Nova decisão do CFM proíbe uso de anestesia por tatuadores no país

Entidade publicou determinação nesta segunda-feira (28); ação visa evitar risco de toxicidade ocasionado por metais presentes nas tintas e inflamações

28 jul, 2025
Tatuagem | Reprodução/Freepik
Tatuagem | Reprodução/Freepik

O Conselho Federal de Medicina (CFM) proibiu nesta segunda-feira (28) o uso de anestésicos para a realização de tatuagens no Brasil. A norma que determina a proibição foi publicada no Diário Oficial da União (DOU) e já está em vigência.

Essa ação busca preservar a saúde dos pacientes e seguir os padrões éticos do exercício médico.

Entenda o que diz a norma

Conforme estabelece a norma, os médicos estão proibidos de executar qualquer procedimento de sedação para realização de tatuagens, independente da dimensão ou localização do corpo.

A exceção aplica-se somente em situações indicadas por médico, como na pigmentação da aréola mamária, muito utilizada após cirurgias complexas, como no câncer de mama, quando é necessária a retirada da aréola.


Sessão de tatuagem em estúdio (Foto: reprodução/Lourdes Balduque/ Getty Images Embed)

Alerta sobre riscos invisíveis

O relator da norma, Diogo Sampaio, mostrou-se preocupado com o elevado número de anestesiologistas em casos não terapêuticos, o que é considerado grave devido à falta de segurança e por risco de toxicidade ocasionado por metais presentes nas tintas, e manifestações inflamatórias.

O uso de anestesia para permitir tatuagens que não teriam viabilidade sem suporte anestésico eleva o risco de absorção sistêmica de metais pesados como cádmio, chumbo, níquel e cromo, além de reações inflamatórias persistentes e até risco carcinogênico”, disse o conselheiro Diogo Sampaio sobre a medida.

A norma destaca que o uso de anestésicos deve ser realizado apenas em espaços de saúde com infraestrutura apropriada para atendimento emergencial. Estúdios de tatuagem, conforme o conselho, ficam fora dos parâmetros exigidos.

Em 2024, foi realizado um estudo na Universidade Lund, na Suécia, e publicado na revista eClinicalMedicine a primeira pesquisa sobre tatuagens e linfomas (câncer que se origina nos linfócitos) foram analisados cerca de 1,4 mil casos do diagnóstico confirmado entre 2007 e 2017 e realizaram a comparação com 4,2 mil pessoas com a saúde preservada.

Descobrimos que o risco de desenvolver linfoma era 21% maior entre as pessoas tatuadas. Os resultados agora precisam ser verificados e investigados em outros estudos”, comentou Christel Nielsen, a responsável por comandar a pesquisa.

A realização de anestesia fora dos padrões médicos, além de comprometer a saúde clínica de cada paciente, também contraria os preceitos éticos e configura crime conforme o Código Penal.

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