer no mundo não veem novos tratamentos para a doença há mais de duas décadas. Não é como se elas não existissem. Testes foram feitos em centenas de pacientes, mas sem demonstrar qualquer avanço. A esperança retornou somente em 2021, com a aprovação do medicamento aducanumabe para demência em estágio inicial pela Food and Drug Administration (FDA), e pouco depois, em 2023, com a chegada do remédio lecanemabe na américa – apesar de ambos não terem adentrado o território brasileiro.

Desde o anúncio destes remédios, o cenario dos tratamentos de Alzheimer se mostra em crescente progressão e, resultados positivos do anticorpo donanemabe (Eli Lilly) - apresentados na Conferência Internacional da Associação de Alzheimer de 2023 - oficializam uma década de esperança.

Responsável por retardar o avanço da doença, o donanemabe atua na expulsão da principal causa da Doença de Alzhimer, a proteína chamada beta-amiloide – que ao acumular nos espaços entre os neurônios e se juntar a proteína TAU, resulta na morte dos neurônios e, por conseguinte, o aparecimento de sintomas como o esquecimento.


Cérebro saudável (à esquerda) e cérebro com Alzheimer (à direita)

Cérebro saudável (à esquerda) e cérebro com Alzheimer (à direita) - (Foto: reprodução/Folha de São Paulo)


Prós: avanços no tratamento e diagnósticos

Apesar de promissor, os testes com o donanemabe e outros anticorpos monoclonais – como o lecanemabe - não foram bem-sucedidos nos primeiros fármacos. Entretanto, auxiliaram os estudiosos a entender em que fase da doença as pessoas apresentariam melhoras consideráveis, ou seja, durante a fase demência inicial ou de declínio cognitivo leve.

A única questão seria como identificar a doença e, portanto, a presença da beta-amiloide em indivíduos que sequer possuem sintomas claros. Essa dúvida fez com os diagnósticos, antes obtidos por questionário e avaliação médica, pudessem ser demonstrados por tecnologias mais precisas, como um exame sangue, de imagem e, até mesmo, um que avalia o plasma sanguíneo em busca da doença.

Apesar destes exames estarem restritos as pesquisas norte americanas no momento, o médico Ricardo Nitrini garante que “com certeza eles estarão disponíveis para a pesquisa e para a prática clínica em breve no Brasil".

Contras: resultados leves, efeitos colaterais e custo alto

Feito com 1736 pessoas diagnoticadas com demência inicial, um teste do donanemabe submeteu, por um ano e meio, a metade dos voluntários ao medicamento, quanto a outra metade consumia placebo.

Os resultados demonstraram que os anticorpos monoclonais conseguiram retardar a evolução do Alzheimer, de maneira moderada. De acordo com o neurologista Fábio Porto, com o tratamento “foi possível atrasar a progressão das fases da doença de Alzheimer em cerca de quatro a seis meses".

O atraso da doença, contudo, não foi o único efeito gerado pelos anticorpos. O estudo demonstrou efeitos colaterais do donanemabe, como reações relacionadas à infusão do remedio, além do surgimento de inchaço e pequenas hemorragias no cérebro.

Perante os testes, foi possível identificar que os resultados negativos se intensificam em pacientes com uma variante específica do gene chamado APOE.

"Possivelmente, no uso clínico, será recomendado fazer um teste genético antes de tomar a decisão sobre fazer ou não o tratamento", afirma Nitrini.

Outro ponto negativo do donanemabe é o mesmo de todos os tratamentos inovadores, o custo elevado. Apesar da farmacêutica dizer que, como o medicamento ainda não foi aceito em nenhum país, ainda não se pode afirmar qual será seu preço, através do histórico de tratamentos semelhantes é possível ter uma ideia do valor.

Sabe-se que o aducanumabe, aprovado em 2021, é vendido por US$ 28 mil (R$ 132 mil) por ano nos EUA, enquanto o lecanemabe custa US$ 26,5 mil (R$ 123 mil) ao ano.

"Na nossa Constituição está escrito que ‘saúde é direito do povo e dever do Estado'. Este é um problema numa época em que os tratamentos são caríssimos", enfatiza Ricardo Nitrini.

Mesmo sendo aprovado e com um custo acessível, o donanemabe estará disponível somente para pacientes com demência inicial. Entretanto, o médico Nitrini acredita que outras pesquisas ainda possam analisar as diferentes causas da Doença de Alzheimer – como a proteína TAU -, em prol de expandir os avanços e adapta-los a cada caso.

Foto destaque: pessoa idosa. Reprodução/InstitutoVivaMais

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